A Turquia e a Síria e a hipocrisia ocidental. Afinal vai ou não o Ocidente abandonar o apoio a dois países destruídos por um violento sismo, quando é sabido, por dados oficiais da ONU, que existem mais de 100 mil pessoas desaparecidas, a maioria delas soterradas sob os escombros das vilas e cidades turcas e sírias destruídas pelo tremendo sismo (e pela aldrabice e corrupção na construção civil local)? Ou o Ocidente não vai conseguir reunir recursos financeiros para acudir a um drama social e humano que afecta, também segundo a ONU, mais de 25 milhões de pessoas que vivem em condições miseráveis? Ou para a Ocidente, na sua hipocrisia costumeira, a prioridade financeira resume-se a continuar a desviar milhões para serem espatifados em armamento de ponta a enviar para a Ucrânia alimentando uma guerra infindável, perigosa, claramente abandalhada e que está a destruir aos poucos a Europa e o Ocidente de uma maneira geral?
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Catarina Martins abandona a liderança do
Bloco de Esquerda. Tardiamente diga-se, demorou tempo demais, quando todos
perceberam que as eleições de Janeiro de 2022 quase reduziram a escombros um
partido pequenote que percebeu tarde demais que ser “sopeiro” do PS, acabaria
por beneficiar o mais forte. O problema das coligações, eleitorais ou
parlamentares, é o mesmo de sempre: enquanto podem, os pequenotes saltitam na
sua insignificância, falam mais alto, esbracejam para serem notados, ameaçam,
pressionam, chantageiam, tudo em nome da venda da teoria que são mais
importantes do que realmente são. O que se passou com Catarina Martins quando
anunciou a não recandidatura à liderança de um Bloco esmagado nas urnas, graças
a uma sucessão de erros políticos da liderança ainda em funções, é exemplo
disso. Glorificou o Bloco, enumerou uma série de medidas chamando a si a
paternidade delas - estamos a falar do tempo da defunta geringonça - como se
não fosse o PS a governar e como se o Bloco fosse afinal o maestro da
orquestra…socialista. Alguém acreditava nisso? A principal cedência do PS,
quiçá a mais importante, foi a reversão da privatização de uma quase falida
TAP, que continua hoje a braços com uma sucessão de escândalos e com uma sobrevivência
ameaçada, apesar da empresa ter recebido do Estado, em 20 anos, mais de 5 mil
milhões de euros. Uma reversão exigida para que PCP e Bloco continuassem a
"mandar" na empresa através dos sindicatos que dizem controlar (?),
já que ambos os partidos estão há anos empenhados numa guerra surda no
sindicalismo, estranhamente limitado a sectores públicos. Aliás este
sindicalismo político-partidário, resume-se a isso mesmo, ao controlo dos
sindicatos afectos ao sector público.
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Depois de Luis Miguel Sousa ter conseguido inverter,
em plena comissão de inquérito constituída no âmbito da ALRAM, as expectativas
iniciais e sair por cima, longe do "massacre" que alguns, mais dados
à idiotice, anteviam - o mesmo desfecho verificou-se, de forma ainda mais evidente
e acentuada, com a audição do empresário Avelino Farinha - retive da presença
deste naquela Comissão, uma frase que diz o que muitos consideram ser uma
triste realidade própria de uma terra de pequena dimensão, onde tudo é motivo
para o enxovalho, muitas vezes estimulado pela inveja e pelo ajuste de contas
pessoal: "Na Madeira, o madeirense com sucesso é visto como um ladrão.
A este propósito, acho que esta Comissão de
Inquérito começou de forma errada, e não percebo como é que isso foi possível.
Sabendo-se que há uma causa - declarações de um ex-deputado que precisava
esclarecê-las - para a constituição desta Comissão de Inquérito, como é
possível que a primeira pessoa a ser ouvida pelos deputados não tenha sido o
autor daquelas declarações. Há coisas que eu não entendo, mas esse deve ser um
problema meu. O de não ver o "puzzle"! (LFM, texto de opinião publicado no Tribuna da Madeira, 3.3.2023)
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