Esta
semana fomos confrontados com um enigma (Biden) e duas notícias perigosas para
a causa ucraniana (esmorecimento dos apoios aos refugiados), mas que eram
esperadas, dado que a vida dos europeus se agravou demasiado, em grande medida
devido ao impacto da guerra e ao perigoso ricochete - que Bruxelas desvalorizou
ou nem sequer avaliou - causado pelas sanções aplicadas à Rússia, relativamente
às quais os efeitos não são visíveis. Pelo menos a um nível capaz de manter
mobilizado o apoio dos europeus e a sua aceitação dos sacrifícios impostos
pelos governos europeus cada vez mais preocupados com o prolongamento no tempo
de uma situação insustentável.
Falo
das notícias, veiculadas pelo jornal francês Le Monde, segundo as quais
"na Europa Central, a generosidade para com os refugiados ucranianos está
diminuindo" e de outra dando conta que na Polónia - país mais importantes
no acolhimento de refugiados ucranianos, constata-se "uma crescente fadiga
na ajuda aos refugiados ucranianos" sem que exista possibilidade, por
razões financeiras e políticas polacas, de inverter esta tendência. Que aliás
se tem vindo a alastrar a outros países europeus, pressionados pelo impacto da
inflacção na vida dos cidadãos perante o perigoso e caro ricochete das sanções
europeias impostas à Rússia.
A
segunda notícia, que considero ser mais um enigma, pelo que ela esconde nas
entrelinhas, tem a ver com uma declaração do presidente americano Biden - que
tem sido o principal financiador dos ucranianos, em dinheiro e armamento -
segundo o qual Zelensky, "não queria ouvir os alertas americanos antes da
invasão russa de seu país". "Eu sei que muitas pessoas pensaram que
eu estava a exagerar", disse Biden referindo-se ao seu aviso prévio sobre
a possibilidade de um ataque russo. "Mas eu sabia que tínhamos dados para
sustentar (a avaliação)", acrescentou. "(O presidente russo Vladimir
Putin) ia entrar na fronteira. E não havia dúvida, mas Zelensky não queria
ouvir, nem muita gente. Eu entendo por que eles não queriam ouvir, mas a verdade
é que ele entrou". disse Biden. É um facto que os Estados Unidos começaram
a alertar sobre os preparativos da Rússia para uma invasão da Ucrânia bem antes
de Putin anunciar a "operação especial" contra o país em 24 de
fevereiro. E pelos vistos a história e a verdade deste tempo estará para ser
contadas e conhecidas, não pela propaganda manipulada promovida pelas entidades
oficiais da Ucrânia - normal em tempos de guerra, e tal como os russos fazem -
mas no futuro quando o conflito terminar e chegar o tempo de todos perceberemos
o que que se passou, qual o custo que daí resultou e se alguma coisa ficou por
ser feita a tempo de travar - duvido muito quanto a esse aspecto - a invasão
russa. Mas a verdade é que as palavras de Biden deixam muita dúvida no ar...
Em
Portugal acho que vamos continuar a ter um aumento das graves e se isto não
mudar, os problemas sociais e as manifestações nas ruas não tardarão. Temo
mesmo que o governo de Costa possa enfrentar dificuldades na gestão desta crise
e possa não ter os recursos adequados para travar o impacto da inflação na vida
das pessoas.
Ou
seja, é claramente evidente, diria mais do que evidente, que a guerra tem que
acabar rapidamente e que a manutenção deste conflito com estes custos
financeiros e sociais vai acabar por alimentar teorias e movimentos que serão
tudo, menos a favor da Ucrânia.
Os
governos europeus dificilmente terão muito mais espaço para justificarem os
milhares de milhões de euros gastos em armamento - e que não sabemos qual o
destino, a que mãos vão cair ou sequer se é destruído pelos ataques russos
devido a desleixo de Kiev e ao suposto impacto das informações dadas aos russos
por bufos ucranianos pró-Moscovo que identificam os locais a atacar pelas
forças de Putin - alegando por outro lado não terem folga orçamental para
tomarem medidas de apoio aos seus cidadãos, sobretudo aos mais carenciados e
com menores rendimentos, a braços com o impacto nas suas vidas destes tempos de
inflação galopante a que se juntam vários items que, de uma forma ou de outra, estão
igualmente associados ao impacto da guerra (LFM)
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