domingo, junho 12, 2022

Nota: os dilemas (perigosos) de uma Europa incapaz de financiar uma guerra prolongada o tempo

Esta semana fomos confrontados com um enigma (Biden) e duas notícias perigosas para a causa ucraniana (esmorecimento dos apoios aos refugiados), mas que eram esperadas, dado que a vida dos europeus se agravou demasiado, em grande medida devido ao impacto da guerra e ao perigoso ricochete - que Bruxelas desvalorizou ou nem sequer avaliou - causado pelas sanções aplicadas à Rússia, relativamente às quais os efeitos não são visíveis. Pelo menos a um nível capaz de manter mobilizado o apoio dos europeus e a sua aceitação dos sacrifícios impostos pelos governos europeus cada vez mais preocupados com o prolongamento no tempo de uma situação insustentável.

Falo das notícias, veiculadas pelo jornal francês Le Monde, segundo as quais "na Europa Central, a generosidade para com os refugiados ucranianos está diminuindo" e de outra dando conta que na Polónia - país mais importantes no acolhimento de refugiados ucranianos, constata-se "uma crescente fadiga na ajuda aos refugiados ucranianos" sem que exista possibilidade, por razões financeiras e políticas polacas, de inverter esta tendência. Que aliás se tem vindo a alastrar a outros países europeus, pressionados pelo impacto da inflacção na vida dos cidadãos perante o perigoso e caro ricochete das sanções europeias impostas à Rússia.

A segunda notícia, que considero ser mais um enigma, pelo que ela esconde nas entrelinhas, tem a ver com uma declaração do presidente americano Biden - que tem sido o principal financiador dos ucranianos, em dinheiro e armamento - segundo o qual Zelensky, "não queria ouvir os alertas americanos antes da invasão russa de seu país". "Eu sei que muitas pessoas pensaram que eu estava a exagerar", disse Biden referindo-se ao seu aviso prévio sobre a possibilidade de um ataque russo. "Mas eu sabia que tínhamos dados para sustentar (a avaliação)", acrescentou. "(O presidente russo Vladimir Putin) ia entrar na fronteira. E não havia dúvida, mas Zelensky não queria ouvir, nem muita gente. Eu entendo por que eles não queriam ouvir, mas a verdade é que ele entrou". disse Biden. É um facto que os Estados Unidos começaram a alertar sobre os preparativos da Rússia para uma invasão da Ucrânia bem antes de Putin anunciar a "operação especial" contra o país em 24 de fevereiro. E pelos vistos a história e a verdade deste tempo estará para ser contadas e conhecidas, não pela propaganda manipulada promovida pelas entidades oficiais da Ucrânia - normal em tempos de guerra, e tal como os russos fazem - mas no futuro quando o conflito terminar e chegar o tempo de todos perceberemos o que que se passou, qual o custo que daí resultou e se alguma coisa ficou por ser feita a tempo de travar - duvido muito quanto a esse aspecto - a invasão russa. Mas a verdade é que as palavras de Biden deixam muita dúvida no ar...

Em Portugal acho que vamos continuar a ter um aumento das graves e se isto não mudar, os problemas sociais e as manifestações nas ruas não tardarão. Temo mesmo que o governo de Costa possa enfrentar dificuldades na gestão desta crise e possa não ter os recursos adequados para travar o impacto da inflação na vida das pessoas.

Ou seja, é claramente evidente, diria mais do que evidente, que a guerra tem que acabar rapidamente e que a manutenção deste conflito com estes custos financeiros e sociais vai acabar por alimentar teorias e movimentos que serão tudo, menos a favor da Ucrânia.

Os governos europeus dificilmente terão muito mais espaço para justificarem os milhares de milhões de euros gastos em armamento - e que não sabemos qual o destino, a que mãos vão cair ou sequer se é destruído pelos ataques russos devido a desleixo de Kiev e ao suposto impacto das informações dadas aos russos por bufos ucranianos pró-Moscovo que  identificam os locais a atacar pelas forças de Putin - alegando por outro lado não terem folga orçamental para tomarem medidas de apoio aos seus cidadãos, sobretudo aos mais carenciados e com menores rendimentos, a braços com o impacto nas suas vidas destes tempos de inflação galopante a que se juntam vários items que, de uma forma ou de outra, estão igualmente associados ao impacto da guerra (LFM)

Sem comentários: