Rui Rio perde fôlego e António Costa alarga vantagem para dez pontos percentuais quando faltam duas semanas para as eleições, de acordo com sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. A duas semanas das eleições, Rui Rio parece ter perdido o fôlego. O PS recupera da queda de dezembro (sobe para os 38,1%), enquanto o PSD faz o caminho inverso (cai para 28,5%). Os dois maiores partidos estão agora separados por quase uma dezena pontos, de acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Mas há outro sinal preocupante para as aspirações do social-democrata: são agora 58% os que estão convencidos de uma vitória socialista. A terceira grande novidade do inquérito aponta para o Chega (9%): ultrapassa o BE (7,4%) e fica com o terceiro lugar. Seguem-se CDU (4,8%), IL (3,7%), PAN (2,1%) e CDS (1,8%).
O trabalho de campo da sondagem decorreu entre 6 e 12 de janeiro, ainda antes do debate decisivo entre António Costa e Rui Rio, e em que a generalidade dos analistas deu uma vitória estreita ao social-democrata. Se foi assim, ou se essa prestação terá algum efeito no apoio ao PSD, a próxima sondagem (a divulgar a 27 de janeiro) dirá. Sendo certo que o cenário é suficientemente aberto. Como divulgámos na edição de sábado, quando se avalia o potencial de voto (soma dos que votariam de certeza num determinado candidato e dos que poderiam votar), Costa leva vantagem, mas o mercado eleitoral de Rio é mais do que suficiente para vencer a 30 de janeiro.
Carrossel no topo
Dizem às vezes os analistas políticos que um mês pode ser uma eternidade em política. Prova disso é a forma como evoluiu a relação de forças entre PS e PSD dos últimos dois meses. Em novembro, com os sociais-democratas dilacerados por uma luta interna, os socialistas conseguiram uma vantagem de 14 pontos.
Um mês depois, com Rui Rio catapultado por uma vitória interna que tantos consideraram impossível, a diferença para António Costa passou a ser de dois pontos. Mas o altifalante do carrossel promete sempre mais uma viagem: e o social-democrata perdeu o embalo (talvez porque a primeira leva de debates não lhe tenha corrido bem) e a distância volta a subir, agora para dez pontos.
Socialistas superam Direita
O tempo escasseia. E isso também é válido quando se olha para os tradicionais blocos à Esquerda e à Direita. O PS, que continua solidamente ancorado nos eleitores mais velhos (marca 48,7% entre os que têm 65 ou mais anos), volta a ultrapassar o conjunto da Direita democrática (da qual, seguindo os critérios dos próprios, se exclui o Chega), com uma vantagem de quatro pontos.
Por outro lado, se a falecida geringonça continua a valer mais 7,3 pontos percentuais do que a soma da Direita (incluindo o Chega), a relação de forças já não é a mesma de 2019. Seja por causa do chumbo do Orçamento e da falta de confiança de António Costa nos seus antigos parceiros, seja porque o eleitorado à Esquerda exige mais luta e menos negociação, é um facto que o PS está a "corroer" a base do BE e do PCP: perdem em conjunto, nesta altura, 3,7 pontos percentuais relativamente às últimas legislativas.
Ventura em maré alta
As alterações do sentido de voto nunca são assim tão lineares, mas os números sugerem pelo menos alguma coincidência entre a dimensão da queda do PSD em janeiro e os ganhos somados de PS e Chega. E é nestas três forças políticas que residem as principais mudanças dos inquéritos de opinião da Aximage entre dezembro e janeiro.
Os populistas de Direita regressam ao terceiro lugar, aparentemente impulsionados pela presença de André Ventura nos debates televisivos. A postura agressiva e as frases de efeito terão produzido resultados. Desde o rescaldo das eleições presidenciais, que também garantiram palco mediático ao líder no início do ano passado, que o Chega não revelava este fôlego nos barómetros. É a força política em que se adivinham maiores ganhos nas próximas eleições: está oito pontos acima do que conseguiu em 2019. É improvável que André Ventura continue sem companhia no Parlamento.
Bloco estagnado
A subida do Chega atropela vários adversários: o Bloco de Esquerda, que estagnou um pouco acima dos sete pontos percentuais, e desce para o quarto lugar (só ficaria à frente dos radicais de Direita na Área Metropolitana do Porto); a CDU, que se mantém próximo da casa dos cinco pontos (ora umas décimas acima, ora umas décimas abaixo); o PAN, que continua um caminho de desgaste lento e se aproxima perigosamente do patamar do deputado único; e sobretudo o CDS que, não obstante uma certa vivacidade, esta reduzido a menos de dois pontos (com metade do seu eleitorado de 2019 a fugir para o Chega).
Entre os partidos mais pequenos, o único que, tal como o Chega, ameaça progredir para outro patamar, é o Iniciativa Liberal. Sendo certo que não saiu do lugar durante estas primeiras semanas de campanha, ainda é dos que poderão ter um maior crescimento, relativamente às últimas legislativas: com um resultado a rondar os quatro pontos, pode pelo menos aspirar a eleger um grupo parlamentar nos dois maiores círculos eleitorais (Lisboa e Porto) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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