sexta-feira, janeiro 14, 2022

TAP vai encerrar a empresa de manutenção no Brasil, onde está há duas décadas



Está decidido, a TAP vai mesmo fechar a empresa de Manutenção e Engenharia do Brasil, antiga VEM, adquirida há cerca de 20 anos. É uma decisão enquadrada no âmbito da aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas, que admitia também a hipótese de venda, Depois de anos a acumular prejuízos, a TAP decidiu que vai fechar a empresa de Manutenção e Engenharia do Brasil, adquirida no início do século e que tem cerca de 500 trabalhadores. Estava em aberto também a possibilidade de venda. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, já admitiu que alienar a operação no Brasil terá custos elevados para a TAP.

“Como parte do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia no dia 21 de dezembro de 2021, o Grupo TAP decidiu encerrar as operações da TAP Manutenção e Engenharia Brasil S.A. (“TAP ME”)”, lê-se num comunicado enviado esta quarta-feira às redações.

À Lusa, Christine Ourmières-Widener afirmou:” Depois de uma análise aprofundada e muitos estudos, a TAP decidiu fechar a Manutenção & Engenharia no Brasil e encerrar de forma gradual a operação no Brasil e hoje vamos discutir com os trabalhadores, claro, que são a principal prioridade, mas também discutir com os nossos clientes”.

A TAP assegura que a medida “não interfere na operação de transporte aéreo de passageiros da companhia”, naquele que é o seu principal mercado exterior. A transportadora esclarece que: “o Brasil representa entre 25% e 30% da receita da TAP, que continua a aumentar a oferta naquele mercado, com presença em 11 capitais e expectativa de expansão dos voos semanais”.

Apesar de ter decidido vender, a transportadora assegura que “os serviços de manutenção referentes a aeronaves já contratadas e/ou em andamento serão realizados normalmente, de acordo com os contratos entre a TAP ME e seus clientes”. Mas esclarece que a empresa brasileira não aceitará novos pedidos para prestação de serviços de manutenção.

A TAP ME só encerrará as suas atividades quando todos as operações de manutenção em curso estiveram concluídas.

A saída do Brasil decorre das negociações do plano de reestruturação com Bruxelas. A Comissão Europeia informou em 21 de dezembro que aprovou o plano de reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, mas impôs condições, incluindo a separação e venda dos ativos não-essenciais, nomeadamente o negócio de manutenção no Brasil, e os de ‘catering’ (Cateringpor) e de ‘handling’ (Groundforce).

Não é uma decisão fácil, diz CEO

Christine Ourmières-Widener explicou ainda que encerrar o negócio de engenharia e manutenção no Brasil “não é uma decisão fácil”, porque envolve 500 trabalhadores, mas foi tomada após tentativas falhadas de venda. Há anos que a alienação da empresa brasileira era uma opção em cima da mesa, mas nunca apareceu um candidato que quisesse avançar.

“Não é uma decisão fácil, porque estamos a falar de pessoas, mas estamos a tentar fazer tudo para garantir que esta decisão e a sua implementação é feita respeitando os nossos trabalhadores, a experiência que eles têm em engenharia e toda a lealdade que têm para com a companhia”, afirmou. Segundo a responsável, a Manutenção & Engenharia Brasil (ex-VEM – Varig Engenharia e Manutenção) tem atualmente 500 trabalhadores, após várias reestruturações que incluíram despedimentos, dos quais pouco menos de 400 estão no ativo.

Alvo de várias reestruturações com despedimentos, a última das quais em 2018, já com a empresa privatizada e nas mãos de David Neeleman. A M&E Brasil recebeu da TAP, globalmente, entre 2010 e 2017, injeções financeiras num total de 538 milhões de euros, a valores nominais, sendo que em 2018 foram feitas transferências de 30 milhões de euros para a companhia (Expresso, texto da jornalista Anabela Campos)

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