terça-feira, janeiro 04, 2022

Nota: não foi a pandemia a mudar as campanhas eleitorais. Foi a falta de dinheiro e a saturação das pessoas

O blá-blá, por vezes patético, dos partidos em períodos eleitorais ou pré-eleitorais, não disfarça uma realidade que se acentuou com a pandemia mas que antes dela já era perceptível: as campanhas eleitorais mudaram porque as pessoas estão fartas de aturar campanhas e partidos. Já antes da pandemia era uma evidência.

O problema, pelo que verifico, é que os partidos continuam a ter uma enorme dificuldade em se adaptarem aos novos tempos, desde a escolha de candidatos até aos instrumentos que garantam uma comunicação credível e eficaz com os cidadãos eleitores. Hoje recebi na minha caixa de correio votos de boas festas e bom ano de 2022 com a carinha laroca do Costa. Dir-me-ão que 80% ou mais desses cartões são rapidamente despejados no lixo. Não contesto isso. Antigamente, quando porventura se cometiam muitos erros e se promoviam campanhas e pré-campanhas que pouco ou nada tinham a ver com a "aristocracia" anelada de mer***, nesta altura, com eleições a 30 de Janeiro, pelo menos um calendário de 2022, sempre útil e que em mais de 75% dos casos seria guardado pelas pessoas, já tinha sido depositado nas caixas de correio das cidadãos como material de propaganda.

Constato que estão alguns a cometer o erro de apostar nas redes sociais para substituir o chamado porta-a-porta, que aproximava candidatos (alguns, porque muitos fugiam a isso, queriam era o lugar garantido, não contactos com "patas-rapadas"...). Milhares de eleitores não perdem tempo com as redes sociais e é entre asqueles que a elas mais acedem que se verificam os maiores valores de abstenção. E no caso da Madeira o caso complica-se porque os tempos de antena na televisão, a emitir durante a campanha eleitoral, são espaços de propaganda de elaboração nacional e não regional ou local. Os grandes comícios de rua, os jantares ou almoços de campanha em enormes tendas ou espaços públicos, as arruadas, as caminhadas organizadas, etc, tudo isso foi "dizimado" pela pandemia e pela lógica de que as restrições não se podem aplicar a uns contrastando com a permissividade a outros só porque só partidos em campanha e a disputar tachos em São Bento. Cancelaram o carnaval-2022, e muito bem, mas manteriam um "carnaval" partidário diferente?! A que titulo e com que justificação? Tenham juízo e cuidado, isso sim.

Estas campanhas "modernas" - que agradam a uma certa aristocracia oportunista de mer** que conspurca a política, e acha que promove a mudança só porque arrotam para um lado diferente daquele que andaram anos fazer, porque era o lado do costume - terão custos, nos votos e no distanciamento cada vez mais acentuado entre os cidadãos e os políticos eleitos e na acrescida insignificância dos partidos que demoraram muito tempo, demasiado tempo, mesmo antes da pandemia, a perceberem que era preciso mudar muita coisa. Não as mudanças que despudoradamente e com tanta cagança alguns exibem e vendem como se falassem de uma nova forma de fazer (e estar na) política, quando na realidade essas alterações apenas foram determinadas por tesourarias falidas e pela falta de recursos financeiros e por mais nenhuma lógica.

Desde 2015 que esses sinais aos partidos e aos políticos são perceptíveis, mas o truque é martelar os números da abstenção, desvalorizando-os na busca de uma representatividade dos eleitos (realidade diferente da legitimidade dos eleitos) que não têm com elevadas abstenções. Números que, sendo obviamente falsificados por habilidades com décadas, quase sempre ligadas ao número e mandatos a eleger e aos interesses dos partidos nesses lugares - e eu poderia demorar algum tempo a explicar porque motivo os valores da abstenção são falsos e por que razão ninguém faz nada para suster isso, mas prefiro deixo essa responsabilidade aos novos "puros" da política de esgoto e aos paladinos da "verdade" deambulante que ninguém acredita (LFM)

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