sábado, dezembro 18, 2021

Sondagem: O género, a idade e a distribuição geográfica dos partidos



A leitura dos diferentes segmentos da amostra da mais recente sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF (regiões, género e faixas etárias) revela detalhes sobre os diferentes perfis do eleitorado de cada partido. O Bloco Central muito mais forte a Norte, a testosterona do Chega ou a força grisalha do PS.

Centrão aglutina eleitores no Norte

O país não vota todo da mesma maneira e isso é particularmente evidente quando se analisam as tendências de voto das diferentes regiões em que se divide a amostra (embora seja importante ter em conta que as "margens de erro", neste como nos restantes segmentos, geram por vezes distorções significativas).

Um dos dados que salta à vista na análise à geografia política é que o Bloco Central é particularmente aglutinador no Norte e na Área Metropolitana do Porto (oito em cada dez eleitores escolhem PS ou PSD). Esse poder de atração reduz-se quando "descemos" no mapa em direção à Área Metropolitana de Lisboa e ao Sul (aqui são "apenas" seis em cada dez).

Na batalha pelo primeiro lugar verifica-se, na comparação com o mês de novembro, que os socialistas perdem o Porto, o Centro e o Sul para os sociais-democratas. E que o BE só deixa fugir o terceiro lugar no Porto e no Centro, ainda que a Sul esteja uma escassa décima acima da CDU. O Chega só entra no pódio na região Centro, mas está muito próximo no Sul.

Chega é masculino, PAN no feminino

Para a generalidade dos partidos, não há diferenças significativas quando o ângulo de análise é o género. Mas há uma notável exceção (que aliás se repete de sondagem para sondagem): o Chega é claramente marcado pela testosterona, uma vez que os eleitores masculinos dos radicais de Direita são quatro vezes mais numerosos do que as mulheres.

O único partido que se aproxima do desequilíbrio de género, mas em sentido contrário, é o PAN: as eleitoras femininas são um pouco mais do dobro dos homens.

Sem o mesmo peso proporcional de nenhum destes dois, dada a dimensão potencial do seu eleitorado, mas com a importância relativa dos pontos percentuais, só vale a pena acrescentar que, no PS, as mulheres suplantam os homens em cinco pontos percentuais.

Vantagem socialista à custa dos seniores

Na análise às quatro faixas etárias em que se divide a amostra percebe-se que, relativamente a novembro, o PS perdeu para o PSD o primeiro lugar entre os eleitores dos 35/49 anos, e que segurou, por uma unha negra, a primazia nos que têm 18/34 anos e 50/64 anos.

O grande alicerce socialista continua a ser a faixa dos que têm 65 ou mais anos (a diferença para os sociais-democratas é aqui de 15 pontos percentuais, ainda que haja uma evidente erosão). Quase se poderia dizer, pelo menos no cenário atual, que a chave da vitória nas eleições poderá estar nos portugueses mais velhos. É aqui, pelo menos, que o PS tem mais para perder.

Relativamente aos partidos mais pequenos, confirmam-se algumas tendências habituais: BE, PAN e liberais têm um perfil mais jovem (com destaque para os dois últimos), enquanto a CDU se vai tornando mais forte quanto mais velho o eleitor. O Chega é mais forte nas duas faixas intermédias, ainda que desta vez esteja melhor nos 50/64 do que nos 35/49 anos (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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