sábado, dezembro 18, 2021

Sondagem: Costa e Rio taco a taco para as eleições legislativas


PS (35,4%) vai dois pontos à frente do PSD (33,2%), o que significa que há um empate técnico. Esquerda treme mas ainda tem vantagem sobre a Direita, mesmo que esta inclua o Chega numa solução de Governo. PS e PSD lutarão taco a taco pela vitória nas próximas legislativas. Se as eleições fossem hoje, António Costa (35,4%) teria uma vantagem de apenas dois pontos sobre Rui Rio (33,2%), de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. A bipolarização é evidente, com o bloco central a concentrar quase sete em cada dez eleitores. Mas a maioria absoluta é uma miragem: 68% dos inquiridos não acreditam que seja possível. Um único partido aguentou a pressão avassaladora dos sociais-democratas em dezembro: a CDU cresce escasso meio ponto (5,1%), todos os outros estão em queda. Quando faltam seis semanas para a ida às urnas, o país político regista um empate técnico. Isto porque os dois pontos que separam socialistas e sociais-democratas cabem dentro da "margem de erro" (que nesta sondagem seria o equivalente a 3,44%). Mas não se pode dizer que estamos num impasse. As projeções de hoje não serão os resultados de 30 de janeiro. O que temos, por agora, são tendências, que as próximas semanas podem aprofundar, ou eventualmente desfazer.

PSD dispara na sondagem

A mais significativa dessas tendências, afetando todos os partidos, é a subida do PSD. Seja quando comparamos com o resultado da sondagem de novembro (tem agora mais 8,8 pontos percentuais), seja quando comparamos com os resultados das legislativas de 2019 (mais 5,4 pontos). A vitória de Rui Rio nas diretas parece ter sido o gatilho para esta explosão. Mesmo que uma fatia razoável de eleitores sociais-democratas privilegie António Costa em atributos como a competência (20%) e até considere que daria um melhor primeiro-ministro (16%) do que Rui Rio, como podia ler-se na sondagem publicada ontem.

Outra tendência, que cruza diretamente com a anterior, e confere uma nota de expectativa adicional sobre a luta pelo primeiro lugar, é a queda do PS. Os socialistas perdem três pontos relativamente ao mês passado e um ponto em comparação com as últimas legislativas. E, desse modo, uma vantagem de 14 pontos sobre os sociais-democratas em novembro, e de quase nove pontos em 2019, estreita-se para os já referidos dois pontos. Se é conjuntural ou estrutural ver-se-á em novos estudos de opinião. Sendo que a vantagem mediática, nos próximos dias, continuará a ser de Rui Rio, que terá o palco do congresso de Santa Maria da Feira para tentar prolongar a subida da maré.

Bloco central de betão

Mesmo com as perdas relativas dos socialistas, uma outra tendência, que pode ter impacto nos futuros acordos de governação, surge no horizonte. O chamado bloco central, mesmo que por enquanto seja um exercício académico e não um facto político, está a ganhar força (é particularmente esmagador nas regiões mais a norte). O peso conjunto de PS e PSD é de quase 70%. São mais seis pontos que no mês passado e quase cinco a mais do que em 2019.

O apelo ao voto útil, seja de António Costa (quando pede uma maioria reforçada e estável), seja de Rui Rio (quando refere que à Direita só há meia dúzia de votos) parece estar a fazer efeito. Porque, com a exceção da CDU, os restantes partidos com representação parlamentar ficam a perder na comparação com novembro. Se a comparação se fizer com as últimas legislativas, a tendência é diferente: BE (7,3%) e CDU (5,1%) estão em perda, bem como o PAN (2,5%) e o CDS (1,3%). Mas a chamada nova Direita, ou seja, o Chega (6,2%) e a Iniciativa Liberal (3,7%) poderão crescer.

Esquerda acima da Direita

Se os resultados da projeção se repetissem nas urnas (e as seis semanas de campanha que faltam, incluindo os debates entre todos os candidatos, dão espaço suficiente para muitas mudanças), haveria igualmente uma nova relação de forças entre e dentro dos dois blocos tradicionais. Desde logo, à Esquerda, ao PS já não seria suficiente o apoio de um dos ex-parceiros da geringonça, teria de contar com os dois, sem brechas.

À Direita, a aritmética parlamentar seria ainda mais complexa. A confirmar-se a exclusão do Chega, a Direita somaria 38,2%. É um pouco mais do que o PS, mas bastante menos do que a Esquerda (47,8%). Mesmo que Rui Rio viesse a contar com o apoio da Direita radical, contaria com 44,4%. E num cenário ainda mais fantasioso, pelo menos nesta altura, se lhe juntasse o PAN, ficaria ainda assim a um ponto percentual do trio de Esquerda.

Quem vai ganhar?

53% A maioria dos inquiridos acredita que o provável vencedor das eleições de 30 de janeiro será o PS. Mas é preciso ter em conta que este resultado depende em grande medida do otimismo dos eleitores socialistas (87%), quando se tem em conta os segmentos partidários; dos que residem na Área Metropolitana de Lisboa (63%), se o ângulo for a geografia; e dos que têm 65 ou mais anos (68%), quando a análise incide nas faixas etárias.

25% É provável que a divulgação da sondagem mude as perceções. Mas, no período em que foi feita (9 a 13 de dezembro), apenas um quarto dos eleitores acreditava numa vitória do PSD. Nem os que escolhem os sociais-democratas se mostravam excessivamente confiantes: 57% acreditava na vitória de Rui Rio, mas 32% apontavam para António Costa (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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