sábado, dezembro 18, 2021

Sondagem: Da maioria absoluta às alianças pontuais para governar

Perguntou-se aos portugueses qual a sua solução de Governo preferida. De acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, a mais referida é a maioria absoluta (25%) e, logo depois, uma coligação de Esquerda (23%). Mas serão os resultados finais a ditar quais os cenários possíveis.

Maioria absoluta



Um Governo com maioria absoluta é a solução mais citada (25%), quando se confronta os portugueses com a situação que poderá resultar das próximas eleições. Mesmo que uma esmagadora maioria (68%) não acredite nessa possibilidade. A projeção de resultados da sondagem confirma, aliás, que são estes últimos quem tem para já razão, e não os 19% que acreditam que é possível uma maioria absoluta.

Se tivermos em conta os segmentos partidários, são os eleitores socialistas os que mais defendem esta solução (40%), percebendo-se que esse desejo resultará da falhada coligação parlamentar à Esquerda (foi o chumbo do Orçamento do Estado, por parte do BE e do PCP, que levou o presidente da República a dissolver o Parlamento e a convocar eleições antecipadas).

Coligação de Esquerda

É a segunda solução mais citada pelos inquiridos nesta sondagem (23%), e em particular pelos que vivem na Área Metropolitana de Lisboa e pelos eleitores das duas faixas etárias mais velhas (50 anos em diante). Seria uma espécie de reedição da solução que vigorou entre 2015 e 2019 (ainda que o acordo fosse de incidência parlamentar e não de Governo).

A matemática atual ainda permite que seja esta a solução. Mas o equilíbrio político já não seria o mesmo. Quer para o PS, que sairia ligeiramente mais fraco do que nas últimas legislativas, quer para bloquistas e comunistas que, em conjunto, perderiam 3,5 pontos relativamente a 2019. E todos eles, portanto, com bancadas parlamentares encolhidas. Outra das consequências, se vier a ser esta a solução, é que o PS já não poderá negociar à vez. Terá de contar com os dois parceiros em simultâneo. É entre o eleitorado da CDU que esta solução encontra maior adesão (77%).

Coligação de Direita

É o terceiro cenário na lista de soluções favoritas (19%) para o período que se seguirá às eleições de 30 de janeiro. E é também o favorito dos eleitores sociais-democratas (41%) e dos liberais (44%). Sucede que, nesta altura, as projeções ainda são demasiado curtas. Excluindo o Chega, a soma de PSD, Iniciativa Liberal e CDS (que está próximo de desaparecer do Parlamento) vale mais do que o PS, mas bastante menos que o conjunto da Esquerda. Mesmo que Rui Rio consiga atrair o PAN, continuará demasiado longe de uma maioria parlamentar.

Um empate técnico só seria possível com a repescagem do Chega (e este bloco heterogéneo ficaria ainda a um ponto do conjunto da Esquerda). É este o desejo, aliás, da maioria dos eleitores da extrema-direita (59%). Problema: Rui Rio já descartou uma coligação de Governo com o Chega (e o PAN e a Iniciativa Liberal foram ainda mais contundentes). No fundo, ao encontro do que pensam dois terços dos portugueses: 65% opina que seria mau que André Ventura participasse num Governo (entre os eleitores sociais-democratas a percentagem é exatamente a mesma).

Bloco Central

Aparece em quarto lugar nas preferências dos eleitores (9%), bastante afastado de outras soluções. Mas tem a seu favor a força dos números, uma vez que a soma de PS e PSD deverá sair reforçada nestas eleições.

Esta solução tem também o respaldo de Rui Rio, que, num cenário de vitória estreita de qualquer dos dois partidos, como a que está agora em cima da mesa, admitiu dois anos de colaboração parlamentar (que não de participação no Governo). Sobre essa matéria, no entanto, António Costa nada disse. Mas apenas 10% dos eleitores socialistas apoiam esta solução. No caso dos sociais-democratas são 14%.

Alianças pontuais

É a menos cotada das soluções (8%) e, por razões óbvias, a mais frágil. Foi no fundo a que vigorou nos últimos dois anos, com o resultado conhecido. Nem o facto de o país viver um período de emergência de saúde pública (e consequentes problemas sociais e económicos) lhe garantiu a sobrevivência.

Seria provavelmente uma solução provisória. Talvez não mais do que os seis meses de tempo de vida mínimo que a Constituição impõe para a Assembleia da República. O único segmento da amostra em que parece haver alguma tolerância relativamente a esta solução é entre os eleitores liberais (ainda que não seja a favorita) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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