segunda-feira, maio 18, 2020

Covid-19: UE falhou ao recusar controlo de passageiros na origem, diz secretário do Turismo da Madeira

O secretário do Turismo da Madeira assegurou que a quarentena não é obrigatória nesta região desde que os passageiros efetuem o teste da covid-19 fiável nas 72 horas anteriores à viagem. O secretário do Turismo da Madeira considera que a União Europeia falhou ao recusar o controlo de covid-19 na origem aos passageiros e o Governo português devia ter adotado "uma posição mais clara" nesta matéria.
"Achamos que a União Europeia falhou redondamente quando não aceitou este compromisso logo como premissa de toda a solução para lidar com a covid-19", disse Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa. O governante madeirense sustentou que esta região autónoma enquanto destino turístico defendeu logo o princípio do controlo na origem, argumentando que esta medida não significa que a região pretendia "jogar para cima das origens esse controlo, porque a Madeira também é origem quando todos os passageiros saem de cá".
"Foi um desafio que lançámos ao mais alto nível, foi o presidente do Governo Regional da Madeira que lançou ao primeiro-ministro, envolvemos União Europeia também. Aqui Portugal podia ter uma posição mais clara e assumir claramente que a defesa de controlo na origem traria mais conforto a toda a gente", insistiu, complementando: "Gostaria de ver Portugal continental ao nosso lado!". O governante enfatizou que o objetivo era haver o "assumir de um compromisso que devia ser global".

"A União Europeia devia ter assumido imediatamente, porque se controlarmos na origem, significa que antes do embarque evidencio que estou bem de saúde, através de um teste feito das últimas 72 horas, se for um PCR (reação em cadeia da polimerase)", o que permite garantir que a pessoa não está infetada com o novo coronavirus, aliado ao controlo de temperatura.
Com este procedimento, o passageiro ao entrar no avião está "descansado, porque toda a gente está na mesma condição, não há necessidade de afastamento dentro do avião, basta usar a máscara, ter cuidados com a limpeza, a desinfeção, evitar o manuseamento de coisas em comum dentro do avião, menus, revistas, comida, etc. e corria tudo bem".
Admitiu que, na chegada ao destino, possa "haver outra vez um ponto de controlo de temperatura, questionário para ver se a pessoa está bem, que é o que está a acontecer hoje em dia e tudo corria normalmente se o controlo fosse feito na origem"
Eduardo Jesus complementou que, "se o controlo não for na origem, transporta sempre um risco para o destino e as medidas têm de ser implementadas à chegada porque ninguém aceita mesmo o passageiro".
Sobre o anúncio de várias companhias que estão a prever voos para a Madeira, Eduardo Jesus desvalorizou a situação, explicando que isso faz parte das estratégias das operadoras para testar o mercado.
Ainda mencionou que o setor do turismo da região está fechado há dois meses devido à pandemia da covid-19, sendo que "contribui em 26% do PIB da Madeira, o que significa que cada semana o PIB total da região encolhe mais de 0,5%", perdendo 110 milhões de euros por mês.
QUARENTENA NÃO É OBRIGATÓRIA
O secretário do Turismo da Madeira assegurou que a quarentena não é obrigatória nesta região desde que os passageiros efetuem o teste da covid-19 fiável nas 72 horas anteriores à viagem.
"Hoje a quarentena não é obrigatória na Madeira, ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam", afirmou Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa.
O governante madeirense salientou, por outro lado, que a região tem "uma quarentena para as pessoas que não fizeram o teste nas últimas 72 horas".
Eduardo Jesus destacou que esta é uma prática que "começa a ser recorrente no mundo: quem viaja com teste feito nas últimas 72 horas, que seja um PCR [aquele que diz se está positivo ou negativo], não o serológico [que atesta se tem anticorpos], já dá uma garantia".
Se houver contaminação no destino, a situação é controlada, sendo preciso efetuar o "rastreio da pessoa e acompanhá-la no território".
"Esta é uma nova realidade, não podemos de forma alguma ignorar que tem consequências e temos de saber lidar com elas", vincou.
MADEIRA PRONTA PARA REABRIR AO TURISMO, MAS MERCADOS AINDA NÃO
A Madeira está preparada para reabrir as portas ao turismo, a sua principal atividade económica, mas os mercados emissores tradicionais "ainda não estão prontos" devido à pandemia da covid-19, declarou o secretário madeirense do sector.
"A Madeira está pronta para arrancar já, mas os nossos mercados não estão prontos para arrancar já", afirmou Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa, dando como exemplos a Inglaterra, a Espanha, a Alemanha , Itália ou mesmo Portugal continental, onde persiste a "contaminação ativa" e acontecem mortes todos os dias
O governante insular apontou que os mercados emissores considerados de "maior interesse ainda não estão no estado em que se encontra a região e por isso a Madeira está aqui num compasso de espera".
"Estamos fortemente empenhados para trabalhar com o mercado nacional", vincou, enfatizando que já era uma aposta antes da pandemia e evidenciava um grande crescimento, tendo a Madeira sido considera "a região preferida de Portugal pela Associação Portuguesa dos Agentes de Viagem e Turismo (APAVT) para 2020".
Eduardo Jesus acrescentou que este trabalho de captação do mercado nacional para a Madeira vai continuar, mencionando que "é familiar, do mesmo pais, gosta da Madeira, tem vindo a registar desempenhos diferentes, não só para férias pequenas, como maiores, como férias ligadas a eventos e fora do período de eventos, sendo um mercado que responde bem".
Ainda referiu que "a operação de verão do Porto Santo é muito baseada no mercado nacional, quer do Norte, quer a partir de Lisboa", referindo que "a evolução da situação epidemiológica portuguesa continental ditará sob que medidas essas operações se farão", uma situação que a Madeira está acompanhar.
O responsável salientou que o sector mais uma vez tem de saber "reinventar-se" nas suas práticas, considerando que "junho é o mês da clarificação relativamente ao que se está a passar" e "para implementação, com a perspetiva de abrir em julho".
Entre as medidas que têm de ser alteradas, com base nas três premissas do manual das boas práticas, estão o distanciamento social, uso de equipamento de proteção e segurança sanitária, tendo o governante mencionado que foi envolvido o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, para orientar as caminhadas nos percursos pedestres e visitas aos miradouros. Quanto ao conjunto de procedimentos nos hotéis, referiu as alterações e adaptações relacionadas com os serviços 'buffets', podendo ser utilizado o serviço de refeições nos quartos, as limpezas dos corrimões das escadas, o uso de elevadores, utilização de piscinas, devendo alguns serviços, nomeadamente os spa e saunas ficar encerrados. Estas medidas preventivas também se aplicam às atividades de animação, como os passeios de catamarã, para visualização de cetáceos. "É preciso paciência e este tempo" é utilizado para otimizar as medidas e os pensamentos sobre "relançamento da atividade turística e envolver todo o setor", concluiu Eduardo Jesus (Lusa)

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