Estudos indicam que o aumento da turbulência que afeta os aviões está diretamente relacionado com as alterações climáticas. O aquecimento global parece trazer mais uma dor de cabeça para quem não gosta ou tem medo de andar de avião - aparentemente, provoca um aumento da turbulência. Entende-se por turbulência a alteração na velocidade e direção de diferentes correntes de ar, causada pelo fluxo de ar vertical (correntes ascendentes e descendentes). Existem três tipos de turbulência: leve, moderada e severa. Ainda dentro destes tipos de turbulência existe a “turbulência do ar limpo” - que, ao contrário de tempestades e outros fenómenos climáticos, não é detetada por radares ou outros aparelhos, nem os pilotos as conseguem prever e, por isso, evitar. Segundo uma investigação, de maio de 2017, espera-se que as alterações climáticas fortaleçam as “tesouras de vento verticais em altitudes de cruzeiro”. Este fortalecimento aumenta a instabilidade que gera a tal “turbulência do ar limpo”. Este estudo indica que este fenómeno deverá ser sentido nas rotas de voo transatlânticas e mais frequentemente durante o inverno. Apesar de ser altamente improvável a queda de um avião devido à turbulência, isto não impede que existam alguns acidentes, como os carrinhos das hospedeiras de bordo ou objetos soltos "voarem", ameaçando os passageiros. Ainda este mês, na sequência de turbulência, cerca de 30 pessoas ficaram feridas num avião que seguia de Vancouver a Sydney e que teve de alterar a sua rota. A turbulência pode ainda danificar estruturalmente os aparelhos.
Já numa análise de 2013, a relação entre a turbulência e o aquecimento global tinha sido identificada. Como na investigação anterior, esta também concluiu que numa rota transatlântica, durante o inverno, “a maioria das medidas de turbulência mostra um aumento de 10% a 40% na força média da turbulência e de 40% a 170% na frequência de ocorrência da mesma”. Isto quer dizer que o tempo das viagens, a gasolina e o desvio das rotas poderá começar a ser maior, o que deverá também resultar no aumento do preço dos bilhetes.
A americana Boeing está a desenvolver um laser que permite aos pilotos evitarem as “turbulências do ar limpo”. Enquanto esperam, os pilotos baseiam-se em relatos de outros que já fizeram a mesma viagem mais cedo, para alterarem as rotas. Além da turbulência, segundo o jornal The Guardian, o número e a intensidade das tempestades vão aumentar em altitudes de cruzeiro. Estes fenómenos podem prejudicar os voos na medida em que o risco de congelamento, que pode desencadear falhas de motores, em alta atitude, passa a ser maior. Em 2009, um voo da Air France, que seguia do Rio de janeiro para Paris, caiu, acabando por matar todos os que iam abordo, devido à infiltração de cristais de gelo que desativaram os sensores de velocidade do avião.
No entanto, o aumento das temperaturas está também a influenciar a descolagem dos aviões. De acordo com um estudo publicado, em setembro de 2017, na revista científica Climatic Change, em média “10% a 30% dos voos anuais que partem no horário da temperatura máxima diária, podem exigir alguma restrição de peso” no momento de descolar. Por outras palavras, de forma a permitir que os voos partam em segurança, será necessário diminuir o peso abordo (em bagagens ou em tripulantes, por exemplo). As aeronaves de médio e grande porte serão as mais afetadas. Será ainda necessário fazer algumas alterações nos aeroportos em que as pistas são mais pequenas, como o aeroporto do Funchal, por exemplo. Nestes casos deverá ser aumentado o tamanho das mesmas. Os maiores impactos também estão previstos nos aeroportos situados em grandes altitudes e em locais onde as temperaturas sejam mais altas. Para se contornar as elevadas temperaturas durante o dia, prevê-se que as companhias aéreas tenham de alterar os seus horários de voo para à noite ou de madrugada. Esta medida pode colidir nos locais em que os aeroportos se encontram no centro das cidades, uma vez que nesse período está proibida a descolagem e aterragem de aeronaves para não criar ruído (Visão)
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