Os portugueses estão cada vez mais alheados e
distantes dos partidos políticos e é este grupo com menos vontade de votar,
conclui um estudo a ser divulgado esta sexta-feira pelo “think tank” Portugal
Talks. Uma das inovações deste estudo passou por análise sistemática de
resultados desde meados da década de 1980 até às eleições mais recentes,
recorrendo às bases de dados do Eurobarómetro e do programa “Comportamento
Eleitoral dos Portugueses”, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de
Lisboa. Cruzando dados, os autores, João Cancela e Marta
Vicente, concluem que “o fosso de propensão a votar entre a população com idade
inferior a 30 anos e os restantes grupos aumentou desde 1985”, lê-se no
relatório.
E se os mais velhos são mais propensos a votar (perto
dos 90% de probabilidade para os escalões etários dos 45 aos 64 anos e mai de
65 anos), entre os mais jovens “há uma clara dinâmica de expansão da abstenção
no grupo etário entre os 30 e os 44 anos” (entre 65% e 75%). Ao contrário do que sucedia na década de 1980 e no
início da década de 1990, os eleitores com idades compreendidas entre os 30 e
os 44 anos apresentam uma tendência maior para a abstenção do que os cidadãos
mais velhos”, escreveram os investigadores nas conclusões preliminares.
Na apresentação desta iniciativa, Nuno Garoupa,
professor de Direito na George Mason University Antonin Scalia School of Law,
nos Estados Unidos e do conselho científico da Portugal Talks, estimou que, à
custa da abstenção, a Assembleia da República representa menos 850 mil
eleitores em 2015 do que há 20 anos.Outros números apontam para a perda de um
milhão de eleitores entre as eleições presidenciais de 1996 e as de 2016 ou
ainda de meio milhão de eleitores entre as legislativas de 1995 e as de 2015.
E nesses 20 anos, de 1995 a 2015, os três principais
partidos perderam 1,3 milhões de eleitores, havendo ainda um crescimento de 100
mil para os votos brancos e nulos, e um crescimento para o Bloco de Esquerda e
PCP. O Portugal Talks é uma iniciativa do Estoril Institute
for Global Dialogue, encarregado da coordenação científica e programática das
Conferências do Estoril, e tem como mentor Miguel Pinto Luz, vice-presidente da
Câmara de Cascais. A apresentação do relatório é feita hoje na Nova SBE (School
of Business & Economics), da Universidade Nova de Lisboa, em Carcavelos,
concelho de Cascais, que inclui também um debate aberto sobre o tipo de
soluções para o problema da abstenção (Lusa)
Sem comentários:
Enviar um comentário