terça-feira, setembro 04, 2018

A propósito de mudanças (normais) na estrutura parlamentar do PSD-Madeira

Rui Abreu, secretário-geral do PSD-M, na Assembleia Regional? Nada de especial. Eu sempre defendi que quando ele deixou de ser chefe de gabinete de Miguel Albuquerque  deveria ter assumido de imediato o lugar de deputado em vez de se fechar num gabinete na sede do PSD-M. 
Portanto, acho que é uma opção política acertada e normal a um ano de novas regionais, seguramente as mais decisivas de todas para o PSD-M. Acresce que a um ano das eleições regionais o grupo parlamentar laranja, independentemente da sua composição ou da sua liderança, tem de começar a concentrar as suas iniciativas políticas em objectivos concretos, privilegiado temas específicos que interessem ao universo dos cidadãos e dos eleitores, evitando dispersar-se, porque, caso não o faça, as pessoas não conseguem reter nada de útil, tudo por causa de disputas e protagonismos pessoais ou uma qualquer estratégia desorientada, constantemente a reboque da agenda mediática ou política suscitada por outros. A orientação política é essencial. Não creio que seja uma mais-valia termos deputados isoladamente a divagar sobre menoridades sem importância ou a se envolverem em lutas políticas nas suas localidades que depois não conseguem aguentar na sua plenitude, por inexperiência política mais do que óbvia (e, por isso mesmo, a darem constantes tiros-nos-pés, deixando no ar a ideia de que só querem ser falados para que em 2019 sejam de novo candidatos).
Espero que as pessoas com poder de decisão no PSD-M entendam que o que se passou em 2015 foi uma excepcionalidade e que o PSD-M pagou um preço político e eleitoral demasiado elevado também por causa de algumas apostas erradas mesmo que, verdade seja dita, fossem praticamente as disponíveis num partido que em 2015 protagonizou um combate eleitoral interno agreste, algo radicalizado, nalguns locais pouco digno e que deixou marcas que em meu entender subsistem até hoje.
Se o Congresso de Dezembro não for capaz de sarar as feridas, essas feridas em concreto, temo pelo que possa suceder em 2019. Pensem nisso. Há algumas questões política se pessoais por resolver nalgumas freguesias e concelhos da RAM e que afectaram em certa medida a capacidade de mobilização do PSD nas suas várias frentes.
O partido precisa de ter estruturas de concelho e de freguesia que não sejam meras caixas de ressonância do que o Funchal pensa, quer ou decide, para serem mesmo estruturas autónomas, capazes de centrar as suas preocupações nas freguesias ou nos concelhos. Ser autarca, vencedor ou derrotado, ou ser deputado eleito ou por um acaso, não são estatutos de coisa nenhuma, nem dá o direito a ninguém de se julgar rei ou rainha dos seus burgos, atropelando muitas vezes ou espalhando arrogância, pedantismo e convencimento idiota por onde passam. Pelo contrário isso só exige de todos eles a dignidade de reconhecerem que não tendo, quando e caso não tenham,  perfil para a actividade política mais activa, devem ceder os lugares a quem tenha disponibilidade e queira trabalhar. Quando o problema na freguesia ou no concelho começa a ser o medo da própria sombra, então as coisas complicam-se e só se agravarão com o tempo.
O segundo aspecto tem a ver com a rotatividade de deputados - que me parece "forçada" e mediatizada desnecessariamente - alegadamente para que todos os concelhos tenham representantes no parlamento regional. Julgo que as pessoas não valorizam isso, porque acho que isso é passar-lhes um atestado de menoridade. O que os cidadãos querem é que os eleitos os defendam, que defendam os seus interesses e que olhem para os seus problemas e anseios. Quando um deputado é eleito ele passa a ser deputado regional e não um deputado ao serviço do concelho A, B ou C ou da freguesia X, Y ou Z. De que serve a um concelho ter um deputado só porque lá nasceu mas que na realidade entra mudo e sai calado ou que não tem nenhuma força política pessoal no seio do partido do qual faz parte? Zero. Portanto não venham com esse conversa dispensável porque cheira a falsidade e sobretudo a demagogia a um ano de eleições. Repito, o que os concelhos e as suas populações precisam é de pessoas que lutem pela Madeira em concreto, porque lutar pela Madeira é lutar pelas especificidades próprias de cada concelho ou freguesia. Aliás essa teoria idiota dos deputados pelos concelhos caiu por terra em 2007 com a nova lei eleitoral regional que impôs um círculo único - e não quero falar disso mais desenvolvidamente... - continuou em 2013 com os resultados das autárquicas e voltou a cair por terra em 2015 com as regionais e em 2017 com as autárquicas. Portanto as mudanças são opções políticas do PSD-M, umas mais lógicas que outras, todas legítimas, e ponto final. Nada de alindar as histórias porque ninguém acredita que a velhinha desprotegida e impotente é que vai comer o lobo mau (LFM)

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