terça-feira, outubro 07, 2014

União Europeia tem 13 milhões de pessoas desempregadas há mais de um ano

Segundo o Jornal I, "é um quadro de miséria na que devia ser uma das principais economias do mundo. Com 26,5 milhões de desempregados e um crescimento anémico este ano e provavelmente também em 2015, a União Europeia e também a zona euro não superaram a crise de 2008 e há o risco de voltarem a cair em recessão técnica a curto prazo. Perante esta realidade, as palavras optimistas deram lugar ao realismo. Por isso, a mais recente análise trimestral do Emprego e da Situação Social na União Europeia, ontem divulgada pela Comissão Europeia, reconhece que a recuperação económica "continua frágil" e a evolução do emprego "mantém-se marcada pela incerteza". Segundo o documento, desde meados de 2013, o emprego continuou a crescer em vários Estados-membros, entre os quais Portugal, e na maioria dos sectores, tendo aumentado o número de horas trabalhadas, mas, assinala a Comissão, "muitos dos novos postos de trabalho criados são a tempo parcial ou têm um carácter temporário". Por outro lado, "o desemprego continua próximo de níveis historicamente elevados", e os desempregados de longa duração representam uma vasta percentagem do desemprego total, com quase 13 milhões de pessoas desempregadas há mais de um ano, "tendência esta que se prevê irá continuar". "Além disso, um em cada três desempregados não tem trabalho há mais de dois anos", assinala a análise.
GARANTIA PARA A JUVENTUDE
O executivo comunitário assinala que, pela primeira vez desde 2011, "registou-se um ligeiro aumento dos contratos a tempo inteiro e melhorias da situação dos jovens no mercado de trabalho", mas sustenta que "os Estados-membros devem prosseguir os seus esforços para tornar a Garantia para a Juventude uma realidade e assegurar que todos os jovens são ajudados a encontrar um emprego digno ou orientados para oportunidades de formação, experiência ou aprendizagem relevantes para obterem um emprego no futuro". A reunião sobre o emprego dos líderes da UE, que se realiza amanhã em Milão, "constituirá mais uma ocasião para conferir uma dinâmica política de alto nível à implementação da Garantia para a Juventude", defende Bruxelas, referindo-se à conferência da próxima quarta--feira, na qual participará o primeiro- -ministro, Pedro Passos Coelho. "As tendências recentes mostram que a recuperação económica continua a ser frágil e as melhorias registadas são ainda modestas. Há crescimento, mas temos de garantir que se torna sustentável. Longe de abrandar os nossos esforços, temos de os manter para apoiar a recuperação macroeconómica e do emprego na UE", comentou o comissário pelo Emprego, os Assuntos Sociais e a Inclusão, László Andor.
RECESSÃO À VISTA
E, qual cereja em cima do bolo, o sentimento dos investidores na zona euro caiu em Outubro pelo terceiro mês consecutivo, fixando-se no valor mais baixo desde Maio de 2013, mostra um inquérito realizado pelo grupo de research Sentix. A queda foi mais acentuada que o previsto pelos analistas e o grupo já prevê uma nova recessão técnica. 
Bruxelas ameaça chumbar OE para 2015: Paris quer um défice nominal de 4,3% e estrutural de 0,2%
É um aviso à navegação europeia e um teste muito sério ao novo Tratado Orçamental, que alguns países, como França e Itália, querem flexibilizar antes mesmo de ser aplicado aos países que o ratificaram há pouco mais de um ano. A Comissão Europeia prepara-se para rejeitar o orçamento francês para 2015, depois de o ministro das Finanças do país ter revelado que a trajectória de consolidação orçamental no próximo ano ficaria aquém da que estava inicialmente prevista. A notícia é avançada pelo “Wall Street Journal”, citado pelo “Jornal de Negócios”, que, mencionando fontes oficiais europeias, diz que se tratará de um teste aos novos poderes de Bruxelas. No mês passado, Michel Sapin anunciou que o Orçamento do Estado para o próximo ano estará assente num défice orçamental de 4,3%, contra os 3% previamente acordados, e que o défice estrutural, ajustado dos efeitos do ciclo económico e expurgado de medidas extraordinárias, apenas baixará 0,2% do PIB, uma marca igualmente aquém dos 0,8% previstos. A recusa do governo francês de adoptar medidas adicionais de austeridade leva a que em Bruxelas se admita devolver a proposta de Orçamento a Paris, forçando alterações ao seu conteúdo. Ao conflito com a França poderá juntar-se um outro, com a Itália, que também já anunciou que não faz tenções de cumprir o ritmo de consolidação orçamental. À luz dos novos poderes, delineados após a crise financeira de 2008, a Comissão Europeia passa a ter capacidade de ditar alterações às propostas de orçamento nacionais antes de elas chegarem aos respectivos parlamentos. É este teste que a Comissão agora enfrenta, com as fontes europeias a dizerem ao “Wall Street Journal” que uma atitude mais laxista nesta frente “sinalizaria que a austeridade apenas pode ser imposta a economias mais pequenas, como a Grécia e Portugal”.