terça-feira, outubro 07, 2014

Jardel: Um cara de direita porque é direito demais

Escreve o Jornal I: "Domingo foi dia de eleições no Brasil. Num país que leva a democracia muito a sério, todos têm o direito a candidatar--se, desde que preencham um conjunto de requisitos básicos. E quem melhor do que alguém com ligações ao desporto para o fazer? Poucos, e as antigas glórias sabiam-no e correram em busca de um cargo na política, como deputado distrital, estadual ou federal, ou até mesmo como senador. Ao todo foram 38 as personalidades ligadas ao desporto que concorreram a uma nova ocupação, nas palavras de Mário Jardel, ou "Jardel Centroavante", o seu nome de candidato. Depois de uma entrevista no mínimo estranha, em que Mário Jardel mostrou um profundo desconhecimento da política, o antigo ídolo do Grémio conseguiu uma improvável eleição para deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, com 41 227 votos, ou seja, 0,67% do eleitorado. Mais que as palavras ou as razões pelas quais a sua carreira acabou prematuramente, os golos ao serviço do Grémio foram o seu maior trunfo. Mais precisamente 65 em 84 jogos, entre 1995 e 1996, que ajudaram o clube a conquistar dois campeonatos gaúchos, uma Taça dos Libertadores da América e uma Supertaça Sul-Americana. O campeonato português deu-lhe duas Botas de Ouro, tendo sido o único brasileiro a atingir tal feito. Não foi caso único no desporto a ter sucesso nas eleições. Houve quem chegasse a deputado federal ou até mesmo a senador. Contam-se oito nomes fora do futebol, entre eles quatro ligados ao voleibol, dois aos desportos de combate, uma ao bodyboard e um antigo judoca. Os restantes 30 nomes estão ligados ao desporto rei, na sua maioria antigos jogadores. Ainda assim, é possível encontrar sete actuais ou antigos presidentes de clubes, um antigo director de uma equipa e um ex-árbitro. Falta Esquerdinha, o massagista do Aparecidense que ficou famoso por entrar em campo e salvar um golo em cima da linha. Sobram 20 antigos jogadores de futebol. E quais são os mais famosos? Romário, Bebeto e Jardel, todos eleitos. De resto, seis dos 20 antigos futebolistas conseguiram os votos necessários para ganharem uma vaga. Romário, um dos heróis do tetracampeonato do mundo, é o melhor exemplo de como usar a fama alcançada nos relvados a seu favor. O antigo avançado foi eleito senador do Rio de Janeiro, com mais de 4,6 milhões de votos (63,43%), naquele que foi o melhor resultado na história do estado. Superou em muito os votos conquistados por César Maia, três vezes prefeito do Rio e actual vereador. Melhor que o Baixinho no mundo do desporto, só mesmo Fernando Bezerra de Coelho. O antigo presidente do Santa Cruz foi eleito senador por Pernambuco com 64,34% dos votos (mais de 2,66 milhões de votos). Bebeto, antigo companheiro de Romário na conquista do tetra, foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro, com poucos mais de 61 mil votos, o que equivale a 0,79% do eleitorado. O mesmo estado elegeu também outros dois desportistas, com grandes resultados. Danrlei, antigo guarda-redes do Grémio e do Beira-Mar, onde foi colega de Jardel, vai para o seu segundo mandato como deputado federal, depois de ter conseguido quase 159 mil votos, 2,7% dos votos. Também o antigo judoca João Derly vai ser deputado federal, tendo obtido mais de 106 mil votos a seu favor, ou seja, 1,81% dos eleitores.
CASOS
Romário: Senador
Eleito deputado federal em 2010, o Baixinho ganhou o apoio popular com as críticas ao Mundial. Conseguiu a maior votação para o cargo de senador na história do Rio de Janeiro.
Bebeto: Deputado estadual
O antigo companheiro de ataque de Romário na selecção brasileira que alcançou o tetra foi eleito deputado estadual para o Rio de Janeiro pelo Solidariedade, com 61 079 votos (0,79%).
Danrlei: Deputado federal
O antigo guarda-redes do Grémio e do Beira-Mar conseguiu uma vaga como deputado federal, com um dos melhores resultados de Rio Grande do Sul. Foram quase 159 mil votos (2,7%)"