"Basta olhar para a dra. Maria Luís para ver que não é uma pessoa esbanjadora. Seguramente que na sua casa gere de forma muito cuidadosa o orçamento familiar, esticando-o de maneira a chegar de forma equilibrada e honrada até ao final do mês. Mas faz mais – e foi isso que descobrimos esta semana: a dra. Maria Luís também coloca dinheiro de lado para qualquer eventualidade. É o mesmo que fazia a minha avó, dizendo que era para os alfinetes (o que sempre me fez alguma confusão, porqueos alfinetes não me pareciam assim tão caros).
Ora esta semana fomos surpreendidos ao saber que, para além dos 3500 milhões de euros de empréstimos garantidos pelo Estado ao Banco Espírito Santo, que transitaram para o Novo Banco; dos 3900 milhões que o mesmo Estado emprestou ao Fundo de Resolução; sabe-se agora que o governo decidiu injetar mais 1500 milhões de euros no Fundo de Resolução.
Mas decidiu mesmo? A dra. Maria Luís diz que não, diz que a verba já estava contemplada no Orçamento do Estado deste ano e que simplesmente vai transitar para o próximo ano. Mas andando o Governo a rapar tudo o que pode para reduzir drasticamente o défice, como se explica este aparente esbanjamento?
Ora, que não vos dê cuidado, avisa a ministra das Finanças. «Aquilo que nós dizemos é que existia uma disposição genérica de 1.500 milhões de euros que poderiam ser emprestados ao fundo de resolução. Não tinham nenhum destinatário particular, não tinham nenhum caso particular em vista e constavam já do orçamento original para 2014». E esqueçam: não é para nenhum novo aumento de capital do Novo Banco ou para um futuro caso de colapso de outra instituição financeira. O dinheiro está lá só porque sim.
É a isto que a minha avó chamava «ter dinheiro para os alfinetes»: uns euros (no tempo dela eram escudos) que se tinha de lado, algures numa caixa escondida numa gaveta, que serviam para qualquer aflição inesperada ou para aplicar numa pequena extravagância.
É esse sábio princípio que a dra. Maria Luís está a aplicar agora. Para lá do grande mistério de ninguém ter dado pelos 1500 milhões para o Fundo de Resolução que já estavam previstos este ano, mantém o mesmo valor para o ano, mesmo que não sirva para nada nem tenha nenhum destinatário em especial nem ela esteja à espera que venha a ser necessário recorrer a tal verba.
Como é evidente, no estado de enorme stress orçamental em que o país e a dra. Maria Luís vivem, faz todo o sentido. Aliás, tudo somado, entre financiamentos para o Fundo de Resolução emprestar ao Novo Banco, garantias para o Novo Banco (que vencem em 2015) e o tal pé-de-meia de mais 1500 milhões que a dra. Maria Luís magnanimamente colocou a mais no Fundo de Resolução já vamos em 8.900 milhões de euros.
Como é evidente, a dra. Maria Luís não vê como é que estes montantes destinados ao Novo Banco possam afetar negativamente o Orçamento do Estado para 2015 e o cenário macroeconómico em que assenta. Pelo menos foi o que disse numa primeira volta aos deputados quando esteve no Parlamento. Na segunda volta, mudou ligeiramente de opinião e admitiu que «os efeitos do BES sobre a concessão de crédito à economia são um fator de risco». Nada que um dinheirinho colocado de lado para os alfinetes não resolva" (texto do jornalista do Expresso diário, Nicolau Santos, com a devida vénia. Cartoon do Expresso diário)
Ora esta semana fomos surpreendidos ao saber que, para além dos 3500 milhões de euros de empréstimos garantidos pelo Estado ao Banco Espírito Santo, que transitaram para o Novo Banco; dos 3900 milhões que o mesmo Estado emprestou ao Fundo de Resolução; sabe-se agora que o governo decidiu injetar mais 1500 milhões de euros no Fundo de Resolução.
Mas decidiu mesmo? A dra. Maria Luís diz que não, diz que a verba já estava contemplada no Orçamento do Estado deste ano e que simplesmente vai transitar para o próximo ano. Mas andando o Governo a rapar tudo o que pode para reduzir drasticamente o défice, como se explica este aparente esbanjamento?
Ora, que não vos dê cuidado, avisa a ministra das Finanças. «Aquilo que nós dizemos é que existia uma disposição genérica de 1.500 milhões de euros que poderiam ser emprestados ao fundo de resolução. Não tinham nenhum destinatário particular, não tinham nenhum caso particular em vista e constavam já do orçamento original para 2014». E esqueçam: não é para nenhum novo aumento de capital do Novo Banco ou para um futuro caso de colapso de outra instituição financeira. O dinheiro está lá só porque sim.
É a isto que a minha avó chamava «ter dinheiro para os alfinetes»: uns euros (no tempo dela eram escudos) que se tinha de lado, algures numa caixa escondida numa gaveta, que serviam para qualquer aflição inesperada ou para aplicar numa pequena extravagância.
É esse sábio princípio que a dra. Maria Luís está a aplicar agora. Para lá do grande mistério de ninguém ter dado pelos 1500 milhões para o Fundo de Resolução que já estavam previstos este ano, mantém o mesmo valor para o ano, mesmo que não sirva para nada nem tenha nenhum destinatário em especial nem ela esteja à espera que venha a ser necessário recorrer a tal verba.
Como é evidente, no estado de enorme stress orçamental em que o país e a dra. Maria Luís vivem, faz todo o sentido. Aliás, tudo somado, entre financiamentos para o Fundo de Resolução emprestar ao Novo Banco, garantias para o Novo Banco (que vencem em 2015) e o tal pé-de-meia de mais 1500 milhões que a dra. Maria Luís magnanimamente colocou a mais no Fundo de Resolução já vamos em 8.900 milhões de euros.
Como é evidente, a dra. Maria Luís não vê como é que estes montantes destinados ao Novo Banco possam afetar negativamente o Orçamento do Estado para 2015 e o cenário macroeconómico em que assenta. Pelo menos foi o que disse numa primeira volta aos deputados quando esteve no Parlamento. Na segunda volta, mudou ligeiramente de opinião e admitiu que «os efeitos do BES sobre a concessão de crédito à economia são um fator de risco». Nada que um dinheirinho colocado de lado para os alfinetes não resolva" (texto do jornalista do Expresso diário, Nicolau Santos, com a devida vénia. Cartoon do Expresso diário)