quinta-feira, outubro 02, 2014

Opinião: "A moda das correspondentes de cibercafé"

"Um jornal, The Telegraph, contando um assunto dos nossos dias. A 24 de setembro desapareceu uma moça de Bristol, Inglaterra. Yusra Hussien, de 15 anos, embarcou com uma amiga de 17 para a Turquia e já terão passado a fronteira para a Síria. Ontem, a mãe de Yusra, Safiya Hussien, disse, olhando as câmaras:" Yusra, por favor, por favor, por favor, nós sentimos tanto a tua falta. Os teus irmãos e a tua irmã têm tantas saudades, tantas. Por favor - olha para mim..." Eis um testemunho, que é aquilo que os jornais têm como uma das suas funções trazer-nos. Não a treta de "Ângela, a noiva portuguesa da jihad" que vai ao cibercafé da Casa dos Segredos do Estado Islâmico e manda-nos: "Irmãs, não hesitem. Sinto-me tão bem como se tivesse sempre vivido aqui, sinto-me em casa. Insha"Allah, Alá irá reunir-nos a todos em breve." E de um jornalista que de joelhos foi degolado, escreve: "Ele não era mais do que um soldado americano que mata o nosso povo." E que graceja, mostrando a sua bolsa: "Sempre me perguntei o que uma mulher tem dentro da bolsa: bem, tenho uma pistola de 9 mm..." E estas imbecilidades recolhem-se sem confrontar a imbecil que as diz com a sua imbecilidade. E polvilha-se isto com um título idiota e a foto dos olhos lindos de Ângela. E deixa-se esta tolice a marinar no online do Expresso. Um dia, uma Augusta, de 15 anos, de Sintra, parte encandeada por Ângela. E ganhamos outra correspondente de cibercafé" (texto do jornalista FERREIRA FERNANDES, DN de Lisboa, com a devida vénia)