Escreve o DN de Lisboa que os "portugueses acham que o Governo se prepara para cortar na Saúde, Educação, Segurança Social e Defesa, mas por eles os cortes de quatro mil milhões de euros seriam feitos nas parcerias público- privadas ( PPP), juros da dívida e Defesa. Mais: Saúde, Educação e Segurança Social são as áreas onde menos se deve cortar, de acordo com o barómetro de fevereiro de 2013 do CESOP/ UCP, para o DN, JN, Antena 1 e RTP. 57 % defendem que Governo deveria cortar nas parcerias público- privadas 43 % consideram que o número de militares das Forças Armadas deve diminuir Apenas 1% dos inquiridos na sondagem aceita cortes estruturais nas áreas da Educação e da Saúde. O apoio aos cortes nestas três funções sociais do Estado – que o Governo elegeu como prioritárias na redução de despesa a apresentar à troika na sétima avaliação, que decorre atualmente – é ínfimo entre os inquiridos do barómetro. Apenas 1% dos portugueses, na Educação e Saúde, e 5% na Segurança Social, gostariam de cortar aí se a decisão fosse deles. E para 10% também já se atingiu o limite, ao recusarem que haja mais cortes ( há 2% que pensam que o Governo acabará por não fazer cortes). O dado mais relevante destes números traduz- se na dissonância entre o que os inquiridos pensam que o Executivo vai cortar e aquilo que gostariam de cortar. Há uma rejeição pelos portugueses do discurso do Governo de Passos Coelho ao apontarem, como áreas preferenciais para esses cortes, as PPP ( 57%), os juros da dívida ( 36%), a defesa nacional ( 33%) e uma “outra área” não especificada ( 29%). O primeiro- ministro e o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, têm- se referido quase exclusivamente à Educação, Saúde e Segurança Social ( nomeadamente, pensões) como as áreas para fazer os cortes de quatro mil milhões de euros, a “reforma do Estado” convocada pela maioria, que seria anunciada até ao final de fevereiro, o que não aconteceu. A convicção de que o Governo ouvirá os portugueses é pouca, havendo apenas concordância entre uns e outros valores sobre a Defesa ( 34% acreditam que o Executivo cortará em despesas deste sector, 33% cortaria também aí).
Propinas “não”
Não é o regresso ao velho slogan do início dos anos 1990, então acarinhado pelo atual primeiro- ministro, mas os portugueses rejeitam a ideia da possibilidade de se introduzirem propinas no ensino secundário, como Passos Coelho terá proposto no final de novembro, ao sugerir que a Constituição não travava uma alteração no financiamento do sistema educativo. O chefe de Governo admitiu então a introdução de copagamentos nos níveis de ensino que hoje são “gratuitos”, esclarecendo depois que não se referia a propinas. Uns convictos 85% estão contra essa possibilidade ( contra 12% a favor). No ensino superior, onde atualmente um estudante no público paga de propinas 1037 euros por ano, também os inquiridos rejeitam um aumento desse valor, com 60% a defenderem mesmo a sua diminuição ( contra 4% que defendem que se pague mais).
Pensões ‘ públicas’
A maioria dos portugueses inquiridos neste barómetro prefere que as pensões sejam “idealmente” pagas pelo Estado em função dos descontos do trabalhador para a Segurança Social pública ( 54%). Um sistema misto, em que essas pensões são pagas pelo Estado e por privados, em função dos descontos do trabalhador para a Segurança Social e para sistemas de proteção social privados, merece a concordância de 31% dos inquiridos. Os que gostariam de ver as reformas apenas nas mãos dos privados são 5%. Noutro item inquirido neste inquérito, o adjetivo “público” sai reforçado na avaliação dos portugueses. Cresce a confiança (“muita ou alguma”) na Segurança Social pública ( em detrimento de sistemas de proteção social privados); e na escola e saúde públicas ( com subidas de 59% para 79% e de 54% para 73%, respetivamente). Em tempos de crise, sobe a confiança nas associações de solidariedade social ( 68% – contra 56% em novembro de 2008), por oposição às “instituições que nos governam” ( mais 7% desconfiam destas).
No inquérito às dificuldades financeiras das famílias, notam- se ligeiras oscilações nas respostas, com menos gente a responder que sente dificuldades em fazer face às suas despesas. Mas o trabalho de campo foi antes dos portugueses receberem o salário de fevereiro”