domingo, março 03, 2013

Plano de reestruturação da RTP derrapa para meados de Março

Escreve a jornalista do Publico, Maria Lopes, que “o trabalho de negociação do Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento vai no segundo rascunho, com críticas da Comissão de Trabalhadores. Conteúdo é muito geral e sem medidas concretas. O plano de reestruturação da RTP, que deveria estar concluído para poder ser entregue hoje ao ministro Miguel Relvas, está atrasado e deverá derrapar para, pelo menos, meados deste mês de Março. Este atraso deve-se, em termos formais, ao cumprimento dos prazos legais para a troca de informação entre a Comissão de Trabalhadores (CT) e a administração, como impõe o Código de Trabalho em caso de reestruturação da empresa.
Ontem, a CT voltou a reunir-se com os administradores Luiana Nunes e António Beato Teixeira - o presidente está até hoje em visita a Moçambique com Miguel Relvas. A administração entregou um segundo rascunho do plano que junta dez páginas às iniciais 13. Não há, portanto, qualquer documento final para discutir e as opiniões sobre a contagem dos prazos dividem-se. A CT disse ontem, numa informação aos trabalhadores a que o PÚBLICO teve acesso, que "apenas poderá elaborar um parecer a partir de um documento final". Já fonte da administração defende que os 10 dias contavam desde dia 26. "O objectivo é que o plano seja feito a partir do projecto da administração e se transforme num documento comum entre os contributos da administração e da CT."
Há duas semanas que a administração tem consciência de que o prazo imposto por Miguel Relvas não seria cumprido. Na carta que mandou à CT a 18 de Fevereiro, com um primeiro rascunho do plano, pedia que aquele órgão enviasse perguntas no prazo de três dias - o que este fez. E estipulava que os dez dias que a CT tem para dar o seu parecer contariam a partir de dia 18 se não fossem remetidas questões ou então contariam apenas a partir da resposta da administração - que foi recebida pela CT na terça-feira, dia 26. A apreciação enviada pela CT à administração contém algumas críticas e um conjunto de duas dezenas de pedidos de esclarecimentos sobre o rascunho inicial, mas que ainda não terão sido completamente satisfeitos. Na informação distribuída ontem, a CT dizia ter "dificuldade" para "descortinar (...) alguma linha de pensamento sobre o futuro do serviço público de rádio e televisão".
A leitura do primeiro "rascunho-síntese" do Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento (PDR) deixa a ideia de que se trata de um documento produzido com base em directrizes de motivação organizacional, com uma abordagem também muito próxima da do marketing. A estratégia para 2013/2015 apoia-se em sete dogmas - universalidade, independência, excelência, diversidade, responsabilidade, inovação e "portugalidade" global e traduz-se visualmente na chamada "pirâmide estratégica virtuosa". Esta pirâmide é constituída pelos objectivos de vencer ("ser o pin na lapela de todos os portugueses"), servir (ser o meio de desenvolvimento do país), cumprir (ser o operador da UE com melhor relação qualidade/custo e ter 22% de audiência em 2014), e ser (cumprindo todos os objectivos que se propõe).
Sobre questões e objectivos concretos, como o tamanho ideal do quadro de trabalhadores e delegações, projecções económico-financeiras ou estratégia de audiências e programação, não há referências. Fala-se em necessidade de crescimento da receita, para o que ajudará a "estabilização da audimetria" e a "alavancagem das sinergias externas e internas". O redimensionamento far-se-á, grosso modo, com a redefinição da estrutura orgânica (não especificado), redução dos fornecimentos externos e promoção dos recursos internos, um novo "programa social para rescisões amigáveis" que conta com 30 milhões de euros, e racionalização de meios da delegações. A que se soma uma "transformação organizacional" e "cultural" da liderança e do trabalho em equipa”.