quarta-feira, março 21, 2012

Opinião: "A cobardia de insultar sem dar cara ou nome"

"É espantosa a forma como algumas pessoas usam a internet, os blogues e até os comentários àquilo que lêem nos jornais, para criticar acintosamente este ou aquele, escondendo-se vergonhosamente atrás do anonimato. O senhor X ou a pessoa Y, acusada de alegadamente ter pecado por palavras, actos ou omissões, não tem outra hipótese senão o de ignorar os insultos que alguém que não dá a cara, muito menos o nome ou o número do bilhete de identidade, decide dirigir-lhe. Ou de encolher os ombros, se lhe forem depois repetidos como verdade universal. Não tem hipótese de responder, nem sequer de esclarecer, nem tão-pouco de fazer queixa às autoridades. Ou seja, não goza dos mesmos direitos que a lei concede a qualquer cidadão difamado. Mas esse desequilíbrio é a força do cobarde. E o pior são as idiotices pegadas que escrevem. Porque ser obrigado a assumir as consequências daquilo que se diz publicamente leva a pensar duas vezes, a fundamentar acusações e a reunir provas. É assim que funciona a comunicação social livre, é a democracia. Porque quando as pessoas não são responsáveis pelo que afirmam, e ainda por cima têm a certeza de que só muito dificilmente alguém chegará até elas, fica apenas o insulto gratuito que não interessa a ninguém.
Estes atiradores possuem um perfil muito semelhante entre si, nomeadamente o de saberem que mentem, e terem consciência da imoralidade do que fazem. Possuem a mente delirante e paranóica de um louco, apaixonado por teorias conspiratórias e forças ocultas, mas não o são. Porque os genuinamente loucos não se escondem.
Este novo mundo virtual precisa urgentemente de legislação, que armas tecnologicamente mais sofisticadas vão permitir implementar. Por agora, a única coisa que resta a quem quer preservar o bom nome, é a consciência de que o que dá credibilidade a uma informação é o nome de quem a subscreve, e o meio que o veicula. Insultos declamados geralmente através dos nomes mais ridículos falam apenas do estado mental e da coluna vertebral de quem os escolhe. Um bom tema para os psiquiatras portugueses reunidos esta semana em congresso
” (por Isabel Stilwell, jornalista e escritora. Directora do jornal Destak, foi directora, igualmente, da revista Notícias Magazine, com a devida vénia)

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