Já todos sabemos que Gaspar não tem sensibilidade social nenhuma. Vive a pensar em números, dorme a pensar em números, sonha a pensar com números, tem pesadelos por causa dos números, acorda a soletrar a tabuada. Gaspar mais do que um tecnocrata trazido para a ribalta mediática - ninguém o conhecia de lado nenhum - é sobretudo um funcionário de instituições bancárias que precisa de cuidar da sua imagem, e apresentar resultados para ter aspirações profissionais. Dir-me-ão que isso é normal e legítimo. É sim senhor, digo eu. Mas o que não pode, não deve, não tem o direito é de andar a gozar com todos nós. De insultar todos os portugueses. Já percebemos afinal porque razão António Borges deixou apressadamente o FMI e lhe deram um tacho partilhado pela privada e pelas privatizações numa promiscuidade que insulta a inteligência dos portugueses. Já percebemos todos o que se passou para que o reformado Catroga saltite de galho em galho até encontrar ninho fácil (sugerido por quem?!) na EDP. E como uma espécie de cereja no bolo eis essa tirada brilhante de Gaspar de convidar o seu antecessor (melhor dizendo, de impor à CGD que o faça), Teixeira dos Santos, para ocupar um dos dois lugares de administradores que o banco estatal tem direito na PT.Não se trata - porque acho isso asqueroso - de fazer a apologia da tese de que é preciso "queimar" o ex-ministro das Finanças, só por ter sido ministro de um governo socialista. Tão pouco opino em função do que ele fez à Madeira e que todos se lembrarão. Nada disso. Teixeira dos Santos foi o rosto, juntamente com Sócrates, da falência de Portugal, do descalabro das finanças públicas e do memorando de entendimento assinado em Mio de 2011 que trouxe austeridade para Portugal. Convidá-lo apenas para compensar o apoio que Teixeira dos Santos tem dado ao Ministro das Finanças, ignorando que ele está obrigatória, ética e politicamente comprometido a a subscrever as medidas tomadas - sobretudo devido ao pelo seu envolvimento em tudo o que aconteceu até 2011 e por ter sido ele a negociar esse memorando com a "troika" - é insultuoso. Mas o ministro das Finanças insulta essencialmente o PSD reunido em congresso, insulta as bases do PSD, insulta os milhares de portugueses aos quais impôs austeridade, insulta os milhares de trabalhadores atirados para o desemprego graças às alterações à legislação laboral, insulta a educação e a saúde cada vez com menos recursos ao contrário do BPN e de outros cancros que o sr. Gaspar tanto defende e permite que gastem milhões. Gaspar insulta as famílias e as empresas com menos rendimentos disponíveis, graças a medidas de austeridade que por ele têm sido anunciadas, insulta os madeirenses pelo rigor de um plano financeiro que não imporíamos nem aos nossos piores inimigos. Gaspar caso se confirme ter sido ele, e tudo indica que foi, a causa desta absurda palermice - mais uma - imputável a este patético governo de coligação que nos governa, das duas uma: ou se demite e põe-se a milhas ou é obrigado a recuar imediatamente. Basta de hipocrisia, basta de uma forma patética de fazer política. Repito, não se trata de querer crucificar Teixeira dos Santos que certamente terá que fazer a sua travessai no deserto. Mas convidar o ministro das Finanças do anterior governo, nove meses (!!!) depois de ter saído do governo para um lugar destes, mesmo que não se dê por ele., é insultuoso para todo um país que pagará por muitos anos as asneiras que foram caladas, silenciadas, ignoradas, desvalorizadas ou escondidas pelo anterior ministro das Finanças. Ou será que o governo de coligação anda interessado em "calçar" o PS com estas tristes figuras numa altura em que a estabilidade social se agravar e as autárquicas se aproximam?
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