sexta-feira, março 23, 2012

A verdade não tem cor nem donos

Há uma coisa que me incomoda no jornalismo e que tem a ver com uma estranha aplicação de critérios que questiona a isenção com que os assuntos são tratados. Dou como exemplo uma situação recente, passada com o SESARAM e o Hospital, para que as pessoas meditem muito a sério, e de forma isenta e pragmática, sem influências externas ou emotividades balofas, sobre uma realidade concreta. Não estou a querer dizer que o jornalismo feito no Jornal da Madeira é isento e exemplar. Nada disso. Mas recuso aceitar que esse argumento seja imediatamente atribuído ao DN do Funchal só porque não é público ou porque é politicamente correcto. Afinal quando um departamento do governo, esclarece uma notícia, não tem direito ao mesmo destaque? Será necessário andar a recorrer sistematicamente à lei de imprensa para que se consiga um patamar elevado de isenção? Será que existe apenas uma verdade e que no jornalismo não há o contraditório? Pelos vistos os problemas existiram - aliás quem não se apercebeu que existem problemas devido à falta de dinheiro?... - mas estando normalizada parece-me que essa situação, particularmente a transferência de dinheiro para o SESARAM e o pagamento de 8 milhões a fornecedores, deveria ter sido objecto de tratamento informativo com adequado destaque, pelo menos com referência na 1ª página. Mesmo que não fosse semelhante à "cácha" de primeira página destinada a gerar algum alarmismo. Existiram problemas? Parece que sim. Mas julgo que foram resolvidos. Como é que se pode aceitar em nome da isenção deontológica e do rigor ético que seja mais importante, mesmo tratando-se de uma empresa privada, destacar apenas os problemas, quando os sopros (ou os SMS) chegam às redacções, regra geral por sugestão interesseira, a que se junta alguma especulação à qual prontamente se associou, neste caso e uma vez mais, o CDS, e depois, quando se trata de esclarecer os factos e de dar conta da solução, ninguém se aperceba que isso aconteceu? Se acham que não tenho razão, se acham que não existe uma lógica de racionalidade nisto, se acham que o rigor não é fundamental, então façam o favor de fazer o que já fizeram antes, de me atacarem, mesmo usando terceiros para o fazerem. O que acabo de dizer não é nem um ataque nem uma critica, mas apenas uma sugestão em nome da salvaguarda de regras que são essenciais ao próprio jornalismo. Quanto muito podem ou não concordar com o que acabo de escrever. Não mais do que isso.

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