quarta-feira, outubro 12, 2011

Mais um barrete de Sócrates: de 17 500 empregos, apenas uma trabalhadora…

Segundo o Jornal I, "num texto da jornalista Márcia Oliveira, “em 2008, José Sócrates, lançou um projecto que prometia investimento e emprego. Em 2011 continua deserto. Três anos e meio após o lançamento da plataforma logística Lisboa-Norte, para a qual estava previsto um investimento de 265 milhões de euros e a criação de 17 500 empregos, ainda não foi construído um único pavilhão e as obras estão paradas há meses. O empreendimento está sedeado na freguesia de Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, e foi apresentado no dia 11 de Março de 2008, com a presença do então primeiro-ministro, José Sócrates. António Ventura Reis é o presidente da Junta de Freguesia de Castanheira do Ribatejo e ao i recorda que mal teve conhecimento do projecto foi contra a sua concretização, devido ao impacte ambiental que previa. Segundo o autarca, o terreno escolhido para o projecto continha uma reserva agrícola e ecológica importante: “Incluía um lençol de água doce que era um dos maiores da Europa”, sublinha António Reis. “Precisamos de investimento, de empresas para substituir aquelas que têm fechado, mas também não nos vendemos por qualquer preço”, acrescenta. Só que, segundo o autarca, “a maioria das forças foi quem decidiu, neste caso, foi o governo”. Para além do impacte ambiental, António Reis, diz que próprio terreno onde está instalada esta plataforma logística tem outro grande problema: Castanheira do Ribatejo é uma zona baixa e aquele terreno é na sua maioria feito de tijolo, como tal, foi necessário deslocar vários aterros de terra de quase cinco metros: “Como eu costumo dizer, deslocou-se a Serra de Alenquer para a Castanheira” diz o presidente da Junta. “Chamo-lhe um elefante muito grande, um elefante branco. Fez-se um investimento, promessas de 15 mil postos de trabalho directos e mais cinco ou 7 mil indirectos. E quantos é que existem? Zero. Só houve postos de trabalhos na altura para o aterro e por causa do saneamento. A partir daí, nada. Não há ninguém que trabalhe ali”, lamenta António Reis. No entanto existe pelo menos uma funcionária que trabalha na plataforma. A Abertis Logística, empresa promotora espanhola, que anunciou um investimento de 265 milhões de euros e a criação de milhares de postos de trabalho tem um stand de vendas no local. Há uma pequena loja no meio do nada, que está rodeada de redes metálicas e tem um grande portão à entrada. Lá dentro tem uma única funcionária com quem o i tentou falar, mas só conseguiu obter uma breve resposta e pelo intercomunicador:_“Não vou prestar declarações, tem que pedir autorização por e-mail”, disse. O i tentou contactar o responsável pela empresa em Portugal, mas surpreendentemente foi novamente a funcionária da loja que se encontra na plataforma que atendeu e disse que tínhamos de enviar um e-mail para que pudesse, por sua vez, reencaminhar aos responsáveis. Sendo assim, o i tentou falar directamente com a empresa espanhola mas até ao fecho do edição não foi possível. Em declarações à Lusa, Josep Canós, director-geral da Abertis Logística chegou a afirmar que a plataforma ia oferecer “armazéns modernos e versáteis numa área de construção de 500 mil metros quadrados (quase 50 campos de futebol). Segundo o director, era intenção da empresa “começar a comercializar os primeiros armazéns durante 2011”. Mas a realidade no local é bem diferente e nenhum armazém foi construído ainda. Aliás, segundo trabalhadores naquela área, não se vê ali ninguém há meses. Joaquim Silva diz ao i que existiram muitas promessas de postos de trabalho para a população da região, muitas ideias para indústrias, mas que ninguém aparece no local há meses. “É que para além de isto não dar lucro, é triste ver este terreno todo iluminado à noite. Mas para que é que isto tem tanta luz?
“Aquele buraco é maior do que o da Madeira parece-me”
Não percebo. Tanto prejuízo de electricidade para nada”, lamenta o ferroviário de 53 anos. Eusébio Mota quando questionado sobre o assunto, responde sem rodeios:“Aquele buraco é maior do que o da Madeira parece-me”. As únicas obras visíveis, e que a população nota que existem e que ainda decorrem, prendem-se com os acessos à Auto-Estrada 1 e à Estrada Nacional 1, estando os cerca de 100 hectares daquele espaço delimitados pela central termoeléctrica do Carregado e pela nova estação de caminho de ferro de Castanheira do Ribatejo, vedados com arame e blocos de cimento. “Centenas de viaturas pesadas passaram nas vias municipais para fazerem esses acessos directos para a plataforma e nenhuma delas está preparada para um tráfego de camiões com tanta intensidade. Portanto, não só destruíram as estradas todas como não as reparam e estava acordado que o deviam fazer”, lamenta António Reis. “Nem respeito pela população tiveram”, desafiava o autarca. A Junta de Freguesia não se conforma e afirma que embora tenham a noção que “têm de esperar, não vão estar quietos nem calados”. Continuar a protestar e a chamar a atenção é o objectivo de António Reis que critica também a câmara, dizendo que já deviam ter dado um “basta” a toda esta situação. “Ninguém sabe o que se passa, o que se vai fazer, nem o que está previsto. Nem sequer a Câmara Municipal tem tido capacidade de dizer basta. Não podemos esperar mais”, continua o autarca. Quando questionado sobre o futuro do empreendimento, o presidente da Junta não tem dúvidas e diz que não vê futuro para o espaço que devia receber novas empresas e criar milhares de postos de trabalho: “Gostava muito de estar enganado mas não me parece”, conclui António Reis”.

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