quarta-feira, setembro 28, 2011

Opinião: "PAPAGAIOS REPUGNANTES"

"Sinceramente acho que este novo líder do PSD do Porto, saído não se sabe de onde, que ganhou protagonismo graças ao facto de Marco António ter sido nomeado secretário de Estado, das duas uma: ou tem uma espécie de fobia esquizofrénica anti-madeirense, que se cura com uma estadia prolongada numas termas quaisquer, ou pior do que isso, é incompetente, tem a mania que é espertalhão, vive para o mediatismo comunicacional e resolve dar nas vistas cada vez que arrota, insistentemente, perorando sobre teorias tão tontas que só deixam mal o seu autor.
O senhor Virgílio Macedo deve ser outro, mais um, daqueles que ficam convencidos que cada vez que abre a “jaca” (é um termo madeirense…) para “arrotar postas de pescada” contra os insulares e particularmente a Madeira, ganha votos e credibiliza-se. Bom proveito lhe faça. De facto, comparar a insularidade com continentalidade, comparar o Funchal com o Porto, falar de preços de viagens, como se a esmagadora maioria dos madeirenses não pagassem em média 200 e mais euros para saírem da Região (e sem alternativa que não seja o avião), falar de saúde e de taxas moderadoras em duas regiões – Madeira e Açores – que são as que mais falta de médicos têm – falar de portagens, quando esconde os milhares de milhões, repito, milhares de milhões gastos em auto-estradas no Norte do País, quando exige sacrifícios e empola os 5.800 mil milhões da dívida da Madeira mas esquece os milhares de milhões, cerca de 50 mil milhões de euros, que SCUTs e PPP essencialmente no norte custarão aos portugueses, quando nem fala nos 3.000 mil milhões de euros de prejuízo do metro do Porto, dos cerca de 500 milhões de euros que o Estado teve de pagar à pressa a bancos estrangeiros e reportados a dívidas desta empresa, insinuar que não temos pago os sacrifícios exigidos aos portugueses pelas asneiradas que têm sido feitas, mesmo por governos do PSD anteriores a este - até ver... - sobre os quais este "papagaio" nada disse nem nunca deu sinal de crítica ou de indignação, é no mínimo insultuoso. E patético. Diria mesmo ofensivo. E nem mesmo o facto de lamentar que alguns indivíduos utilizem, destacadamente, estas afrontas idiotas – porque para eles tudo lhes serve no desespero desde que sirvam para a atacar a governação regional e quem a lidera em particular - só porque num determinado momento, num determinado contexto e dados os objectivos específicos, disfarça o essencial, tudo o que de doentio está subjacente a este tipo de consideração colonialista, sectária e mentirosa.
Se estas considerações nojentas continuam a ser uma “arma” de arremesso, quando elas insultam a dignidade colectiva das pessoas, de um povo insular em concreto, quando elas nem merecem um comentário crítico de condenação mas antes aplausos timidamente eufóricos, então estamos realmente a atravessar uma conjuntura política de absoluta podridão, onde vale tudo porque deixou de haver dignidade, regras éticas, enfim, já não há prioridades comuns, que pela sua importância tinham que estar acima de tudo - sobretudo de discussões ou divergências de ”lana-caprina” - como é o caso da nossa defesa colectiva – e direi rigorosamente o mesmo quando se referirem nos mesmos termos aos açorianos. Repugna-me por isso a forma como se encaram estas declarações absurdas que deveriam merecer veementes protestos e repulsa, e nunca, como no caso de algumas pessoas e alguns sectores, políticos ou não, o aplauso. Porque não podemos ser coniventes, independentemente das diferenças de pensamento ou opções ideológicas, com a provocação e a humilhação. Ninguém é perfeito, todos cometemos erros, todos somos seres humanos não perfeitos. Mas não temos a obrigação de nos curvarmos perante os que nos humilham, sobretudo quando se tratam de patos-bravos saídos de algum galinheiro de oportunistas à procura de tacho. E que entachados estão!
Quando um absurdo dirigente partidário social-democrata afirma o que afirma – “é inaceitável" que as regiões autónomas tenham determinados privilégios, nomeadamente taxas de IRS, IRC e IVA mais baixas, estradas não portajadas, não pagam taxas moderadoras da saúde, impostos especiais sobre o consumo mais baixos e gasolina mais barata. Pasme-se! É mais barato a um madeirense ir do Funchal a Lisboa de avião que qualquer um de nós ir de carro para Lisboa. Isto, na minha opinião, não é aceitável” - o melhor que temos que fazer, para além da repulsa, é não perder tempo com gentinha deste calibre, mesmo que sejam deputados à Assembleia da República como parece ser o caso. Se a União Europeia reconhece a ultraperiferia e a insularidade como especificidades próprias no seio da União, que inclusivamente originaram programas comunitários específicos, como é que agora um indivíduo qualquer, armado em "carapau de corridas" resolve perorar asneiradas desta natureza? De facto, estou cada vez mais convencido que com estes "papagaios" e quando estas "vuvuzelas" se juntarem todas, o PSD vai outra vez cair no fosso, porque é uma sina que o persegue. Estamos a falar do mesmo indivíduo que ontem atacou o governo de Passos Coelho de ter "tiques de centralização de competências”, usando o "argumento da racionalização". Criticas que se alargaram ao facto de não ter sido feita "praticamente nenhuma nomeação para a administração central”.
Se estes indivíduos acham que os madeirenses e açorianos, por serem insulares, são chulos que vivem à custa dos continentais, que dizer então do facto do Norte – e lamentavelmente tenho que o referir - ser a região do país onde o Estado social, alimentado com os impostos de todos os portugueses, mais despende? Não é isso que importa, nesse é essa solidariedade para coma s regiões mais pobres que é questionável. O que me preocupa é que determinados partidos pareçam entregues a “analfabetos” políticos. Como é que se pode afirmar que "se a região autónoma da madeira ou dos açores necessitassem de algum plano de reequilíbrio financeiro as suas populações deveria efectuar exactamente os mesmos sacrifícios que a restante população de Portugal continental", quando é mais do que evidente que madeirenses e açorianos pagam pelos sacrifícios que a falência do País colocou a todos nós, exactamente ao contrário do que o papagaio diz. Aliás, ninguém o ouviu falar quando a falência de Portugal - em grande parte com o contributo de milhares de milhões de euros de investimentos feitos no norte e de empresas públicas no norte, de estradas e auto-estradas no norte sem rentabilidade, etc – deu no que deu. Quem sabe se andava provavelmente distraído com negócios ou outras prioridades?!
Três perguntas finais:
- quanto custou o metro do Porto? 600 milhões de euros? Qual o desvio da obra?
- qual o custo das obras do aeroporto do Porto sobretudo da gare (a do Funchal está a ser paga, cêntimo a cêntimo, pela Madeira)? Cerca de 500 milhões de euros com derrapagem de 100 milhões de euros?
- qual o investimento em auto-estradas nos últimos dez anos na zona do grande Porto e no Norte? E qual a rentabilidade desses investimentos? Qual o montante dos custos, em PPP e SCUTs para o País? Só 1.200 milhões de euros este ano num valor estimado de 50 mil milhões até 2020?
- quanto custaria a 3ª auto-estrada entre o Porto e Lisboa em regime de concessão? 4.000 milhões de euros?!!!
Será que vale a pena entrarmos por esta discussão idiota e nesta espécie de caça às bruxas absolutamente patética?
" (LFM, in Jornal da Madeira)

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