quarta-feira, setembro 28, 2011

Açores: Defesa avalia concurso polémico para a construção de dois ferries...

Escreve a jornalista Andrea Cruz do Publico que “a Atlânticoline, que opera nos Açores, é acusada de deixar os estaleiros nacionais fora do projecto. O Ministério da Defesa e a Empordef, a holding do Estado que controla as indústrias de Defesa, estão a "avaliar" o concurso lançado, na semana passada, pela Atlânticoline para a construção de dois ferries. As condições impostas pela empresa pública açoriana, na prática, afastam do projecto os estaleiros de Viana do Castelo, de Peniche e de Aveiro. A obrigação de os candidatos terem construído e entregue, nos últimos três anos, pelo menos dois navios monocasco de 30 metros de comprimento, com um valor unitário mínimo de sete milhões de euros, é uma das condições do novo concurso que mais contestação suscita. Outra diz respeito à exigência de apresentarem um volume de construção anual superior a 15 milhões de euros, nos últimos três anos. Com base nestes critérios, as empresas nacionais afectadas são os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), os de Peniche e a Navalria, em Aveiro. A Associação Portuguesa das Indústrias Navais (AIN) diz tratar-se de um "boicote" e o presidente da Câmara de Viana do Castelo já pediu nova audiência ao secretário de Estado da Defesa, face àquilo que diz ser o silêncio do "Estado português" em torno desta questão. Recorde-se que, há cerca de dois anos, a Atlânticoline rejeitou o ferry Atlântida por não cumprir a velocidade contratada aos Estaleiros de Viana do Castelo. Fonte do gabinete do ministro José Pedro Aguiar Branco adiantou que "nesta fase não haverá declarações sobre o assunto", mas garantiu ao PÚBLICO que o concurso "não passou despercebido" e que "tanto o ministério como a Empordef estão a analisar o processo". A mesma fonte governamental escusou-se, no entanto, a equacionar os cenários que se poderão colocar, caso a avaliação se venha a revelar negativa. A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo manifestou "perplexidade" com a situação. No final de uma reunião, ontem, na Câmara de Viana, o coordenador António Barbosa adiantou que "alguém de direito tem que puxar as orelhas a quem tem de puxar". O presidente da Atlânticoline desvalorizou a polémica em torno do concurso. Carlos Reis assegurou que a empresa "não está contra os Estaleiros de Viana ou contra os estaleiros nacionais" e afirmou: "Fomos nomeados para defender os interesses da Atlânticoline e achamos que este concurso defende os interesses da Atlânticoline".

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