Todos os governantes alegadamente sob investigação judicial, sempre disseram estar disponíveis para prestar declarações à justiça, esclarecendo tudo o que o MP tenha contra eles e reclamando a sua inocência. Mas quando os pedidos de levantamento da imunidade parlamentar chegam à ALRAM, assistimos a um estranho "engonhar" processual e ao protelar de decisões que deviam ter sido muito mais céleres, desde logo em benefício dos visados. E isto nada tem a ver com o cumprimento dos prazos legais que acredito tenham sido integralmente cumpridos, mas à percepção, dada a natureza do que está em causa, como pano de fundo, que poderiam e deveriam ser encurtados. Este erro (?) tem custos políticos e de imagem e provavelmente o anúncio, hoje, de uma previsível moção de censura - que Ventura exigiu ao Chega-Madeira que fosse apresentada - teve essa contradição aparente como um dos aceleradores da formalização. No fundo, sabemos todos, é Ventura quem lidera o Chega-Madeira. No Chega - e não só neste partido - já percebemos que não há demasiada corda solta às estruturas regionais e locais. O resto é conversa fiada. A tal "resistência" do Chega-Madeira não passou de um mero compasso de espera, na expectativa de que surgisse um "empurrão", concretizado com a notícia, esta semana, do estranho processo judicial, mais um, desta vez envolvendo Eduardo Jesus, num caso que continuamos sem saber do que se trata, já que parece nada ter a ver com efectivos actos de corrupção. O que se passa é que há uma desastrosa gestão política de uma sucessão de acontecimentos que fragilizam a governação, entalam o PSD-Madeira e desacreditam a política em geral, mesmo que ninguém tenha sido ainda acusado, julgado e condenado, se for caso disso. A imagem pública das instituições e dos seus titulares é muito importante. Se formos para eleições é bom que no PSD-Madeira tenha a racionalidade e o pragmatismo qb e que as bases tenham a coragem de exigir decisões que já deviam ter sido tomadas, passíveis de estancar uma degradação acelerada e descontrolada do estatuto de pessoas e da respeitabilidade de entidades públicas. Quando tudo se resolver, na sequência destes processos todos - e de outros que possam surgir direccionados para outros partidos regionais e outras entidades públicas que não o GRM - então será o tempo de fazermos justiça e dos protagonistas exigirem a condenação, por via judicial, caso queiram, de quem tentou (e tenta) se substituir à justiça e promover "julgamentos" populistas na praça pública. Enquanto isso a Madeira, a política, o PSD-Madeira, não se compadecem com este tempo da justiça. Nem o PSD-Madeira pode durar muito mais tempo neste desgaste constante e nesta ameaça de nova instabilidade política, apenas "adiada" pelo Verão e pelos tais seis meses, contados depois das últimas regionais (Maio de 2024), que travam que MRS dissolva o parlamento e convoque novas eleições regionais. Algo que, caindo o GRM, poderá acontecer lá para Janeiro ou Fevereiro. Continuo a pensar que uma remodelação governamental poderia ajudar a clarificar a situação e a travar alguns dos "fundamentos" políticos destas novas perspectivas abertas pela censura do Chega. E isso deveria partir, desde logo, dos governantes alegadamente associados a processos judiciais ou suspeitos de actos ilícitos no quadro das suas responsabilidades governativas. Desculpem mas este não é um tempo nem para "recados" através dos mídia, nem para "paninhos quentes", como se nada se passasse. Mantendo-se tudo como está, não tenho dúvidas que a oposição vai votar toda junta, a censura, mesmo com o ónus de, com isso, darem ao Chega um "trono" que não merece. E mesmo que tal desfecho não se concretizasse, a remodelação - que já deveria ter acontecido - é cada vez mais inevitável. Ou mais alguém vai avançar com outra censura ao GRM ou deixar isso para depois do orçamento regional aprovado, como deveria ter acontecido (LFM)
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