A Venezuela advertiu o Reino Unido e a Guiana que vai responder de maneira oportuna e legítima às ameaças à soberania nacional, no âmbito do diferendo sobre Essequibo. A oposição venezuelana exigiu, este sábado, o afastamento do navio de guerra do Reino Unido que na quinta-feira chegou às Caraíbas para participar em exercícios militares conjuntos com a Guiana, numa altura de crescentes tensões pelo diferendo territorial pelo Essequibo.
“Levantamos a nossa voz em repúdio à provocação desnecessária no território de Essequibo e apelamos à retirada imediata do navio de guerra britânico”, afirma a Plataforma Unitária Democrática (PUD), num comunicado divulgado nas redes sociais. No comunicado, a PUD “reitera” que “os venezuelanos têm documentos legais sólidos para defender o território de Essequibo”, que “devem ser apresentados ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) para garantir que tome uma decisão em conformidade com as leis”. “Exigimos igualmente a validade do Acordo de Genebra de 1966 como único instrumento para a solução prática e satisfatória do conflito de uma forma pacífica. Por tal motivo, rejeitamos a presença do navio de guerra britânico no território em reclamação, por tratar-se de uma ação provocadora e desnecessária”, sublinha a PUD. Por outro lado, a PUD apela “às partes [Venezuela e Guiana] para que construam soluções através dos canais diplomáticos”. A Venezuela iniciou, quinta-feira, exercícios militares junto à fronteira com a Guiana, em "resposta à ameaça" do Reino Unido, que enviou um navio de guerra para a zona em plena crise sobre Essequibo.
Segundo o Presidente Nicolás Maduro, a primeira fase dos exercícios militares venezuelanos inclui 5.682 combatentes com patrulhas, aviões de combate F-16 e Sukhoi e várias embarcações. No mesmo dia, a Venezuela advertiu o Reino Unido e a Guiana que vai responder de maneira oportuna e legítima às ameaças à soberania nacional, no âmbito do diferendo sobre Essequibo, sublinhando que "repudia e rejeita a interferência do Reino Unido na disputa territorial”. Por outro lado, afirmou, em comunicado, que “rejeita de maneira categórica a chegada do navio “HMS Trent”, da Marinha britânica, às costas da Guiana, o que constitui um ato de provocação hostil e uma violação da recente Declaração de Argyle [São Vicente e Granadinas], assumida como um plano para resolver a disputa territorial sobre a Guiana Essequiba”.
Em 14 de dezembro, a Guiana e a Venezuela chegaram a acordo para não usar a força para resolver o diferendo sobre a região de Essequibo e usar o diálogo para reduzir as tensões bilaterais. O anúncio foi feito numa conferência de imprensa sobre os acordos alcançados pelos Presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Alí, durante um encontro em São Vicente e Granadinas.
A região de Essequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como “zona em reclamação”, está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra. Com cerca de 160 mil quilómetros quadrados, Essequibo é rico em petróleo, representa mais de dois terços do território da Guiana e abriga cerca de um quinto da sua população, ou seja, cerca de 125 mil pessoas.
Para a Venezuela, o rio Essequibo devia ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris. Entretanto, a Guiana autorizou já oito empresas petrolíferas estrangeiras a explorar jazidas petrolíferas em águas reclamadas pela Venezuela. Em 3 de dezembro, a Venezuela realizou um referendo consultivo em que mais de 95% dos eleitores que participaram votaram a favor das intenções do Governo de anexar Essequibo aos mapas venezuelanos. Entretanto, o Presidente venezuelano assinou seis decretos para recuperar Essequibo (Expresso)
Sem comentários:
Enviar um comentário