sexta-feira, outubro 15, 2021

O seu Wi-Fi revela por onde anda - e esses dados podem ser recolhidos sem você saber. Esta é a prova (e saiba como o evitar)



Não é uma vulnerabilidade, não é um ciberataque, mas pode ser uma lacuna técnica que permite que qualquer curioso, sem grande esforço, recolha dados sobre as conexões Wi-Fi que são feitas pelos telemóveis de desconhecidos. O que fazem as pessoas que caminham na rua com Wi-Fi ligado? E se for o sistema Bluetooth do carro? Dois especialistas da empresa CyberS3c aceitaram o repto e responderam literalmente às duas questões.

No primeiro caso, bastou uma mão cheia de segundos para os dois especialistas em cibersegurança recolherem dados apresentados pelos telemóveis de centenas de pessoas enquanto cruzavam um espaço público de Lisboa – e com isso ficaram em condições de recolher informação que indicia locais visitados e rotinas do dia.

Para obterem esta informação, os responsáveis da CyberS3c apenas necessitaram de comprar uma antena de Wi-Fi que funcionou como potencial recetor das comunicações de telemóveis que se encontram com Wi-Fi ligado nas imediações, e ainda um sistema operativo Linux no computador (mas também dar para fazer o mesmo com alguns sistemas operativos Windows).

O lapso da ligação entre os telemóveis de quem passa e o portátil com a antena comprada na Internet por 15 euros bastou para recolher listas de outros recetores a que os utilizadores em causa se conectaram no passado – e sem qualquer ilegalidade envolvida no processo.

Com esta informação, e eventualmente o cruzamento com mapas e pesquisas na Internet, seria possível conhecer os hábitos de uma ou mais pessoas, mas os investigadores lembram que esta divulgação de dados não se deve a uma vulnerabilidade ou ataque, mas à própria forma como opera o Wi-Fi, que revela automaticamente dados de outras conexões do passado sempre que estabelece uma ligação a um novo ponto de acesso.

Nos carros, a fuga de dados é similar, mas poderá ser igualmente incisiva. Além de permitir localizar um carro que, eventualmente, se pretenda seguir, a rede sem fios fornece dados que poderão ser igualmente reveladores de percursos dos automobilistas. Em qualquer dos casos, há apenas uma solução: desligar sempre o Bluetooth ou o Wi-Fi sempre que deixou de ser usado (Expresso, texto dos jornalistas Hugo Séneca e José Cedovim Pinto)

Sem comentários: