Nicolás
Maduro mostra abertura para aceitar mais ajuda humanitária internacional, mas
sob a condição de que a entrada seja feita de maneira coordenada com o seu
Governo. Ao mesmo tempo, pede a Portugal que desbloqueie os ativos do Estado venezuelano retidos no
Novo Banco, alegando que o dinheiro será usado para comprar "todos os
medicamentos e alimentos".
Bem-vinda
toda a assistência técnica humanitária que queira chegar, cumprindo com os
protocolos, sem politização, sem tergiversar". O
Presidente da Venezuela falava durante uma cerimónia com simpatizantes do seu
regime, por ocasião do 16.º aniversário do programa de assistência social
"Misión Barrio Adentro" (Missão no Bairro), transmitido em simultâneo
e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.
"Legalmente,
pelo porto de La Guaira, pelo aeroporto de Maiquetia (ambas localidades a norte
de Caracas), em coordenação com o Governo constitucional, legítimo, da
Venezuela, que eu presido: toda a ajuda humanitária que queira chegar é
bem-vinda", disse. Maduro
explicou que a Venezuela tem acordos "firmes de ajuda humanitária"
com Cuba, China, Rússia e Irão para aquisição de medicamentos material médico e
que nas próximas semanas vão chegar novos carregamentos ao país.
Todas
as semanas chegam toneladas de medicamento. Todo esse apoio e toda essa ajuda,
necessária para a Venezuela, chega de maneira organizada, cumprindo todos os
protocolos internacionais, com a segurança prévia". O primeiro
carregamento de ajuda humanitária para a Venezuela, coordenado pela Cruz
Vermelha Internacional, chegou terça-feira ao Aeroporto Internacional Simón
Bolívar de Maiquetía, situado a norte de Caracas.
Pedido
a Portugal
Por
outro lado, Maduro exortou o Governo português a desbloquear os ativos do Estado
venezuelano retidos no Novo Banco, alegando que o dinheiro será usado para
comprar "todos os medicamentos e alimentos". Libertem os recursos [da
Venezuela] sequestrados na Europa. Peço ao Governo de Portugal que desbloqueie
os 1,7 mil milhões de dólares [cerca de 1,5 mil milhões de euros] que nos
roubaram, que nos tiraram. Com isso [os fundos retidos em Portugal]
compraríamos todos os medicamentos (...) sobrariam medicamentos e alimentos na
Venezuela. Eu faço um apelo ao Governo de Portugal: desbloqueie esses recursos.
Porque nos tiram este dinheiro? É nosso".
O
presidente da Venezuela insistiu ainda que se os Estados Unidos e a Europa
querem "realmente ajudar" a Venezuela, então devem desbloquear esses
recursos. "Já que afirmam que querem ajudar a Venezuela, há uma fórmula
muito simples. Não têm que tirar um dólar das vossas contas, desbloqueiem todos
os recursos económicos que nos roubaram", disse, dirigindo-se ao
Presidente norte-americano, Donald Trump, e à Alta Representante da UE para
Política Externa e Segurança, Federica Mogherini. Em 15 de janeiro último, o
parlamento, maioritariamente da oposição, aprovou um acordo de proteção dos
ativos da Venezuela no exterior e delegou numa comissão a coordenação e o
seguimento de ações que protejam os ativos venezuelanos na comunidade
internacional.
Guaidó
fala em "derrota" para Governo
A
oposição insiste que a entrada de ajuda humanitária deveu-se às pressões
internacionais e que é uma "derrota" para o Governo venezuelano que
foi obrigado a reconhecer a gravidade da crise política, económica e social que
afeta o país. "Hoje é um dia de grandes conquistas para todos os
venezuelanos e de grande derrota para o 'usurpador'. Hoje ingressou um avião
com ajuda humanitária, para beneficiar alguns venezuelanos em risco de
morte", escreveu o autoproclamado Presidente interino da Venezuela na sua
conta na rede social Twitter. Juan Guaidó frisou ainda que a oposição
comprometeu-se com a entrada de ajuda humanitária no país e cumpriu. Fontes não oficiais disseram que entre a
ajuda humanitária que chegou constam medicamentos, materiais e equipamento
médico que vai ser distribuído por 28 hospitais e oito centros de primários de
saúde, bem como geradores (Expresso)
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