segunda-feira, abril 08, 2019

Nota: o Vice-Presidente do GRM tem razão (CINM) mas há que explicar tudo...

O Vice-Presidente do Governo Regional da Madeira tem razão quando apela aos madeirenses para que defendam o Centro Internacional de Negócios da Madeira. E nem precisa de muito esforço para o justificar, sabendo-se que o CINM já contribuiu para o orçamento da RAM com quase 200 milhões de euros de receitas fiscais que entretanto baixaram, em 2018, para cerca de 125 a 130 milhões, não mais do que isso. Esta equação é fácil de entender: se recebemos menos dinheiro, mais dependentes ficamos de terceiros e menos recursos orçamentais estarão disponíveis. Como de Lisboa deixou de vir qualquer solidariedade – apesar das tretas de merda que os papagaios socialistas locais e seus parceiros geringonçados apregoam, percebe-se o impacto negativo resultante desta redução de receitas.
O Vice-Presidente tem razão porque já percebemos todos que se não formos nós a defendê-lo (o CINM),apesar de todas as dúvidas e perguntas que esbarram no silêncio, ninguém o faz pela gente. O problema é saber é que todos já percebemos que independentemente do que os madeirenses façam, pensem ou digam sobre o CINM, isso vale pouco mais de zero, dado que o poder de decisão nesta (e noutras matérias) está localizado no eixo Lisboa-Bruxelas, sobretudo em Bruxelas. Por muito aguerrida que seja essa nossa defesa colectiva, ele de pouco servirá, em termos concretos, porque sabemos que nesta matéria, como em todas as demais que metam Bruxelas, tudo funciona em função da ditadura de Bruxelas, cada vez mais um antro de merda, refém de anormais, de funcionários colocados em prateleiras douradas e do poder manipulador e persuasivo dos interesses de lobbys que por lá se movem legalmente.
Mas o Vice-Presidente do GRM, para que a sua dialética seja mobilizadora tem que alterar rapidamente uma postura que em nada ajuda esse apoio nem mobiliza os madeirenses, provavelmente pela desconfiança que certas atitudes geram.

Do que falo? Falo concretamente do silêncio, da falta de informação, do dever ético do GRM, sempre que aparecem estas notícias, em prestar os esclarecimentos e/ou informações possíveis aos madeirenses. Acima de tudo há que respeitar as pessoas, os madeirenses em geral, respondendo a todas as suas dúvida sem torno do CINM, dúvidas que não são de hoje, pelo contrário.
Respeitar como? Explicando às pessoas, no momento próprio, todo este processo, desvendando os contornos desta trapalhada, mais uma, e só depois sim, mobilizar as pessoas porque o CINM propicia à RAM verbas significativas.
Para além de explicar, sem manipulações ou “narizes de era” a verdade dos factos, os motivos de mais este processo em Bruxelas, clarificar as suspeitas, insinuações e dúvidas de ilegalidade que são divulgadas, esclarecer de uma vez por todas a trapalhada com os empregos criados ou não, na RAM ou fora dela, desvendar os meandros da concorrência a que o CINM está sujeito, explicar se o CINM deixou de ser uma estrutura económica e financeira para ser também um berbicacho político – e neste caso como é que a concessão pode estar nas mãos de privados, algo que eu nunca defendi, não defendo, nem alguma vez defenderei, por considerar atípica, estranha, desde principio, e reversível (mais valia que tivessem feito uma trapalhada à moda da geringonça, como aconteceu na TAP, onde o Estado pensa que manda mas na realidade é “comido” todos os dias pelos privados matreiros que controlam a companhia pela força do capital.
Não podemos assistir, quando a trampa está feita, a que sejam (ou devam ser) os políticos (alguns, porque há muita bandalheira que por ela o CINM nem existia...) a resolver a trapalhada enquanto os concessionários se sentam comodamente no sofá à espera do desfecho.
Explicar porque se demitiu o antigo Presidente da SDM do cargo, se existiu alguma relação entre essa decisão e este processo em Bruxelas, se algo mais aconteceu, se existem ainda mais suspeitas ou problemas para surgir, se o modelo de concessão do CINM se esgotou ou não, etc.
Explicar se o VP do GRM acha oportuno, apenas numa lógica política – porque certamente o CINM está sob os holofotes mais atentos de Bruxelas - e num tempo de polémica generalizada sobre nomeações no governo da geringonça, que na concessionária do CINM tenhamos uma situação passível de gerar polémica e desconfiança, e o poder político local pareça, mais do que impotente (porque não tem voz activa) porventura até conivente com escolhas que deveriam ter sido mais ponderadas e revelar cautelas – algo que, ressalvo, nada tem a ver com as pessoas mas apenas com opções e o timing de certas decisões.
Explicar, por exemplo, o que aconteceu à proposta do deputado do PSD, Miguel Sousa, que foi de tal maneira elogiada e valorizada ao ponto de ter sido essa a razão apresentada em 2015 para a recandidatura parlamentar do seu autor, deixando a dúvida sobre se seriam desencadeadas iniciativas para a discussão e aprovação desse novo modelo alegadamente mais rentável para a RAM. Nunca mais se ouviu um pio que fosse sobre o tema. Das duas uma: ou a montanha pariu um rato, ou há qualquer coisa que não foi devidamente explicada às pessoas, como acho que devia, sobre este tema. De um momento para outro até parece que essa proposta – elaborada com contributos vários - deixou de interessar, ou se foi feita alguma coisa, tudo terá falhado. Ninguém sabe nada de nada.
Mas estas coias são feitas logo, logo que os problemas aparecem. Não ignorando e desrespeitando os cidadãos sem que as explicações que o GRM deve, e está obrigado a prestar, tenham sido formalizadas em conferência de imprensa devidamente preparada, através de um documento competentemente elaborado, que não esconda nada e que responda a tudo o que são dúvidas perfeitamente plausíveis.
O  boicote eleitoral seria a única resposta a Bruxelas, se...
Finalmente se é a RAM a ter razão - e não sabemos se assim é – se estamos a ser perseguidos por Bruxelas, se a Europa cede às pressões da concorrência para nos prejudicar, se associada a tudo isto temos uma Europa a definhar e uma ultraperiferia desvalorizada e que deixou há muito de ser bandeira (a falta de políticos experientes e empenhados numa causa e com espaço de manobra nos patamares mais elevados do processo de decisão comunitária tem estes custos, por vezes irreversíveis, lamentavelmente irreversíveis) para se transformar esporadicamente num tema passível de ser atenuado com “esmolas” dadas a regiões distantes, menos desenvolvidas mas politicamente sem a força política de outros estados europeus, então a única resposta que os madeirenses deveriam dar a esta conjugação demoníaca seria o boicote às eleições europeias.
Mas o que é que se passa?
Lemos e ouvimos declarações políticas queixarem-se de Bruxelas, apontando o dedo à Comissão, incapazes de denunciaram a hipocrisia dos fretes do deprimente Juncker, hoje presidente da Comissão, quando era primeiro-ministro do Luxemburgo e que foi responsável por enormes facilidades fiscais e outras que levaram muitas empresas da Madeira para aquele país.
Daqui a uns dias vão estar todos a apelar ao voto, como se falássemos de uma Europa dos votos e de uma Europa “diferente”, que deixou de ser solidária com os que mais precisam e que está refém de uma poderosa teia de interesses, contradições e manipulações, e que funciona, legisla e decide em função das pressões dos interesses e dos egoísmos dos estados-membros mais influentes-
Finalmente, e já agora, explicando também, quem são os nossos concorrentes na Europa, onde se localizam, que actividades desenvolvem, que benefícios concedem, quantos postos de trabalho criaram, qual a receita propiciada aos respectivos estados-membros (casos do Luxemburgo, Holanda, Malta, Reino Unido) etc. Acham que sim? Eu não acredito que nada disto aconteça e só lamento que este povo não tenha a coragem de reagir quando tem oportunidade de o fazer (LFM)

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