O Vice-Presidente do Governo Regional da Madeira tem
razão quando apela aos madeirenses para que defendam o Centro Internacional de
Negócios da Madeira. E nem precisa de muito esforço para o justificar, sabendo-se
que o CINM já contribuiu para o orçamento da RAM com quase 200 milhões de euros
de receitas fiscais que entretanto baixaram, em 2018, para cerca de 125 a 130
milhões, não mais do que isso. Esta equação é fácil de entender: se recebemos
menos dinheiro, mais dependentes ficamos de terceiros e menos recursos
orçamentais estarão disponíveis. Como de Lisboa deixou de vir qualquer
solidariedade – apesar das tretas de merda que os papagaios socialistas locais
e seus parceiros geringonçados apregoam, percebe-se o impacto
negativo resultante desta redução de receitas.
O Vice-Presidente tem razão porque já percebemos todos
que se não formos nós a defendê-lo (o CINM),apesar de todas as dúvidas e
perguntas que esbarram no silêncio, ninguém o faz pela gente. O problema é
saber é que todos já percebemos que independentemente do que os madeirenses
façam, pensem ou digam sobre o CINM, isso vale pouco mais de zero, dado que o
poder de decisão nesta (e noutras matérias) está localizado no eixo
Lisboa-Bruxelas, sobretudo em Bruxelas. Por muito aguerrida que seja essa nossa
defesa colectiva, ele de pouco servirá, em termos concretos, porque sabemos que
nesta matéria, como em todas as demais que metam Bruxelas, tudo funciona em
função da ditadura de Bruxelas, cada vez mais um antro de merda, refém de
anormais, de funcionários colocados em prateleiras douradas e do poder
manipulador e persuasivo dos interesses de lobbys que por lá se movem
legalmente.
Mas o Vice-Presidente do GRM, para que a sua dialética
seja mobilizadora tem que alterar rapidamente uma postura que em nada ajuda
esse apoio nem mobiliza os madeirenses, provavelmente pela desconfiança que
certas atitudes geram.
Do que falo? Falo concretamente do silêncio, da falta
de informação, do dever ético do GRM, sempre que aparecem estas notícias, em
prestar os esclarecimentos e/ou informações possíveis aos madeirenses. Acima de
tudo há que respeitar as pessoas, os madeirenses em geral, respondendo a todas
as suas dúvida sem torno do CINM, dúvidas que não são de hoje, pelo contrário.
Respeitar como? Explicando às pessoas, no momento próprio, todo este
processo, desvendando os contornos desta trapalhada, mais uma, e só depois sim,
mobilizar as pessoas porque o CINM propicia à RAM verbas significativas.
Para além de explicar, sem manipulações ou “narizes de era” a verdade dos
factos, os motivos de mais este processo em Bruxelas, clarificar as suspeitas,
insinuações e dúvidas de ilegalidade que são divulgadas, esclarecer de uma vez
por todas a trapalhada com os empregos criados ou não, na RAM ou fora dela,
desvendar os meandros da concorrência a que o CINM está sujeito, explicar se o
CINM deixou de ser uma estrutura económica e financeira para ser também um
berbicacho político – e neste caso como é que a concessão pode estar nas mãos
de privados, algo que eu nunca defendi, não defendo, nem alguma vez defenderei,
por considerar atípica, estranha, desde principio, e reversível (mais valia que
tivessem feito uma trapalhada à moda da geringonça, como aconteceu na TAP, onde
o Estado pensa que manda mas na realidade é “comido” todos os dias pelos
privados matreiros que controlam a companhia pela força do capital.
Não podemos assistir, quando a trampa está feita, a que sejam (ou devam
ser) os políticos (alguns, porque há muita bandalheira que por ela o CINM nem
existia...) a resolver a trapalhada enquanto os concessionários se sentam
comodamente no sofá à espera do desfecho.
Explicar porque se demitiu o antigo Presidente da SDM
do cargo, se existiu alguma relação entre essa decisão e este processo em
Bruxelas, se algo mais aconteceu, se existem ainda mais suspeitas ou problemas
para surgir, se o modelo de concessão do CINM se esgotou ou não, etc.
Explicar se o VP do GRM acha oportuno, apenas numa
lógica política – porque certamente o CINM está sob os holofotes mais atentos
de Bruxelas - e num tempo de polémica generalizada sobre nomeações no governo
da geringonça, que na concessionária do CINM tenhamos uma situação passível de
gerar polémica e desconfiança, e o poder político local pareça, mais do que
impotente (porque não tem voz activa) porventura até conivente com escolhas que
deveriam ter sido mais ponderadas e revelar cautelas – algo que, ressalvo,
nada tem a ver com as pessoas mas apenas com opções e o timing de certas
decisões.
Explicar, por exemplo, o que aconteceu à proposta do deputado
do PSD, Miguel Sousa, que foi de tal maneira elogiada e valorizada ao ponto de
ter sido essa a razão apresentada em 2015 para a recandidatura parlamentar do seu
autor, deixando a dúvida sobre se seriam desencadeadas iniciativas para a
discussão e aprovação desse novo modelo alegadamente mais rentável para a RAM.
Nunca mais se ouviu um pio que fosse sobre o tema. Das duas uma: ou a montanha
pariu um rato, ou há qualquer coisa que não foi devidamente explicada às
pessoas, como acho que devia, sobre este tema. De um momento para outro até
parece que essa proposta – elaborada com contributos vários - deixou de
interessar, ou se foi feita alguma coisa, tudo terá falhado. Ninguém sabe nada
de nada.
Mas estas coias são feitas logo, logo que os problemas
aparecem. Não ignorando e desrespeitando os cidadãos sem que as explicações que
o GRM deve, e está obrigado a prestar, tenham sido formalizadas em conferência
de imprensa devidamente preparada, através de um documento competentemente
elaborado, que não esconda nada e que responda a tudo o que são dúvidas
perfeitamente plausíveis.
O boicote eleitoral seria a única resposta
a Bruxelas, se...
Finalmente se é a RAM a ter razão - e não sabemos se
assim é – se estamos a ser perseguidos por Bruxelas, se a Europa cede às
pressões da concorrência para nos prejudicar, se associada a tudo isto temos
uma Europa a definhar e uma ultraperiferia desvalorizada e que deixou há muito
de ser bandeira (a falta de políticos experientes e empenhados numa causa e com
espaço de manobra nos patamares mais elevados do processo de decisão
comunitária tem estes custos, por vezes irreversíveis, lamentavelmente irreversíveis)
para se transformar esporadicamente num tema passível de ser atenuado com
“esmolas” dadas a regiões distantes, menos desenvolvidas mas politicamente sem
a força política de outros estados europeus, então a única resposta que os
madeirenses deveriam dar a esta conjugação demoníaca seria o boicote às
eleições europeias.
Mas o que é que se passa?
Lemos e ouvimos declarações políticas queixarem-se de
Bruxelas, apontando o dedo à Comissão, incapazes de denunciaram a hipocrisia
dos fretes do deprimente Juncker, hoje presidente da Comissão, quando era
primeiro-ministro do Luxemburgo e que foi responsável por enormes facilidades fiscais
e outras que levaram muitas empresas da Madeira para aquele país.
Daqui a uns dias vão estar todos a apelar ao voto,
como se falássemos de uma Europa dos votos e de uma Europa “diferente”, que
deixou de ser solidária com os que mais precisam e que está refém de uma
poderosa teia de interesses, contradições e manipulações, e que funciona,
legisla e decide em função das pressões dos interesses e dos egoísmos dos
estados-membros mais influentes-
Finalmente, e já agora, explicando também, quem são os
nossos concorrentes na Europa, onde se localizam, que actividades desenvolvem,
que benefícios concedem, quantos postos de trabalho criaram, qual a receita
propiciada aos respectivos estados-membros (casos do Luxemburgo, Holanda,
Malta, Reino Unido) etc. Acham que sim? Eu não acredito que nada disto aconteça
e só lamento que este povo não tenha a coragem de reagir quando tem
oportunidade de o fazer (LFM)
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