Um ex-diretor, já reformado, do canal público televisivo alemão ZDF,
denunciou esta semana, num debate radiofónico, que o governo do país dá
orientações muito específicas sobre a linha editorial que a estação deve
seguir, a forma como determinados assuntos devem ser abordados e até sobre que
assuntos devem ou não figurar no alinhamento dos noticiários.
Durante o evento, e questionado sobre se a população alemã perdeu a confiança
nos media do país, Wolfgang Herles declarou: "O problema que temos — e
falo agora do canal público — é a proximidade ao governo. Não só porque a
secção de comentário está em linha com a grande coligação [CDU, da chanceler
Angela Merkel, CSU e SPD], mas também porque somos totalmente engolidos pela
agenda que a classe política delineia."
O facto de a declaração parecer um pouvo vaga levou o moderador do
debate a pedir-lhe mais pormenores, ao que Herles respondeu diretamente:
"Os tópicos em que nos concentramos são delineados pelo governo."
Cada cidadão alemão paga 17,98 euris por mês para financiar a ZDF e a
emissora-irmã ARD.
No ano passado, suspeitas semelhantes surgiram na Irlanda em relação à
televisão pública do país, a RTÉ, com o jornal "Times" a denunciar
que os jornalistas do canal são obrigados a enviar as perguntas que pretendem
fazer a membros do governo para que os ministros definam a orientação e o
conteúdo da conversa antes de esta ter lugar (Expresso)
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