“Paulo Vieira da Silva avançou há duas semanas com um pedido de
protecção às autoridades. O ex-dirigente do PSD que denunciou a alegada
existência de uma “rede de interesses” montada pelo vice-presidente do PSD
Marco António Costa no distrito do Porto requereu protecção policial. Segundo
consta do processo, a correr no Departamento de Investigação e Acção Penal do
Porto, o pedido foi apresentado depois de Paulo Vieira da Silva ter sido alvo
de “ameaças” pessoais continuadas. A denúncia inicial contra o actual número
dois do PSD foi apresentada a 23 de Abril junto da Procuradoria-Geral da
República (PGR), Polícia Judiciária (PJ) e DIAP do Porto. As intimidações terão
começado depois de ter sido apresentada essa denúncia, apurou o i junto de
fonte ligada ao processo. Depois das “perseguições e ameaças” directas de que terá sido alvo nas
semanas que se seguiram à formalização da denúncia – e que se terão estendido à
própria família, segundo relatou o próprio nas redes sociais –, a situação
ter-se-á agravado. De acordo com um requerimento apresentado há cerca de duas semanas,
Vieira da_Silva solicitou protecção policial depois de se deparar repetidamente
com a presença da mesma pessoa nas imediações de sua casa: tratar-e-á de um
ex-funcionário da Câmara Municipal de Valongo, ex-pugilista e antigo segurança
na autarquia, que iniciou funções em Valongo na altura em que Marco
António_Costa esteve executivo municipal, apurou o i. A matrícula do carro em
que se fazia deslocar foi, entretanto, anexada ao processo.
Em Valongo, durante o tempo em que colaborou com a autarquia, exerceu
funções de vigilante sob orientação de Fernando Sousa Pinto, elemento de
confiança de Marco António Costa e actual motorista do vice-presidente do PSD
(precisamente a tarefa que lhe coube assegurar numa primeira fase, depois de
ter chegado à câmara).
O pedido de protecção policial apresentado por Paulo Vieira da Silva
ainda não obteve resposta, estando neste momento a ser analisado pelo DCIAP. O
empresário e ex-dirigente da distrital do PSD no Porto ainda não foi ouvido no
âmbito do processo. Na denúncia que apresentou há pouco mais de dois meses,
Vieira da Silva traçou o percurso político de Marco António, desde os primeiros
passos na JSD, há duas décadas, até à chegada ao governo, em 2011. Num extenso
texto – escrito pelo próprio e tornado público depois de ter sido enviado à
PGR, à PJ e ao DIAP, ditando assim abertura do processo –, o empresário refere
que o vice-presidente do PSD “faz da distrital do PSD [no Porto] a sua quinta,
utilizando-a a seu belo prazer como uma importante plataforma de gestão
politica e de ‘interesses’”. Acusa ainda Marco António Costa de fazer a “gestão
da escolha dos nomes das listas de deputados e dos candidatos às mais diversas
autarquias”, mas também de nomear dirigentes do PSD e familiares para os mais
diversos lugares da administração pública. Com que objectivo? “A distrital [do Porto, a maior do país] serve, entre
outras coisas, para arregimentar avenças nas áreas financeiras, contabilísticas
e jurídicas” para aqueles que Vieira da Silva diz serem os “seus homens de
confiança”. Contactado para comentar estes desenvolvimentos no processo, Paulo
Vieira da Silva recusou tomar qualquer posição, justificando-se com o facto de
o processo se encontrar em segredo de justiça. Também não foi possível, até ao
fecho desta edição, obter da parte de Marco António Costa um comentário aos
avanços do processo em que o dirigente social-democrata é o principal visado”
(texto do jornalista do Jornal I, Pedro Rainho, com a devida vénia)
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