Li no Dinheiro Vivo que “Portugal começa,
aparentemente, a entrar nos eixos. As exportações subiram 6,3%, o desemprego
cedeu pela primeira vez em dois anos e a economia cresceu 1,1% no segundo
trimestre, interrompendo um ciclo recessivo de dez trimestres consecutivos. No
entanto, os mercados não estão a refletir totalmente esta aparente melhoria: os
juros da dívida a 2 anos, por exemplo, negoceiam nos 3,6%. É certo que já
bateram níveis muito mais elevados, mas continuam acima dos valores a que
negociaram, por exemplo, aquando da crise política desencadeada com a demissão
de Gaspar e o ‘sai-não-sai’ de Portas. Mas porquê?
“É precipitado afirmar que estamos na presença de
dados económicos favoráveis: a evolução das exportações é volátil, o desemprego
em Portugal cai ciclicamente no verão e o crescimento foi em cadeia. A
realidade é que ainda estamos em recessão. Dito isto, não vejo razões para
qualquer tipo de euforias”, afirma Frederico Antão. O gestor de ativos da BIZ
Valor vai mais longe e defende que as yields nos 3,6% refletem que “o mercado
ignorou os recentes dados económicos” e que “ainda existe desconfiança política
e económica sobre o país”. Já Ricardo Almeida defende que “o mercado está na
expectativa”. O gestor de portfolios na Patris Gestão de Activos explica que,
se por um lado, “as preocupações com a envolvente política parecem ter-se
dissipado de forma considerável na parte final de julho” já em termos
económicos “o desempenho de Portugal continuará a ser condicionado pela
estabilização e potencial recuperação dos nossos principais parceiros
comerciais”. Questionados sobre a evolução dos juros da dívida de
Portugal, os dois responsáveis enumeram os fatores decisivos: as eleições na Alemanha;
a coesão (ou falta dela) do governo português; a evolução do cenário político
italiano; bem como a confirmação da recuperação dos principais parceiros
comerciais”.