sexta-feira, julho 19, 2013

Jornalista chinês denuncia corrupção numa carta aberta ao partido do Governo



Li no Sol que "um jornalista da agência de notícias oficial chinesa Xinhua enviou hoje uma carta aberta ao partido no poder denunciando o presidente da empresa estatal China Resources por "corrupção envolvendo um enorme montante", garantindo ter provas de suborno. As alegações foram feitas através de uma carta enviada ao comité disciplinar do partido no poder, mas horas depois da denúncia o site do jornalista onde estava publicada a informação foi bloqueado e a notícia da Xinhua sobre este assunto foi também retirada. Em causa está a acusação feita pelo jornalista ao 'chairman' da China Resources Holdings, Song Lin, de ter perdido centenas de milhões de euros num negócios de compra de activos de outra empresa: "Song Lin e outros directores que participaram na aquisição negligenciaram o seu dever e são suspeitos de suborno envolvendo corrupção com um enorme montante", disse o jornalista. O repórter afirmou que, apesar de estar "bem ciente dos enormes riscos que esta denúncia feita sob o nome real acarreta" quer para a sua família, quer para ele próprio, acredita "que há justiça na China sob a liderança do partido". A China Resources concordou comprar vários activos no sector mineiro em 2010 por 7,9 mil milhões de yuan (cerca de mil milhões de euros) seguindo uma avaliação feita por uma consultora contratada pelo vendedor, mas uma avaliação anterior tinha colocado os mesmos activos com um valor de apenas 5,2 mil milhões de yuan. As licenças de algumas das minas de carvão compradas pela China Resources expiraram e a produção foi suspensa antes mesmo da compra, de acordo com o jornalista, e agora pelo menos uma das minas é usada apenas pelos pastores para passearem os rebanhos de ovelhas. A China Resources é uma das empresas que figura no ranking Fortune Global 500, ou seja, é uma das 500 maiores empresas do mundo, um conglomerado que opera em vários sectores incluindo o retalho, imobiliário, finanças e electricidade, e uma vez que a administração da empresa reporta directamente ao Governo, o cargo de 'chairman' é equiparado ao de vice-ministro, de acordo com a análise dos jornais chineses. As acusações surgem depois de nos últimos meses o novo Governo chinês ter prometido tolerância zero com a corrupção, e de o Presidente Xi Jinping ter dito mesmo que esta prática podia "destruir o partido" e prometido protecção aos denunciadores, conhecidos como 'whistle blowers', mas umas vezes estas pessoas são protegidas e noutras são atacadas, de acordo com os relatos feitos pela AFP".