Li
no Sol que "um jornalista da
agência de notícias oficial chinesa Xinhua enviou hoje uma carta aberta ao
partido no poder denunciando o presidente da empresa estatal China Resources
por "corrupção envolvendo um enorme montante", garantindo ter provas
de suborno. As alegações
foram feitas através de uma carta enviada ao comité disciplinar do partido no
poder, mas horas depois da denúncia o site do jornalista onde estava publicada
a informação foi bloqueado e a notícia da Xinhua sobre este assunto foi também
retirada. Em causa está a
acusação feita pelo jornalista ao 'chairman' da China Resources Holdings, Song
Lin, de ter perdido centenas de milhões de euros num negócios de compra de
activos de outra empresa: "Song Lin e outros directores que participaram
na aquisição negligenciaram o seu dever e são suspeitos de suborno envolvendo
corrupção com um enorme montante", disse o jornalista. O repórter afirmou que, apesar de
estar "bem ciente dos enormes riscos que esta denúncia feita sob o nome
real acarreta" quer para a sua família, quer para ele próprio, acredita
"que há justiça na China sob a liderança do partido". A China Resources concordou
comprar vários activos no sector mineiro em 2010 por 7,9 mil milhões de yuan
(cerca de mil milhões de euros) seguindo uma avaliação feita por uma consultora
contratada pelo vendedor, mas uma avaliação anterior tinha colocado os mesmos
activos com um valor de apenas 5,2 mil milhões de yuan. As licenças de algumas das minas
de carvão compradas pela China Resources expiraram e a produção foi suspensa
antes mesmo da compra, de acordo com o jornalista, e agora pelo menos uma das
minas é usada apenas pelos pastores para passearem os rebanhos de ovelhas. A China Resources é uma das
empresas que figura no ranking Fortune Global 500, ou seja, é uma das 500
maiores empresas do mundo, um conglomerado que opera em vários sectores
incluindo o retalho, imobiliário, finanças e electricidade, e uma vez que a
administração da empresa reporta directamente ao Governo, o cargo de 'chairman'
é equiparado ao de vice-ministro, de acordo com a análise dos jornais chineses. As acusações surgem depois de nos
últimos meses o novo Governo chinês ter prometido tolerância zero com a
corrupção, e de o Presidente Xi Jinping ter dito mesmo que esta prática podia
"destruir o partido" e prometido protecção aos denunciadores,
conhecidos como 'whistle blowers', mas umas vezes estas pessoas são protegidas
e noutras são atacadas, de acordo com os relatos feitos pela AFP".