Segundo a TVI, "as consequências a médio prazo do chumbo de quatro pontos do orçamento do Estado, decidido pelo Tribunal Constitucional, ocuparam grande parte do comentário semenal de Marcelo Rebelo de Sousa no Jornal das Oito. Para o comentador da TVI, os caminhos que restam ao governo, depois de o TC não se mostrar aberto a admitir diferenças de remuneração entre público e privado, nem disposto a sacrificar pensionisistas e reformados são «o aumento de impostos, cortes em grandes despesas, como saúde, educação e desvinculação de funcionários», aponta, até por em sua opinião a formulação do TC tem frases que «abrem a porta» à saída de funcionários públicos. O comentador elogiou a declaração de Pedro Passos Coelho deste domingo, considerando-a «bem feito, embora longa», apontando-lhe porém o senão de não referir «cortes nas telecomunicações e nas energias», e de não acelerar o programa das PPP: «não é fácil tirar dinheiro aos acionistas árabes ou chineses», admitiu. Marcelo considera que o acórdão do Tribunal Constitucional que chumbou quatro artigos do Orçamento de Estado foi «uma decisão política, porque a constituição é a mais política das leis», mas sem clivagens partidárias na votação: «Nos votos a favor do chumbo há três juízes que vêm da área da direita e nos votos contra há juízes que vieram da esquerda», diz. No geral, o comentador da TVI considera que o TC manteve os critérios mas mudou a maneira de aplicá-los em relação a orçamentos anteriores. Ainda assim, apontou aquele que, na sua opinião, é o ponto fraco do acórdão: «Ao argumentar que as medida rejeitadas não estavam a dar resultado devia ter feito uma análise económica e financeira maior. Não cinco páginas, com mais cinco parágrafos de actualização. É curtinho. Tem de fundamentar melhor, que diabo!», frisou. Lembrando ter sido muito criticado por, a seu tempo, ter defendido que o OE devia ter sido alvo de fiscalização preventiva, Marcelo Rebelo de Sousa definiu dois horizontes em relação às consequências do buraco no Orçamento de Estado. A primeira esgota-se na reunião do Eurogrupo de quinta-feira, quando Portugal e Irlanda tentarem o alargamento dos prazos de pagamentos dos empréstimos: «Se não correr bem, o cenário será muito mau e vamos ter sarilhos logo a seguir, com a situação do segundo resgate e a derrapagem, na aproximação à Grécia», afirmou, lembrando que o facto de a Irlanda estar no mesmo barco é «uma grande ajuda» para a negociação. No segundo cenário, mais desfavorável, Marcelo salienta que o presidente da República estará obrigado a convocar o Conselho de Estado. Mas, mesmo na melhor situação, Pedro Passos Coelho terá de proceder à remodelação do governo nas próximas semanas, diz".