domingo, agosto 15, 2010

Estaleiros de Viana negoceiam navios dos Açores

Garante o semanário Expresso, num texto da jornalista Luisa Meireles que “depois de ter conseguido um ‘acordo de intenções’ com a Venezuela para a compra do célebre ferry “Atlântida”, que os Açores rejeitaram, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) estão a negociar com Cabo Verde a venda do segundo ferry recusado, o “Anticiclone”. A “alienação está apenas sujeita à elaboração de um plano de negócios e confirmação das especificações técnicas”, disse ao Expresso o presidente da Empordef, a holding estatal de Defesa, que tutela os ENVC. Se o negócio se concretizar, os Estaleiros poderão começar a respirar de alívio depois do annus horribilis 2009, em que paralisaram as encomendas e foram cancelados os contratos. Este ano, disse Jorge Rolo, já foi possível negociar o fabrico de dois navios asfalteiros para a Venezuela, bem como de dois outros ferrys para um armador grego, com opção de um terceiro. As perspetivas de novos contratos nos Estaleiros surgem ao mesmo tempo que se completou a renovação dos corpos gerentes, apontados como responsáveis por sucessivos erros e insucessos na gestão dos ENVC. Este mês, entra em funções um novo conselho de administração, com todos os membros ligados ao sector naval. O presidente não executivo, Carlos Veiga Anjos, passou pela Cahora Bassa e Soponata, entre outras empresas, ao passo que a comissão executiva integra um almirante (Gonçalves Brito, engenheiro construtor naval) e um outro engenheiro e arquiteto naval. É o plano de reorganização a que a nova gestão se comprometeu que decidirá se a reestruturação vai ou não implicar a redução dos postos de trabalho, informou ainda Jorge Rolo. Os Estaleiros empregam, presentemente, cerca de 800 trabalhadores, sendo um dos grandes empregadores do distrito. A ‘normalização’ dos ENVC vai facilitar a sua futura privatização, embora não se perfilem ‘candidatos’ para já. A Damen, a construtora naval holandesa com quem celebrou, em julho de 2009, um memorando de entendimento para a criação de uma parceria, ainda nada concretizou. “Tem havido contactos diversos, mas ainda sem se terem aprofundado quaisquer termos ou formas de cooperação”, diz em diplomática linguagem negocial o presidente da Empordef. O memorando previa dar acesso a tecnologias mais avançadas na área dos navios militares e mercantes, além de outras vantagens. A privatização parcial dos ENVC está prevista no Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), aprovado em março pelo Governo. Este quer desenvolver uma capacidade na área militar, considerada “um nicho” com potencialidades, em particular atendendo à CPLP. Segundo o secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrelo, germina a ideia de equipar as diversas Marinhas ‘lusófonas’ com algum tipo de navios comuns. A construção em curso dos patrulhões para a Marinha, bem como das futuras lanchas de fiscalização podem dar esse arranque, diz".

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