Estou em condições de garantir - acreditem se quiserem - que foi o próprio Sócrates a ordenar ao grupo parlamentar socialista na Assembleia da República, o anúncio da retirada da lei de finanças regionais da agenda política, tal como tem dado instruções ao actual secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, que trabalhou no gabinete do primeiro-ministro no anterior governo (foi adjunto diplomático de 2005 a 2006 e Chefe de Gabinete de 15 de Maio 2006 a 26 de Outubro de 2009), para usar de todos os mecanismos junto da União Europeia que possam propiciar à Madeira ajudas financeiras a fundo perdido. No plano político, teria de esconder esta informação, ou esvaziar o seu conteúdo dizendo que foram terceiros a pressionar o primeiro-ministro ou a limitar a decisão aos deputados, escondendo a realidade dos factos e a verdade. Fazendo tal e qual o que outros fariam. Mas no plano da ética e da salvaguarda da verdade, nunca o poderia fazer, quando a informação que me foi dada - repito, acreditem ou não, estou-me borrifando - foi a que acabo de referir. Mais. José Sócrates deu conta dessa intenção a alguns dos ministros da sua confiança, não sei se a abordou na reunião do Conselho de Ministros, mas sei que nesta deu instruções claras de que os apoios necessários não devem ser obstaculizados. Disseram-me também que o primeiro-ministro não tem escondido um "enorme incómodo e emoção" pelas imagens das televisões, e que embora não o tenha referido, deu claramente a entender que assume o comando das operações, utilizando três ministros como pontas-de-lança em todas as questões relacionadas com o apoio à Madeira: Silva Pereira, Silva Vieira (que chega hoje ao Funchal) e Rui Pereira.
O meu comentário, porque acredito na minha fonte e na amizade e respeito que existe - aliás já foram veiculadas informações neste blogue que depois se confirmaram... - é de surpresa, para não dizer de estupefacção, por estas decisões, provavelmente influenciando pelo radicalismo político existente anteriormente. Mas creio que Sócrates, quer quando veio à Madeira (inicialmente era só o ministro mas depois, pela dimensão, a catástrofe, resolveu ele próprio vir ao Funchal), quer nesta decisão sobre a lei de finanças regionais, quer ainda nos apoios a conceder à Madeira, quer pelo Estado quer pela UE, mesmo que ninguém esperasse outra atitude por parte de Lisboa, face à dimensão da tragédia, surpreenderam. E colocam questões novas à reflexão de todos.
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