sexta-feira, agosto 21, 2009

Vergonha escocesa: Megrahi acolhido na Líbia como herói...

Escreve Jorge Heitor, jornalista do Publico, que "Abdelbaset Ali Mohmed al-Megrahi, que cumpria pena de prisão perpétua por ter feito explodir um avião da Pan Am sobre a localidade de Lockerbie, na Escócia, num atentado que matou 270 pessoas, foi recebido ontem como herói no aeroporto de Trípoli. O Governo autónomo escocês alegou motivos humanitários para libertar o líbio, que tem um cancro em fase terminal, mas o Presidente americano disse tratar-se de "um erro".O jacto pessoal do coronel Muammar Khadafi, enviado propositadamente à Escócia, aterrou no aeroporto da capital líbia às 19h30 (hora de Lisboa), onde era aguardado por centenas de pessoas. Megrahi saiu do aparelho algum tempo depois, ao som do hino nacional e amparado por Seif al-Islam, um dos filhos do líder líbio. A chegada do antigo agente secreto líbio ocorre na véspera do mês sagrado do Ramadão e numa altura em que Khadafi prepara as celebrações dos 40 anos do seu regime". Segundo o mesmo jornalista, "o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, declarouà BBC Radio 4 que "as imagens de um assassino de massas a ser recebido em Tripoli como um herói são profundamente perturbadoras, acima de tudo pelas 270 famílias que choram todos os dias a perda dos seus entes queridos, há 21 anos, mas também por qualquer pessoa que tenha uma réstea de humanidade".Por outro lado, o ministro desmentiu que o Reino Unido tivesse querido que o Governo autónomo da Escócia libertasse o bombista de Lockerbie, Abdelbaset al-Megrahi, por causa dos interesses comerciais e diplomáticos britânicos. Miliband insistiu em que a decisão de Edimburgo foi tomada sem qualquer pressão de Londres."Fomos muito escrupulosos em dizer que esta decisão deveria ser tomada pelas autoridades escocesas. Dissemo-lo aos líbios e aos americanos. Decerto saudamos o facto de nos últimos dez anos se terem verificado significativas mudanças no compromisso líbio para com a comunidade internacional. Mas é errado dizer, neste caso, que o Governo britânico tenha de algum modo exercido pressão sobre as autoridades escocesas", disse Miliband ao programa "Today", da BBC Radio 4.O chefe da diplomacia britânica escusou-se a especificar se concorda ou não com a decisão tomada pelo Governo da Escócia. Mas condenou em termos veementes a recepção concedida por Tripoli a um seu cidadão libertado numa base humanitária, por ser do entendimento médico de que já não deverá ter mais de três meses de vida, devido a um cancro na próstada.Quanto à ala escocesa do Labour aproveitou a oportunidade para considerar que o Partido Nacional Escocês (SNP) "não tem capacidade para governar". Mas logo a seguir surgiram os Liberais Democratas a comentar que os trabalhistas "jogam para os dois lados", pois que de algum modo tiveram algo a ver com a libertação de Megrahi e depois apareceram em público a criticá-la.David Miliband anunciou que o Governo britânico avisou a Líbia de que será muito importante a forma como se "irá comportar" nos próximos dias, depois desta recepção apoteótica a um prisioneiro acabado de libertar e que viajou de Glasgow para Tripoli no avião presidencial, tendo a seu lado na hora da apoteose Saif al Islam Khadafi, o mais mediático dos filhos do coronel Muammar Kadhafi, prestes a completar 40 anos no poder.
EUA falam em "erro"
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, esteve à frente de todos os que condenaram as autoridades escocesas por terem permitido que o alegado bombista de Lockerbie saísse da cadeia ao fim de cumprir apenas oito anos de uma prisão que em princípio deveria ser perpétua. Obama falou de "erro" ao referir-se à atitude do Governo autónomo da Escócia, que se encontra nas mãos dos nacionalistas do SNP. Mas Tripoli pareceu agradecida, pois na atmosfera festiva de ontem à noite eram acenadas bandeiras líbias e escocesas.Obama anunciou que está a pressionar o Governo líbio para que mantenha o condenado sob prisão domiciliária, apesar de as autoridades de Edimburgo terem esclarecido que a decisão tomada não era de forma alguma no sentido de o resto da pena vir a ser cumprida no país natal.A meio da viagem, Megrahi fez distribuir um comunicado a proclamar a sua inocência em todo este caso e a manifestar "solidariedade" com as famílias das 270 pessoas mortas na explosão de um aparelho da Pan Am sobre a localidade de Lockerbie, no dia 21 de Dezembro de 1988".

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