quarta-feira, agosto 05, 2009

Terá ido Manuela Ferreira Leite contra a máquina partidária?

Sónia Cerdeira, do Jornal I, escreve hoje que "o PSD estava em guerra e, à entrada do conselho nacional, que reuniu ontem em Lisboa, esperava-se uma autêntica batalha campal entre a direcção nacional, liderada por Manuela Ferreira Leite e os líderes de federações distritais alinhadas com as tendências barrosistas e "passocoelhistas" do partido. A guerra antecedeu a reunião magna em que o PSD decidiu os nomes dos candidatos a deputados à Assembleia da República. Manuela Ferreira Leite conduziu o processo de formação das listas de candidatos de deputados com mão de ferro e, pelo caminho, houve sérias baixas: barões do PSD, antigos governantes, antigos deputados e homens do aparelho ficaram sem lugar garantido para as eleições de 27 de Setembro. A prorrogativa da renovação, imposta pela líder social-democrata para a composição das listas, é considerada "uma limpeza como não há memória", disse um dos excluídos da região centro do pais. "Nem Santana nem Durão conseguiram ir tão longe. Se Manuela Ferreira Leite quer um grupo parlamentar a uma só voz mais valia que contratasse um coro" conta ao i um deputado agora excluído. "Não se sabe bem os critérios para as escolhas, parece que algumas características só se aplicam a quem está com Manuela Ferreira Leite. Está o caos instalado [no PSD] e há a ideia de que as decisões são tomadas numa cúpula que não se sabe quem é, se são só amigos ou se é a Comissão Política Nacional", afirma ao i Alexandre Luz, presidente do PSD Oeiras. O que começou por ser uma guerra em Vila Real estendeu-se aos distritos de Lisboa, Setúbal, Aveiro, Santarém e Faro. Pelo menos uma dezena de dirigentes distritais e locais falavam já em demissões. À data de fecho desta edição, as informações sucediam-se às contra- -informações. Pedro Passos Coelho era a maior dor de cabeça de Manuela Ferreira Leite. Dentro do partido havia quem dissesse que Passos seria a grande vítima da presidente do PSD. Domingos Dias, presidente da distrital de Vila Real, queria o seu nome para cabeça-de-lista, ideia que não agradava à direcção nacional do PSD. Ao que o i apurou, Passos Coelho foi mesmo excluído das listas. Antes da reunião, Passos Coelho era um homem prudente: "Aguardarei para ver as listas que serão apresentadas hoje à noite, bem como a fundamentação correspondente. Só depois poderei fazer qualquer comentário político". Em Lisboa, a situação é de quase ruptura. Nos bastidores do Conselho Nacional "há muita turbulência, porque Manuela Ferreira Leite resolveu incluir nas listas pessoas com processos em tribunal, um pouco como fez Marques Mendes", afirma ao i Alexandre Luz, presidente do PSD Oeiras. António Preto, arguido num processo de fraude fiscal, e Helena Lopes da Costa, ex-vereadora da Câmara de Lisboa e arguida num processo de abuso de poder - por atribuição irregular de casas municipais -, foram nomes impostos por Ferreira Leite em Lisboa que não agradaram à distrital. Alexandre Relvas, presidente do Instituto Sá Carneiro, e Susana Toscano, ex-secretária de estado, entram por Lisboa. Maria José Nogueira Pinto, ex-CDS, entra também nas listas do PSD na capital. Manuela Ferreira Leite vai ser cabeça de lista, como desejo já expresso por Carlos Carreiras, presidente da distrital de Lisboa".

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