sexta-feira, fevereiro 24, 2023

Sondagem: popularidade de Marcelo continua em queda

Avaliação média do chefe de Estado, que já foi a mais alta de um Presidente desde 2004, está no seu nível mais baixo desde que tomou posse em 2016. Exigência com o Governo mantém-se. Será um cenário normal, dirão muitos, que um Presidente da República vá perdendo alguma da popularidade que o levou ao cargo. Sobretudo tratando-se de Marcelo Rebelo de Sousa, que deu novos contornos ao sentido de popularidade do chefe de Estado. Com quase sete anos passados sobre a sua tomada de posse, o Presidente da República tem agora a sua avaliação média e o conjunto de avaliações positivas mais baixo desde 2016. Habituado a dar notas nos seus comentários semanais nas televisões, é agora Marcelo quem as recebe dos inquiridos: na sondagem do Cesop/Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, recebeu nota positiva, ou seja, igual ou superior a 10 de 79% dos inquiridos. Porém, a avaliação média está em queda acentuada desde o início do segundo mandato, e situa-se agora numa nota de 12,2, o que representa uma queda de 0,7 pontos desde Julho do ano passado. A essa classificação não será alheio o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter praticamente defendido o Governo em quase todas as polémicas que envolveram membros do executivo nos últimos meses. A excepção mais óbvia terá sido o caso da secretária de Estado da Agricultura, a quem Marcelo abriu a porta da rua e que provocou a sua demissão 26 horas depois de lhe ter dado posse em Belém. A oposição tem acusado o Presidente da República, em várias situações, de não exigir o suficiente do Governo.

Mas houve também outros episódios que envolvem apenas o Presidente da República, como as suas declarações sobre os abusos sexuais na Igreja, quando disse: "Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países com horizontes mais pequenos houve milhares de casos.” Os seus comentários fizeram com que algumas vítimas se tenham sentido "chocadas" e acabassem mesmo por contar os seus casos, confirmou há dias o relatório da comissão independente aos abusos na Igreja.

No final do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa esteve também no centro da polémica quando desvalorizou a questão dos direitos humanos no Qatar. “O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal”, reconheceu, mas acrescentou logo de seguida: “Mas, enfim, esqueçamos isto, é criticável, mas concentremo-nos na equipa.”

Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO entre os dias 9 e 17 de Fevereiro de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar.

Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 29% da região Norte, 20% do Centro, 37% da Área Metropolitana de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE.

A taxa de resposta foi de 26%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1002 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.

Em Novembro de 2016, Marcelo tinha uma nota média de 16,3 e 97% de avaliações positivas, tendo reduzido para uma nota de 15,7 (95%) em Maio de 2021, quando tomou posse para o segundo mandato.

Na avaliação que os inquiridos fazem da sua relação com o Governo, 36% dizem que está mais exigente do que no primeiro mandato, 38% consideram que o nível de exigência está igual e apenas um quarto (23%) diz que está menos exigente (Publico, texto da jornalista Maria Lopes)

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