Ficamos a saber esta semana que
ainda há regiões portuguesas que continuam com um PIB nominal inferior ao
registado em 2019, "apesar de todas terem conseguido alcançar um
crescimento em 2021". Diz o INE que a riqueza gerada pelas regiões Norte,
Centro e Alentejo superou o nível pré-pandemia no ano passado, enquanto as
restantes regiões continuaram com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal
inferior ao registado em 2019. Retive que a recuperação está mais atrasa em
duas regiões onde o turismo é a actividade económica mais importante, casos do
Algarve e da Madeira, "que registaram valores de PIB, respetivamente, 9,7%
e 4,5% abaixo do ano pré-Covid".
Lembrando que em termos nominais, o PIB português cresceu 7% em 2021 (depois de ter contraído 6,5% em 2020) o INE sublinha que, em termos regionais, foi, contudo, a Madeira quem registou o crescimento mais intenso em 2021 (10%), seguida do Alentejo (9,5%) e do Algarve (8,4%) - nas restantes regiões as variações nominais ficaram abaixo da média do país, casos de 6,8% no Norte, 6,6% na Área Metropolitana de Lisboa, 6,4% no Centro e 6,2% nos Açores.
Já em termos reais, sabe-se que
a economia portuguesa cresceu 5,5% em 2021 voltando o INE a sublinhar que
"todas as regiões do país registaram crescimentos reais no ano passado, em
especial a Madeira (8%) e o Alentejo (6,8%), seguidas da Área Metropolitana de
Lisboa e do Algarve (ambas com 5,6%) e do Norte (5,4%), enquanto os Açores (5%)
e o Centro (4,8%) obtiveram crescimentos reais mais moderados.
Servem estes dados, essencialmente,
para dar da Madeira uma imagem que muitas vezes não tem nada a ver com o “quadro”
pintado pelo discurso da oposição partidária regional que continua a cometer o
erro crasso e desastroso de achar que por adoptar permanentemente discursos doentiamente
do "contra" que isso lhe renderá votos. Nunca rendeu, e voltará a não
render. O problema é que esta realidade divulgada pelo INE não se compadece com
posturas mais agressivas e vozearias mais estridentes que visam essencialmente
marcar um espaço na arena do debate político regional, o que nada tem a ver,
depois, com o que as urnas nos mostram de forma clara. A verdade é que a
distorção da realidade ou a manipulação dos factos, por parte dos protagonistas
do debate político-partidário, não escondem a realidade estatística credível,
como é o caso. E os méritos que ela possa colocar em evidencia.
A um outro nível, o INE
confirmou que o poder de compra em Portugal (PIB per capita, expresso em
Paridades de Poder de Compra) voltou a afastar-se da média europeia em 2021 - e
pelo segundo ano consecutivo - havendo apenas dois países na Zona Euro em que o
poder de compra é menor.
Em 2021, o poder de compra na
Área Metropolitana de Lisboa era de 96% da média europeia, mas na Madeira já
era de apenas 69,5%. Mas há países em que essa disparidade é muito maior, por
exemplo na Irlanda, que chega a ter regiões com valores superiores a mais de
250% acima da média e outras com poder de compra abaixo da média europeia.
Um
estudo recentemente divulgado mostrou que 6 em cada 10 portugueses reconheceu
estar pior financeiramente do que em 2021. O estudo "European Consumer
Payment Report 2022", realizado junto de mais de 24 mil cidadãos de 24
países da Europa, revela que não só a
confiança dos consumidores europeus tem vindo a cair, em linha com a queda da
confiança na capacidade dos líderes para controlarem a escalada de preços. Em
Portugal acredita-se que a inflação vai prolongar-se por tempo indeterminado.
Sintomático (LFM, texto publicado no Tribuna da Madeira)
Sem comentários:
Enviar um comentário