terça-feira, janeiro 03, 2023

Desabafando: Costa comete erro político desvalorizar coordenação política do governo?



Suspeito que António Costa cometeu hoje um potencial erro político nesta espécie de remodelação governamental.

Ressalvando que ninguém pode garantir, com segurança, que Costa fez uma remodelação partidária, pensando apenas no seu núcleo duro, recusando deste modo qualquer recrutamento externo ao PS, na chamada sociedade civil, acho que António Costa pode ter cometido um potencial erro politico que se desdobra em dois itens, diferentes um do outro, mas que se complementam:

- o primeiro potencial erro tem a ver com uma arriscada desvalorização  de eventuais casos próximos - a ministra da Agricultura e o ministro dos Negócios Estrangeiros são exemplos comentados no espaço mediático - envolvendo governantes  que podem ser obrigados a abandonar os seus cargos, por razões diferentes, a que se junta um Ministro das Finanças fragilizado que não consegue convencer ninguém quanto ao seu alegado não envolvimento no caso da TAP e cujo futuro depende muito do que vier a ser apurado, incluindo pelo Ministério Público, e das responsabilidades que vierem a ser imputadas;

- o segundo potencial erro de Costa tem a ver com a sua incapacidade (ou recusa?), estranha e politicamente perigosa, de perceber que uma das fragilidades mais óbvias deste governo do PS tem a ver com a falta de uma coordenação política, forte e eficaz, que impeça que seja próprio primeiro-ministro a ser obrigado a ser um "bombeiro" de serviço e a se preocupar com assuntos de coordenação interna, de ligação permanente entre os ministérios e de presença mais eficaz no espaço mediático.

Continuo a pensar que depois da saída de Miguel Alves, ex-secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro - por razões conhecidas e complicadas, associadas à sua actividade enquanto política autarca em Caminha - a quem foi atribuída a responsabilidade pela coordenação política no governo, Costa recusa aceitar que há duas ministras - Mariana Vieira da Silva, Ministra da Presidência Ana Catarina Mendes, Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares que estão longe de terem correspondido ao que Costa pretendia e esperava e que politicamente não têm qualquer força. Para mim, mas opiniões pessoais são opiniões pessoais, que valem por isso o que valem, esse continua a ser, e continuará a ser, o cerne de tudo o que se passa no governo socialista e da sucessão de casos e instabilidade que já levou a mais de uma dezena de demissões em escassos meses. Se Costa não resolver este problema, a instabilidade vai continuar e começo então a admitir que o governo socialista poderá não cumprir a Legislatura, por culpa própria

Carlos Pereira

Finalmente, e ressalvando ser já conhecido o veredicto de Marcelo, de aceitação desta proposta de Costa que de remodelação pouco ou nada tem, já que o primeiro-ministro se limitou a uma solução interna, de continuidade - transformando um ministério de Pedro Nuno Santos em dois ministérios após o desdobramento dos sectores por ele tutelados - não me espanta nada que Carlos Pereira (que no GP do PS e no espaço mediático tem acompanhado o processo da TAP), com uma relação de amizade com Galamba, possa vir a ser um dos secretários de estado adjuntos do novo ministro, claramente conotado com a ala esquerda do PS que tem Pedro Nuno dos Santos como figura de referência. Aliás também a nova ministra da Habitação é próxima do ex-ministro Pedro Santos (LFM)

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