Suspeito que
António Costa cometeu hoje um potencial erro político nesta espécie de
remodelação governamental.
Ressalvando que
ninguém pode garantir, com segurança, que Costa fez uma remodelação partidária,
pensando apenas no seu núcleo duro, recusando deste modo qualquer recrutamento
externo ao PS, na chamada sociedade civil, acho que António Costa pode ter
cometido um potencial erro politico que se desdobra em dois itens, diferentes
um do outro, mas que se complementam:
- o primeiro potencial erro tem a ver com uma arriscada desvalorização de eventuais casos próximos - a ministra da Agricultura e o ministro dos Negócios Estrangeiros são exemplos comentados no espaço mediático - envolvendo governantes que podem ser obrigados a abandonar os seus cargos, por razões diferentes, a que se junta um Ministro das Finanças fragilizado que não consegue convencer ninguém quanto ao seu alegado não envolvimento no caso da TAP e cujo futuro depende muito do que vier a ser apurado, incluindo pelo Ministério Público, e das responsabilidades que vierem a ser imputadas;
- o segundo
potencial erro de Costa tem a ver com a sua incapacidade (ou recusa?), estranha
e politicamente perigosa, de perceber que uma das fragilidades mais óbvias
deste governo do PS tem a ver com a falta de uma coordenação política, forte e
eficaz, que impeça que seja próprio primeiro-ministro a ser obrigado a ser um
"bombeiro" de serviço e a se preocupar com assuntos de coordenação
interna, de ligação permanente entre os ministérios e de presença mais eficaz
no espaço mediático.
Continuo a pensar que depois da saída de Miguel Alves, ex-secretário de Estado adjunto do
primeiro-ministro -
por razões conhecidas e complicadas, associadas à sua actividade enquanto
política autarca em Caminha - a
quem foi atribuída a responsabilidade pela coordenação política no governo,
Costa recusa aceitar que há duas ministras - Mariana Vieira da Silva, Ministra
da Presidência Ana Catarina Mendes, Ministra Adjunta e dos Assuntos
Parlamentares que estão longe de terem correspondido ao que Costa pretendia e
esperava e que politicamente não têm qualquer força. Para mim, mas opiniões
pessoais são opiniões pessoais, que valem por isso o que valem, esse continua a
ser, e continuará a ser, o cerne de tudo o que se passa no governo socialista e
da sucessão de casos e instabilidade que já levou a mais de uma dezena de
demissões em escassos meses. Se Costa não resolver este problema, a
instabilidade vai continuar e começo então a admitir que o governo socialista
poderá não cumprir a Legislatura, por culpa própria
Carlos
Pereira
Finalmente,
e ressalvando ser já conhecido o veredicto de Marcelo, de aceitação desta
proposta de Costa que de remodelação pouco ou nada tem, já que o
primeiro-ministro se limitou a uma solução interna, de continuidade - transformando
um ministério de Pedro Nuno Santos em dois ministérios após o desdobramento dos
sectores por ele tutelados - não me espanta nada que Carlos Pereira (que no GP
do PS e no espaço mediático tem acompanhado o processo da TAP), com uma relação
de amizade com Galamba, possa vir a ser um dos secretários de estado adjuntos
do novo ministro, claramente conotado com a ala esquerda do PS que tem Pedro
Nuno dos Santos como figura de referência. Aliás também a nova ministra da
Habitação é próxima do ex-ministro Pedro Santos (LFM)
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