terça-feira, junho 07, 2022

Perto da Madeira: Navios trocaram petróleo russo perto da Zona Económica Exclusiva de Portugal

É a primeira vez que uma troca do género é efetuada, sendo que o navio continua em alto-mar, provavelmente à espera de novo carregamento. Com o encerramento de vários portos e o embargo da União Europeia ao petróleo vindo da Rússia, Vladimir Putin está a procurar estratégias para tentar encontrar forma de fazer chegar o combustível ao destino. Segundo a Bloomberg, vários navios que transportam crude vindo da Rússia estão a utilizar métodos pouco comuns para movimentar a carga para novos clientes. O mais recente exemplo, diz a agência de notícias, foi uma transferência de um navio para outro no meio do Oceano Atlântico, e que ocorreu perto da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa. O petroleiro Zhen I transferiu a sua carga para o supernavio Lauren II a 300 milhas náuticas da ilha da Madeira - a cerca de 100 milhas da ZEE portuguesa. A transferência ocorreu entre 26 e 27 de maio.

Apesar de este tipo de movimentações não ser incomum, o mesmo não se pode dizer da localização onde tudo aconteceu. A maioria destas transferências ocorre em águas abrigadas, onde o risco de derramamento de petróleo é reduzido drasticamente. Foi o aconteceu em transferências registadas na Dinamarca, a norte de Ceuta ou no mar do Norte, perto de Roterdão. Mas não desta vez, onde a troca foi realizada em mar alto.

O Zhen I já regressou ao mar Báltico, onde vai esperar um novo carregamento de petróleo em Primorsk, já em território russo, a meio de junho. Já o Lauren II, segundo a Bloomberg, movimenta-se no meio do Atlântico, possivelmente à espera de uma nova troca. O supernavio pode carregar até três vezes o volume de petróleo transportado pelo Zhen I, o que acaba por ser uma forma muito mais económica de transportar o crude a longas distâncias. Será isso que está a acontecer, com o Lauren II à espera de encher todo o armazenamento para depois se deslocar para os países onde o petróleo será vendido.

O petróleo russo é o grande alvo do sexto pacote de sanções da União Europeia à Rússia. Os 27 querem acabar com 90% das importações daquele combustível fóssil até ao fim do ano, mas existe alguma resistência de certos países, como a Hungria. Em sentido contrário, países como a China, a Índia ou o Paquistão estão a aumentar, ainda que lentamente, a quantidade de petróleo comprada à Rússia (CNN-Portugal, texto do jornalista António Guimarães)

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