quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Crosspress: as múltiplas audiências da imprensa

Os dados do estudo crosspress, da Marktest, mostram que oito em cada dez portugueses lêem uma, ou mais, das marcas auditadas no estudo. Segundo os últimos dados do estudo crosspress – o estudo crossmedia de imprensa da Marktest - 8 em cada 10 portugueses (15 e mais anos) lê uma, ou mais, das marcas auditadas no estudo 1 , no conjunto das plataformas disponíveis – papel e digital. Esta Cobertura crossmedia mantém-se estável relativamente ao período homólogo do ano anterior (77% em ambos os casos).
A Cobertura Máxima do formato papel é de 60%, ligeiramente superior à cobertura do digital (56%). Desta relação entre as duas plataformas, decorre que a percentagem dos que lêem exclusivamente em papel (20%) ligeiramente superior (4 p.p.) à dos que lêem apenas online (16%). A maioria dos leitores utiliza ambos as plataformas.
Figura 1 – Dados globais de Cobertura Máxima para o conjunto de 18 títulos estudados – Relatório crosspress de Novembro de 2019


A estabilidade da Cobertura Máxima Crossmedia de 2018 para 2019 não significa, no entanto, uma estabilidade cronológica na relação entre as plataformas papel e digital.
Nesta análise global do conjunto de marcas estudadas, o “papel” do papel é agora 8 p.p. menor (69% para 61% no ano anterior). Já a Cobertura Máxima digital seguiu no sentido inverso, tendo crescido 6 p.p. (50% para 56%). As coberturas exclusivas seguem a mesma tendência, com a contracção de 6 p.p. na percentagem de pessoas que lê exclusivamente em papel e a tendência inversa no grupo dos leitores exclusivamente digitais, que aumentou 9 p.p. (7% para 16%, nos dados mais recentes) ao longo dos doze meses.
Esta análise global não se repercute de forma homogénea para toda a população, sendo antes resultante de um mosaico de grandes variações de perfil quando analisados diferentes segmentos demográficos ou diferentes títulos. Analisando, por exemplo, os resultados por escalões etários, é notório que a exclusividade digital decresce com o aumento das idades: quase 30% no escalão 15-24 anos e o valor mínimo no grupo 65+, onde apenas 4% lê exclusivamente qualquer destes títulos em plataforma digital. Dois valores claramente afastados da média global de 16%.
Quotas por canal, por título
O gráfico seguinte (ordenado pela quota de Cobertura Máxima exclusiva de Digital) ilustra a variedade de diferenças entre as marcas estudadas, relativamente aos indicadores atrás analisados de forma global.
Figura 2 – Ranking de Quotas de Cobertura – Relatório crosspress de Novembro de 2019

Os dados comparativos de quotas de Cobertura Máxima por plataforma revelam que o Jornal de Negócios ocupa o pódio das marcas com maior peso de leitores exclusivamente digitais (64%), seguido da Vip (57% da sua cobertura). No extremo oposto, com as menores contribuições de exclusividade digital temos o Destak e o Dinheiro Vivo.
Entre estes dois extremos, temos relações diversificados nos pesos de cada plataforma. Entre eles, um conjunto de marcas que apresentam um relativo equilíbrio entre o peso das exclusividades papel e digital. Mas tal não implica necessariamente que todo esse grupo apresente pesos equivalentes na Cobertura duplicada. Tomemos os exemplos do Jornal de Notícias e da Máxima. Apesar de ambos apresentarem pesos quase simétricos entre a Cobertura Exclusiva digital e de papel, o primeiro apresenta uma elevada cobertura duplicada (de facto a maior das dezoito: 35%) enquanto apenas 4% dos leitores da Máxima a lêem em ambas as plataformas, apontando para que coexistam dois públicos altamente contrastantes na sua relação com este título.
Dispersão das coberturas das marcas por plataformas
O gráfico de dispersão seguinte, torna espacialmente mais claro os diferentes posicionamentos das marcas e também a mobilidade de cada título de 2018 para 2019: as marcas estão posicionadas segundo as sua Cobertura digital (eixo vertical) e de papel (eixo horizontal). Um eixo diagonal reúne os títulos mais equilibrados nas duas plataformas, e duas áreas limítrofes opostas reúnem as marcas tendencialmente títulos mais online (área superior esquerda) ou mais offline (área inferior direita).
Figura 3 – Gráfico de dispersão de Coberturas Papel/Digital/Crossmedia – Evolutivo Nov 2018/Nov 2019

As marcas Dinheiro Vivo, TV 7 dias ou Destak, destacam-se como títulos mais analógicos, enquanto o Público ou o Jornal de Negócios são alguns dos títulos que se afirmam com um maior peso comparativo no digital.
A mobilidade 2018 e 2019 é representada por vectores cuja orientação geral revela uma tendência genérica de aumento de peso da cobertura digital, com naturais nuances entre marcas. A aplicação deste mapeamento a diferentes segmentos da população forneceria importantes pistas sobre as respectivas diferenças de dinâmica online/offline.
Estes são alguns destaques do manancial de informação disponível nos relatórios de crosspress.
O estudo
O crosspress é o sucessor do Bareme Imprensa Crossmedia, e estuda as dinâmicas crossmedia de imprensa entre o papel e o digital. O novo estudo assegura a máxima comparabilidade com os dados dos estudos de referência de cada meio: Bareme Imprensa e do netAudience ao utilizar uma metodologia de fusão de dados desses dois estudos. Esta metodologia, permite conhecer os comportamentos interplataformas, dos leitores, revelando o mapa mais abrangente da geográfica conjunta destes dois territórios, que se têm vindo a interligar progressivamente. Os leitores escolhem cada vez mais caminhos diversificados de acesso à comunicação social e seguem a informação de diferentes formas: alguns lêem um dado título exclusivamente numa das plataformas, enquanto outros optam por um nomadismo que pode ser mais ou menos variado, não atendendo a fronteiras de plataforma. As estratégias cross-platform tanto podem conduzir à conquista de novos públicos, exclusivamente digitais, como reforçar o envolvimento dos leitores. A geografia da imprensa tornou-se mais vasta, rica e fluída e o estudo crosspress é uma fonte decisiva para compreender melhor esta nova realidade (O estudo crosspress analisa os títulos de imprensa com presença individualizada simultânea no Bareme Imprensa e netAudience: Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público, Dinheiro Vivo, Expresso, Record, Diário de Notícias, Nova Gente, O Jogo, Sábado, Jornal de Negócios, Vip, TV 7 Dias, Destak, Volta ao Mundo, Máxima, Men's Health, Women's Health - texto de Vítor Cabeça, Director Adjunto na Direcção de Estudos de Meios na Marktest, Fevereiro 2020)

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