terça-feira, fevereiro 11, 2020

Estudo: coligações? Ou falta de votos?


Nestes dois quadros mostro a comparação, em termos de total dos votos - porque para o método de Hondt são esses que interessam, não percentagens - entre PSD, CDS (separados) e PS, e abstenção, mostrando ainda a diferença entre o partido mais votado e a abstenção. Escolhi para este estudo analítico as regionais de 2007, 2011, 2015 e 2019, as autárquicas de 2005, 2009, 2013 e 2017 e as legislativas nacionais de 2009, 2011, 2015 e 2019. No quadro abaixo fiz as mesmas "contas" mas considerando PSD e CDS juntos e colocando a diferença entre o somatório dos dois partidos e o PS.


Consta-me que um dos itens do acordo PSD-CDS na Madeira envolverá também as eleições autárquicas de 2021 e com eventuais coligações entre os dois partidos - algo que, muito sinceramente, considero que seria muito mais desastroso para os social-democratas do que benéfico - até porque as projecções que a seguir publico mostram bem que mais do que andar a "namorar" o que o PSD-M precisa é de recuperar o eleitorado perdido sobretudo desde 2011. Acresce que os actuais resultados eleitorais do PSD e do CDS na Madeira, considerando a realidade eleitoral do PS regional, de pouco ou nada alterariam o puzzle autárquico regional. Contudo é sabido que as eleições autárquicas, em termos de resultados e comparando-os com os resultados das eleições regionais, apresentam sempre nuances que podem suscitar surpresas. Acresce ainda a possibilidade de concorrerem eleições de independentes que acabam por "roubar" votos aos partidos tradicionais e na Madeira já tivemos vários exemplos disso. No caso da Madeira não são, nunca foram significativas. Enganam-se os que pensam que basta falar na soma dos dois partidos para as autárquicas. Cada concelho, cada freguesia, é um concelho e uma freguesia.
Vamos a factos - evolução do total eleitoral do PSD-Madeira:

Regionais de 2007 (excepcionais pela conjuntura)
Abstenção: 91.781 eleitores, 39,5%
PSD: 90.339 votos, 64,2%
CDS: 7.512 votos, 5,4%

Regionais de 2011
Abstenção: 109.139, 42,5%
PSD: 71.556, 48,6%
CDS: 25.974, 17,6%

Regionais de 2015
Abstenção: 129.230, 50,3%
PSD: 56.569, 44,4%
CDS: 17.489, 13,7%

Regionais de 2019
Abstenção: 114.777 eleitores, 44,5%
PSD: 56.448 votos, 39,4%
CDS: 8.246 votos, 5,8%

Considerando, neste período os picos eleitorais dos social-democratas, podemos referir, especulativamente, que o PSD perdeu 33.891 eleitores (diferença entre o melhor e o pior) e cerca de 24,8% no total de votos na Região.

Autárquicas de 2005
Abstenção: 90.616 eleitores, 39,3%
PSD: 75.793 votos, 54,2%
CDS: 9.064 votos, 6,5%

Autárquicas de 2009 (excepcionais pela conjuntura)
Abstenção: 113.624, 45%
PSD: 72.188, 51,9%
CDS: 11.588, 8,3%

Autárquicas de 2013 (eleitoralmente desastrosas para o PSD)
Abstenção: 122.619, 47,5%
PSD: 47.207, 34,8%
CDS: 17.679, 13%

Autárquicas de 2017 (eleitoralmente igualmente desastrosas para o PSD)
Abstenção: 117.354 eleitores, 45,9%
PSD: 46.536 votos, 33,6%
CDS: 12.493 votos, 9%536

Do mesmo modo, e especulativamente, considerando este período eleitoral e os seus valores, podemos referir que o PSD perdeu, entre os melhores e piores picos, 25.652 eleitores e cerca de 20,6% do toital de votos autárquicos em eleições que sempre foram das mais difíceis dada a abstenção e a dispersão do voto por outros partidos, dada a influência local dos candidatos em detrimento, em muitos casos, da fidelidade partidária nas urnas.

Legislativas de 2009
Abstenção: 114.653 eleitores, 45,5%
PSD: 66.194 votos, 48,2%
CDS: 15.244 votos, 11,1%

Legislativas de 2011
Abstenção: 116.925, 45,7%
PSD: 68.649, 49,4%
CDS: 19.101, 13,7%

Legislativas de 2015
Abstenção: 130.717, 51,1%
PSD: 47.228, 37,8%
CDS: 7.536, 6%

Legislativas de 2019
Abstenção: 128.086 eleitores, 49,7%
PSD: 48.231 votos, 37,2%
CDS: 7.852 votos, 6,1%

Tal como fizemos com os anteriores actos eleitorais, e sempre especulativamente, constata-se que, considerando este período e os picos eleitorais, o PSD perdeu 21.421 eleitores e cerca de 12,2% da votação em eleições legislativas nacionais.
Publico abaixo vários quadros que elaborei e que pretendem constituir uma ajuda para uma melhor percepção do que está em cima da mesa. E o que está em, cima da mesa é que, admitindo que pontualmente um entendimento PSD-CDS possa constituir mais valia eleitoral devido à aplicação do método de Hondt, de uma maneira geral uma projecção de uma coligação entre ambos - tendo os resultados das regionais de 2019 como referência - não alteraria significativamente a configuração autárquica eleita em 2017 (LFM)



Nestes dois quadros mostro a aplicação do método de Hondt no apuramento da composição das Câmaras Municipais da Madeira depois das eleições autárquicas de 2013. Aproveito para fazer uma projecção especulativa nalguns concelhos - ficando de fora os que envolveram movimentos de cidadãos apoiados pelo CDS onde essa projecção é impossível de ser feita - usando o somatório PSD-CDS no apuramento dos mandatos. Verifica-se que praticamente ficaria tudo na mesma em termos de totais de mandatos.


Nestes dois quadros mostro a aplicação do método de Hondt no apuramento da composição das Câmaras Municipais da Madeira depois das eleições autárquicas de 2017. Aproveitei para fazer uma projecção especulativa nalguns concelhos - ficando de fora os que envolveram movimentos de cidadãos apoiados pelo CDS e PSD e concelhos onde sobretudo o CDS não concorreu, dado que essa projecção é impossível de ser feita - usando o somatório PSD-CDS no apuramento dos mandatos. Verifica-se que praticamente ficaria tudo na mesma em termos de totais de mandatos.





Estes quadros mostram, nas autárquicas de 2009, 2013 e 2017, a evolução do somatório dos votos do PSD, CDS e PS, do PSD+CDS e da JPP dado que lidera Santa Cruz. Quando digo que o problema do PSD e do CDS nalguns concelhos onde pretendem apostar e onde estarão disponíveis para coligações, de cuja eficácia duvido muito - temo que a generalização desse expediente seria eleitoralmente catastrófica, depois do que se tem passado desde 22 de Setembro até hoje - tem a ver com falta de votos e não falta de coligações, uma análise a esta evolução eleitoral dissipará dúvidas. Um exemplo no concelho onde desconfio que PSD e CDS estarão a ponderar algum "casamento": os dois partidos entre 2009 e 2017 perderam na capital mais de 12 mil votos (perderam quase 2.500 votos entre 2009 e 2013). Ou exemplo: Machico, onde o PSD e CDS estarão a pensar em "casamentos" de conveniência o problema volta a ser falta de votos. Entre 2009 e 2017 perderam, ambos os partidos, mais de 2.700 votos  (menos 1.800 votos entre 2009 e 2013 e menos cerca de 900 votos entre 2013 e 2017). Ou seja, não façam trampa nenhuma em cima dos joelhos... E acham mesmo que o PSD quer coligar-se ao CDS na Ponta do Sol, ou que o CDS quer uma coligação com o PSD em Santana? Acham , mesmo? Pensem nisso (LFM)

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