terça-feira, março 15, 2016

Opinião: Carlos Rodrigues, o PSD de Passos, deputados e a coragem de chamar o boi pelos nomes

O deputado do PSD, Carlos Rodrigues, que conheço há uns bons anos e que tenho a opinião de que é tão pragmático quanto eu nestas coisas da política pura-e-dura, colocou hoje o dedo na ferida, chamando o "boi pelos nomes", fazendo no fundo algo que poucos social-democratas têm hoje a coragem de fazer: denunciar a fragilidade dos deputados do PSD da Madeira no contexto do seu próprio grupo parlamentar.



Julgo que não há dúvidas quanto a isso. Uma coisa é a farsa da submissão doentia face a Passos  Coelho, como se dali viesse alguma coisa de útil para a Madeira e os madeirenses, outra coisa é separar o trigo do joio, evitando assim que o PSD da Madeira seja arrastado para a lama e penalizado por haver quem ache que andar num pantanal de trampa de braço-dado com este PSD nacional de Passos Coelho e demais corja que o rodeia e mantém o partido refém dos seus interesses, representa uma qualquer mais-valia.

Embora na sequência do que o deputado do Bloco de Esquerda, Paulino Ascensão já tinha afirmado há dias, registei com agrado que hoje no parlamento regional Carlos Rodrigues tivesse considerado "vergonhosa" a forma como os deputados do PSD regional são tratados na Assembleia da República, pelo seu próprio partido. Julgo que Carlos Rodrigues chegou a esta conclusão depois do que se passou com os procedimentos disciplinares contra os deputados regionais, e retirada dos cargos que os mesmos tinham no seio do seu GP, devido a uma votação da proposta de orçamento rectificativo (associada à resolução do BANIF), diferente do sentido de voto que Passos Coelho ordenara que fosse imposto aos deputados social-democratas. A isto junta-se o facto vergonhoso dos deputados do PSD de Passos Coelho na Comissão de Orçamento e Finanças da AR não terem sequer votado a favor de propostas de alteração na especialidade ao OE-2016 apresentadas pelos deputados do PSD regional e que beneficiam a Madeira que julgo ser governada por um governo social-democrata (ou não? Será que para o PSD direitista de Passos Coelho até isso deixou de ser um facto?!).
Carlos Rodrigues - que resolveu abrir o livro hoje, provavelmente porque começam a ser mais os que acham que as coisas neste PSD de Passos Coelho não podem continuar assim, assentes apenas num discurso de ressabiamento, de desejo de vingança política e de uma espécie de ódio rancoroso que nem sequer é disfarçado pelo discurso oficial de PPC - afirmou que "os deputados da Madeira e dos Açores têm peso político zero quando não contam para as maiorias".
Uma afirmação feita em resposta às "provocações" dos deputados da oposição que destacaram o facto de o PSD nacional ter rejeitado todas as propostas de alteração ao orçamento de Estado apresentadas pelos deputados sociais-democratas madeirenses.
Felicito Carlos Rodrigues embora mão me surpreenda porque, repito, conheço-o há muito tempo, bem como esta liberdade de pensamento e de discurso. Espero apenas é que o PSD da Madeira, depois do que se passou, em termos eleitorais, em 2015, não se cole demasiado, porque nem sequer a isso é obrigado, a este PSD direitista de Passos Coelho que até faz parte no quadro dos partidos europeus do mesmo PPE que integra o CDS, numa confusão ideológica que explica bem porque motivo andam o PSD e PPC desesperadamente a correr atrás da social-democracia que escorraçaram da Buenos Aires (sede do PSD) em 2011. Finalmente, espero que os deputados do PSD da Madeira na AR percebam isso e, por exemplo, passem a escolher as últimas filas das bancadas para estarem sentados, uma vez que foram afastados de funções parlamentares que lhes tinham sido atribuídas depois da "rebelião" que foi votar a favor de um orçamento rectificativo que pretendia resolver o caso do BANIF que o anterior governo empurrou com a barriga nada fazendo a tempo para que as contas públicas não fossem penalizadas antes das eleições e legislativas de 4 de Outubro. Para mim há pormenores que são, de facto, por-maiores. E nem um eventual desejo de protagonismo pessoal - que naquelas bandas nada nos trás de útil - justifica que determinadas decisões não tenham sido tomadas (LFM)

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