Cada vez me
convenço mais que as nossas forças policiais e militares - aliás o problema é
europeu - não tem havido a preocupação de formar equipas especiais de militares
e policiais, especializando-as no combate agressivo ao terrorismo. Mas de uma
forma inteligente, pragmática, eficaz, sem hesitações e sem contemplações. O
terrorismo, infelizmente, passou a ser uma realidade que faz parte plena do
nosso quotidiano. Os métodos das forças policias e militares continuam a ser os
mesmos do passado, como se o terrorismo não fosse uma realidade mortal e
ameaçadora generalizada, mas antes uma ténue e distante ameaça, possibilidade
que se acontecer, atingirá outros países mas nunca o nosso.
Os belgas pensavam
assim, durante anos. Os franceses com aquela proa de herdeiros da revolução
francesa, da liberdade, da fraternidade e da democracia, estavam convencidos
também que isso era problema dos outros. De repente tudo mudou e o terror
instalou-se no coração da Europa. Ontem em Bruxelas foi mais uma demonstração
disso mesmo. De que tudo mudou e que, das duas uma: ou nos sabemos defender
enquanto sociedade colectiva, ou ficaremos cada vez mais vulneráveis, expostos
à ameaça que ninguém consegue localizar, entretidos com a dialéctica mediática
sobre a liberdade versus terrorismo
Ouvir Holland
falar, patético como sempre, com discursos demagógicos e populistas, a pensar
mais na sua popularidade pessoal que no contexto em que nos encontramos, dá
vontade de rir. De rir com coisas tristes que nos fazem chorar. Por acaso acha
o ocidente que resolve os problemas enviando dezenas de aviões de combate para
despejarem toneladas de bombas sobre populações e países porque são alegados
aliados de movimentos terroristas? Lembram-se da palhaçada das armas de
destruição maciça no Iraque? Desapareceram? Ou nunca existiram - e na realidade
apenas serviram de pretexto para a merda que ali fizemos e pelas qual hoje pagamos? Ou quem sabe se alguém agarrou nesses
"misseis" e meteu-os pelo traseiro acima. O problema que ninguém respondeu por esta mentira nem
nenhum dos FDP que entraram nesta farsa foi chamado a prestar esclarecimentos.
E todos sabemos os nomes desses FDP.
E as empresas
ocidentais, algumas delas com negócios negros com os governos, que vendem amas
aos terroristas, empresas bem ocidentais, bem francesas, bem inglesas, bem
americanas, bem alemães ou italianas, até
algumas bem portuguesas, porque não são penalizadas? Porque não são
identificadas, porque não são denunciadas ou alvo de condenação pública se
necessário pela via da força e sem contemplações? Sim, por via da força. Quando
alguns FDP capitalistas enchem a pança vendendo armas a quem eles sabem que as
vão utilizar contra alvos e populações inocentes e indefesas, o que é que
nos impede de dar cabo dessa corja de FDP capitalistas?
Mas voltando às
forças militares e policiais o patético é tanto que chega a ser ridículo.
Veja-se este exemplo: depois do episódio rocambolesco da mala abandonada ontem
no aeroporto de Lisboa, que provocou a evacuação parcial da infraestrutura,
para além de uma operação idiota realizada para protagonismo mediático, foi
tomada uma decisão : em vez de 8 passaram a estar 16 os policiais armados a
passear e pavonear-se pelos corredores do aeroporto. É ver a cagança deles
armados quando passam por entre passageiros e visitantes do aeroporto!
A prevenção, meus
senhores, fez-se por via da planificação, identificando potenciais alvos,
tentando localizar eventuais ameaças, e fazendo o patrulhamento preventivo não
lá dentro, dos aeroportos e das estações de metro, mas controlando os acessos a
partir do exterior. Será que algum especialista me pode explicar como é que se
controlam terroristas ou ameaças terroristas potenciais depois dos mentores ou
protagonistas entrarem numa estrutura movimentada como um metropolitano ou um
aeroporto? Sem terroristas não há terrorismo nem actos de terrorismo.
Isto de afirmar,
depois de atentados que provocaram dezenas de mortos, que o combate ao
terrorismo esbarra com a defesa da liberdade individual nas sociedades é muito
lindo mas não passa de teoria. A defesa da sociedade contra estas novas ameaças
reais, tem custos e quando a ameaça é tão ameaçadora, sinistra e sem rosto como
é o caso, a sociedade no seu todo tem que ceder alguma coisa em nome dessa
segurança colectiva, sem que daí resultem males.
Tenho a sensação
que os governos europeus, mergulhados na trampa obsessiva do défice e de outras
merdas do género - tudo isso devia ser combatido com firmeza quando a nossa
segurança colectiva está em causa - estão a desvalorizar o que não deve ser
desvalorizado. Porque há um imenso trabalho de natureza social a ser realizado.
Como é que não
querem terrorismo islâmico se os ocidentais continuam a atacar países árabes a
que se junta o radicalismo existente nas sociedades europeias que marginalizam
emigrantes de origem árabe, colocando-os nas periferias dessas sociedades?
Apesar de serem cidadãos de origem árabe nascidos já nos países europeias de
acolhimento, não é normal que eles sintam revolta quando lhes é vedado o acesso
ao emprego, aos cuidados de saúde, à dignidade pessoal e colectiva, etc?
O que se passa na
Bélgica e em Paris com a criação de guettos em bairros sociais - e se falarmos em
Lisboa o problema não é o mesmo? - que marginalizam emigrantes, sobretudo as
segundas e terceiras gerações que são influenciadas e facilmente desviadas para
atitudes de protesto mais radicalizadas,
é ou não esta a causa do terrorismo que se transforma numa cruzada de
protesto anti-ocidental, onde se misturam sentimentos religiosos, éticos e
mesmo económicos com protestos sociais?
Quando vejo alguns
comentadores patetas que acham que esta realidade deve ser encarada com pinças
para não colocar princípios elementares das sociedades democráticas ocidentais,
o que dizer deste lugar comum que não passa de um chavão sem sentido? É muito
fácil dizer asneiradas dessas falando de um estúdio de televisão numa cidade
que não foi alvo de ataques terroristas. Basta que um dia Lisboa seja alvo de
um sangrento acto terrorista ao mesmo nível e dimensão que se passou em Paris,
Londres, Bruxelas, Madrid, etc, um palerma que venha arrotar o que esses
comentadores agora arrotam, arriscar-se a levar um arraial de porrada. Bruxelas
foi alvo de atentados escassos meses depois do que se passou em Paris e de
comprovadamente albergar os mentores e alguns autores dos ataques realizados em
França.
A reacção dos
políticos, monarcas incluídos, é o mais patético: chocados, consternados, lamentando, lamentando-se, quase chorando lágrimas de crocodilo depois do mal
feito. Mas o que fizeram eles de concreto enquanto podiam e deviam? Depois
admiram-se que Trump tenha todas as possibilidades de ganhar as eleições
presidenciais americanas. Pudera. Para que ele tenha a cereja em cima do bolo é
estes merdas destes terroristas rebentarem uma bomba qualquer naquele país (LFM)
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