quinta-feira, outubro 02, 2014

Degelo concentrou 35 mil morsas numa praia do Alasca

Li no Observador que "em setembro, no Ártico, registou-se a 6ª área coberta por gelo mais pequena desde 1979. É esta a razão, dizem os cientistas, para cerca de 35 mil morsas se terem reunido numa praia do Alasca. Ir ao fundo do mar cansa. Especialmente quando se tem de voltar à tona para caçar oxigénio. Mas é lá, no leito, que estão os moluscos ou os camarões para leão marinho comer. Após caçar e encher a barriga — de preferência, em águas pouco profundas e de temperatura bem fria –, esta espécie tem o hábito de descansar no topo de ilhas de gelo. Só há um problema: essas ilhas estão a encolher e a desaparecer. E isso nota-se no Alasca. É neste território norte-americano, perto de Point Lay, na costa do Mar de Chukchi, que esta semana foi fotografado um aglomerado com cerca de 35 mil morsas numa praia. Juntos e encavalitados uns sobre os outros. Porquê? Os biólogos e cientistas suspeitam que tudo se deve ao degelo — e à consequente redução das zonas disponíveis para os animais descansarem e procriarem. Apesar de não ser inédito, o fenómeno é estranho. Sobretudo por não ser normal um tão grande número de morsas aparecer naquela região (Oceano Ártico), nesta altura do ano. No meses de verão é usual que a espécie migre para norte, rumo ao Mar de Chukchi, onde, explicou a Vox, o gelo demora mais tempo a derreter e as águas, menos profundas, tornam mais fácil caçar por alimento.
Depois, quando chegam os meses de inverno, e já após a época de acasalamento, os morsas migram para sul, também devido ao habitual crescimento da área coberta por gelo. Eis o problema — de acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOOA), a agência meteorológica norte-americana, em setembro registou-se a sexta área coberta por gelo mais pequena, no Ártico, desde 1979. Ou seja, os morsas ficaram com menos locais para repousarem. De quem é a culpa? Do aquecimento global. Logo, e em parte, de todos nós. É por aqui, dizem os cientistas, que se explica a presença dos cerca de 35 mil animais numa praia do Alasca. Onde nem sequer há gelo. “Estes morsas, essencialmente, ficarem sem gelo longe da costa, e não tiveram outra hipótese: tiveram que vir para a costa”, defendeu Chadwick Jay, um ecologista do Serviço Geológico dos EUA, residente no Alasca e citado pelo The Guardian. Este, aliás, é o sexto dos últimos oito anos em que se deteta um grande aglomerado de morsas numa praia banhada pelo Oceano Ártico. Em 2010, à volta de 30 mil animais se concentraram também em Point Lay, e, o ano passado, chegaram a ser 10 mil. E qual é o perigo de estarem tantos animais juntos? No caso das crias, por exemplo, correm o risco de serem esmagadas por animais adultos caso surja um urso polar, ou até um humano, que assuste os morsas e os faça fugiram em debandada. E foi por este motivo que, esta quinta-feira, a Federal Aviation Authority, entidade que controla o espaço aéreo norte-americano, alterou a rota de vários voos, além de pedir aos pilotos que voassem acima dos 2 mil pés de altitude e a pelo menos uma milha (cerca de 1,6 quilómetros) de distância"