segunda-feira, outubro 06, 2014

Brasil: Aécio surpreende e põe em causa favoritismo de Dilma na segunda volta

Li no Público, num texto do jornalista MANUEL CARVALHO que "o candidato do PSDB passou à segunda volta das presidenciais, como se esperava, mas ficou a oito pontos percentuais de Dilma, o que ninguém fora capaz de prever. O resultado surpreendente de Aécio Neves é um perigo para Dilma. O seu estatuto de favorita para a votação final está em crise. Nos últimos dias da campanha eleitoral para a presidência do Brasil o cenário de uma surpresa com a recuperação de Aécio Neves e a derrota de Marina Silva foi ganhando dia a dia mais consistência, mas ninguém podia imaginar que o desfecho das eleições deste domingo alterasse de forma tão radical o quadro anunciado pelas sondagens e pelas previsões dos analistas. Aécio Neves, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ganhou a corrida a Marina Silva com tanta vantagem (Aécio obteve 33,55% contra 21,32% da sua opositora) e chegou-se tão perto da superfavorita Dilma Rousseff (que teve 41,59% dos votos) que a possibilidade de o PT perder a presidência do Brasil na segunda volta se tornou não apenas possível mas igualmente provável. Por muito que se especulasse sobre surpresas e reviravoltas quando a campanha entrou na sua velocidade de cruzeiro, ninguém seria capaz de ariscar que Aécio Neves, então com apenas 14% nas sondagens, pudesse chegar ao final do dia deste domingo na posição confortável em que se encontra. O candidato do PSDB sofreu uma severa derrota no Norte e no Nordeste e não foi capaz de ganhar a Dilma Rousseff no seu estado natal que dominou na última década, Minas Gerais. Mas a sua vitória em São Paulo, o estado mais poderoso e mais populoso do país, que representa 22% do eleitorado, é arrasadora. Aí, Aécio recolheu 44,2% dos votos contra 25,8% de Dilma e 25% de Marina. Para sublinhar a vitória retumbante do PSDB, o governador Geraldo Alkmin foi reeleito à primeira volta com 57% e José Serra ganhou a eleição para o senado com 58% dos votos. Nos comentários nos jornais e nas televisões, o desempenho de Aécio suscitava surpresa e perplexidade. Contra todas as previsões, o candidato do PSDB, que apesar de se afirmar social-democrata e de defender a manutenção das políticas sociais é considerado de direita pelo diapasão da política brasileira, foi capaz de se tornar no íman que atraiu o grosso da rejeição a Dilma e ao PT. A conquista deste estatuto fez-se em dois momentos. Quando Aécio resistiu ao colapso da sua candidatura com o surgimento de Marina e não desistiu da luta, e quando se tornou portador do discurso mais agressivo e eficaz contra a gestão da economia, contra a dimensão da corrupção na Petrobras e contra a apropriação do aparelho de estado pelo PT e pelos partidos que o apoiam. O debate na Globo, que teve um share de 48%, pode ter sido a prova final para muitos indecisos que o Aécio palavroso, errático e, por vezes, pouco assertivo seria capaz de se bater de igual por igual com Dilma Rousseff"