Li aqui que “a Câmara do Porto acusou o Governo de contradição quando fala em complementar austeridade "com crescimento económico e emprego", ao mesmo tempo que dificulta investimentos públicos com "efeitos multiplicadores" na economia e no investimento privado. O Governo contradiz "o seu próprio discurso político quando afirma que a austeridade tem de ser complementada com crescimento económico e criação de emprego", critica a câmara liderada pelo social-democrata Rui Rio, em comunicado enviado à Lusa. Em causa está o "efeito multiplicador direto" da ação da Porto Vivo -- Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) que o executivo de Pedro Passos Coelho "tem vindo a combater", alerta o município. Para a autarquia, o país "não se compadece com a criação de dificuldades a projetos desta natureza, sob pena de continuar a afundar-se económica e socialmente", acrescenta. Desde que foi criada, em 2004, a SRU conseguiu atrair 510 milhões de euros de investimento privado, revelou hoje à Lusa fonte oficial da Câmara do Porto.
“O pouco investimento público que o país consegue fazer tem, naturalmente, de ser muito bem selecionado em função do seu efeito multiplicador sobre a economia", destaca o gabinete de Promoção e Comunicação da Câmara portuense no comunicado. O Governo deve há dois anos 2,4 milhões de euros à SRU e prometeu pagá-los em março de 2012. "Se a Porto Vivo não tivesse investido [no quarteirão das Cardosas] seis milhões de euros, a economia tinha perdido pelo menos 90 milhões de euros de investimento privado com a consequente criação de emprego direto e indireto", refere a nota de imprensa. Esta foi a intervenção que "até hoje exigiu mais dinheiro público, mas que também mais investimento privado conseguiu induzir, apesar do quadro de depressão económica", sublinha a autarquia.
Alertando para a taxa de desemprego nacional a aproximar-se dos 18%, a Câmara aponta o investimento privado como "decisivo para o crescimento económico" e apresenta como exemplo de sucesso a reabilitação urbana da Baixa portuense, onde o "efeito multiplicador direto" é de "um para dez". As críticas surgem cinco dias depois da divulgação de uma outra nota de imprensa na qual a Câmara acusava o Governo de pretender que o acionista maioritário da Porto Vivo abandonasse a empresa. "O Governo não tem pagado o que deve à SRU e pretende que o próprio IHRU abandone a Porto Vivo", lamentava na sexta-feira a autarquia, relativamente a um projeto da SRU que considera prova da sua eficácia, o quarteirão das Cardosas”