Há uma questão que me faz uma "confusão". Julgo que este governo devia ser pressuionado a explicar ao povo o que é que a troica tem a ver com estes cortes da despesa pública de pelo menos 4 mil milhões de euros, relativamente aos quais parecem estar a fazer exigências e a impor opções? Onde é que consta do memorando de entendimento negociado e assinado pelos socialistas, mas que sempre contou com a conivência e cumplicidade do PSD e do CDS, qualquer referência a esses cortes no chamado estado social (educação, saúde, segurança e segurança social)? A ser assim - ressalvo que não li todas as versões do documento depois das alterações e atropelos impostos pela troica nas seis avaliações já realizadas, pelo que não sei se o memorando de entendimento original continua a corresponder à versão actual... - e se se trata de uma opção interna do governo de coligação (continuo a achar que esta matéria deve ser discutida) o que é que a troica tem a ver com o assunto para ser ela a fazer exigências?
Quem sabe se nas desesperadas negociações que o funcionário bancário do governo de coligação teve esta semana durante as reuniões europeias em Bruxelas (e já antes quando medidas de flexibilização foram aprovadas sobre o falhado défice de 2012) Portugal assumiu - e esconde dos cidadãos - um compromisso que agora pretende corporizar sob pena do ministro das finanças deixar de enfrentar uma troica "mansa"?!
Mas se passamos a ter uma nova versão do memorando de entendimento, que no essencial parece não ter muita coisa a ver com a versão original em muitos dos seus itens, afinal estamos ou não perante um embuste, político e eleitoral? Qual o documento que esteve "presente" nas eleições legislativas de Junho de 2011: a versão original negociada pelos socialistas e que ditou a derrota de Sócrates ou a versão constantemente (e assumidamente) alterada pelo governo de coligação? O que diz o Presidente da República a isto? (LFM)